PMA de Bonito-MS aciona perícia para investigar causas da morte de serpente Anajulia

PMA cita que o corpo
do animal já está em
avançado estado de
decomposição (Fotos: Reprodução /Cdimitrius)
PMA cita que o corpo do animal já está em avançado estado de decomposição (Fotos: Reprodução /Cdimitrius)

Nas redes sociais, notícia sobre suposta execução de sucuri revolta a comunidade de ambientalistas.

 

Quase seis mil usuários do Instagram receberam uma triste notícia, na noite de domingo (24): a sucuri mais famosa de Bonito, a Anajulia, foi encontrada morta no Rio Formoso, a tiros de arma de fogo. Foi o documentarista, apresentador e vencedor do Emmy Awards em 2013, Cristian Dimitrius, que mobilizou a comunidade de ambientalistas nas redes sociais em busca de justiça.

Para o Jornal O Estado, a equipe da PMA de Bonito (Polícia Militar Ambiental) informou que esteve no local na tarde de ontem (25) e que acionou a polícia científica para analisar as possíveis causas da morte. “Constatamos que o animal, que está na beira do rio, está em estado de putrefação (inchaço), dificultando visualizar se houve perfuração proveniente de projétil de arma de fogo”, assegura o profissionais. A PMA também afirmou ter contatado a Polícia Civil para enviar uma equipe de peritos até o local e verificar se há perfuração por arma de fogo.

Na publicação, ele conta que conheceu a serpente, a quase 7 metros, ao filmar um documentário para o canal britânico BBC (British Broadcasting Corporation). “De lá pra cá, encontrava essa fêmea todos os anos, chegamos até a entender um pouco o seu padrão de comportamento”, escreveu.

A última vez que Anajulia havia parado nos trends topics foi quando o biólogo holandês Freek Vonk nadou ao lado dela, usando uma camisa social, pois ficou impressionado com o tamanho do animal e não pode deixar de fazer o registro ao lado dela.

Com faixas escuras saindo da altura dos olhos até a lateral da cabeça, a serpente possui várias manchas que até aparentam ter os mesmos desenhos das nossas onças-pintadas. Infelizmente, o rio que era seu lar, foi o único a testemunhar tamanha barbárie para um ecossistema já tão sensibilizado.

“Infelizmante hoje recebi a notícia de que ela foi morta a tiros e seu corpo foi encontrado boiando no Rio Formoso. Que tristeza, que raiva!!! Quem teria feito um absurdo destes?? Sinto que perdi uma amiga, um membro da família e um ser especial na qual passei muitos momentos juntos. Só digo que isso não vai ficar assim, vamos investigar e ir atrás dessa pessoa”, exclama com revolta o documentarista.

Nomes como o fotógrafo de natureza Leonardo Merçon, o biólogo Richard Rasmussen e Daniel de Granville reagiram à publicação.

“Que absurdo isso. Só mesmo em uma região como Bonito, conhecida mundialmente por suas belezas naturais, está passando por essa leva de desmatamento e destruição da fauna, imagina só outras regiões que têm zero atenção. Que tristeza e revolta sem fim”, escreveu o coordenador do Instituto SOS Pantanal, Gustavo Figueirôa.

Para o médico veterinário e diretor do Zoológico de Brasília, Lucas Casatti, a principal motivação que leva a ocorrência de morte das sucuris é a mística que o réptil possui.
“Então, por ser sucuri, às vezes por desconhecimento e extrema ignorância, as pessoas acabam matando um animal tão precioso na natureza que faz o equilíbrio dentre outras espécies também”, afirma.

O veterinário ainda acrescenta que campanhas de conscientização podem resolver a questão, no entanto, é necessário realizar campanhas específicas voltadas aos répteis. “As campanhas de conscientização de forma geral, elas são publicadas no contexto geral da fauna sul-grossense ou da fauna dos animais. Há algumas organizações, algumas ONGs, que são ONGs que geralmente têm, por exemplo, ONG de lobo-guará, ONG de arara, são essas particulares, vamos dizer assim, que fazem a conscientização focada em determinada espécie. Então, por exemplo, no caso do Estado, é praticamente nula, principalmente por conta do Imaçu, a conscientização desse animal. Isso nos entristece, como pesquisador, como médico veterinário, um caso tão profundo como esse”, conclui.

Por Kamila Alcântara e Ana Cavalcante

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