Preso, autor de assassinato no Procon diz que vítima não queria dar notas fiscais

Foto: Marcos Maluf/O Estado Online
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Após se apresentar com a presença do seu advogado na manhã desta quinta-feira (16), o responsável pela morte de Caetano de Carvalho, 67, em uma sala de conciliação do Procon-MS no início da semana, José Roberto de Souza foi preso, prestou depoimento e foi encaminhado ao Presídio Militar de Campo Grande.

Segundo o advogado José Roberto da Rosa, durante o interrogatório, seu cliente narrou que quatro meses atrás, procurou a empresa que pertencia à vítima no intuito de consertar o motor de sua caminhonete SW4, sugerido por Caetano a substituição do equipamento por um novo, orçado em aproximadamente R$ 30 mil.

José pagou o valor. Porém, depois que o veículo foi entregue apresentou problemas e, ao longo dos meses, houve momentos de discussão entre ambos. “A vítima teria cobrado por cada ida de José até a empresa, mais R$ 3 mil no total para compensar outros serviços feitos em decorrência da substituição do motor que ainda estava na garantia”, diz o advogado.

Na última sexta-feira (10), na primeira tentativa de conciliação entre os dois, Caetano apresentou uma nota fiscal no valor de R$ 22 mil – R$ 11 mil a menos do valor que o autor alegar ter pago.

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Conforme o depoimento de José, Caetano disse durante a reunião que não tinha as outras notas fiscais. “A conciliadora inclusive o pediu para que alguém da empresa enviasse as outras notas fiscais. Então ele se comprometeu, na segunda-feira (13), levá-las ao Procon.”

Aos policiais, o autor narrou também que havia recebido xingamentos, sinais de desrespeito e inclusive Caetano teria feito comentários racistas e descriminatórios por conta dele ser policial reformado. Como, por exemplo, a pergunta de porque ele teria uma caminhonete SW4 se ele é negro.

Dia do crime

Na segunda reunião, foi apresentado pela vítima outra nota fiscal, dessa vez para que José pagasse mais R$ 630, relativo à troca de óleo feita na caminhonete forçada pelo problema que o motor novo havia apresentado, além da mesma nota de R$ 22 mil.

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“Ele precisava das notas por dois motivos, para regularizar o motor no Detran e também poder dar entrada em uma ação judicial contra a empresa de Caetano”, explica a defesa do autor. “Ali então, iniciou-se uma nova discussão com Caetano chegando a dizer que se José preferisse, ele parcelaria R$ 630 em 10x, debochadamente.”

“Com essa visão que temos nesse depoimento e com o ambiente psicológico que já era latente em José, no momento que a vítima se levantou se dirigindo a ele com um tom áspero de voz ele sacou a arma e desferiu três tiros na vítima, em seguida empreendeu fuga”, concluiu o advogado.

Arma do crime e problemas psicológicos

A defesa do autor confirmou a imprensa que a arma do crime, uma pistola Taurus cal. 380, era registrada e que José possuía porte funcional. Portanto, a arma não foi entregue para as autoridades.

Depois do crime, José passou por um momento de reflexão, se refugiou próximo à região da Lagoa Itatiaia e teria deixado a arma embaixo de um banco de concreto, com seu celular, antes de procurar abrigo dos familiares. Policiais foram até o local, mas não conseguiram localizar.

O Delegado Adjunto da 1°DP, Antônio Ribas Jr. adiantou que a polícia deve continuar em busca da arma de fogo e na coleta de outros depoimentos. “No interrogatório, o autor alegou sofrer problemas psicológico e tomar remédio controlado (Amitictramina, remédio relacionado a depressão, ansiedade) e que esse fato está relacionado a reação dele no final de tudo.”

Segundo o delegado responsável pelo caso, o crime foi registrado como homicídio qualificado por motivo fútil e recurso que impossibilitou defesa da vítima.  Acesse também: Carros de luxos avaliados em R$ 4,5 milhões são apreendidos em operação contra fraude tributária

Com informações do repórter João Gabriel Vilalba

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