Professor da Reme é indiciado e em depoimento nega prática de abusos contra crianças

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Foto: Reprodução/Chico Ribeiro

O professor de inglês da Reme (Rede Municipal de Ensino) acusado de praticar abusos contra 14 alunos, foi ouvido na DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente), e negou os crimes. Ele foi indiciado, e entre hoje e amanhã deverá passar por audiência. O caso aconteceu em uma escola municipal na Vila Carvalho, em Campo Grande.

A delegada responsável pelo caso, Anne Karine Trevisan, realizou coletiva de imprensa na manhã desta quarta-feira (11) e relatou que as investigações iniciaram em novembro do ano passado, quando a DEPCA recebeu a primeira denuncia. 

“A primeira denúncia que recebemos foi dia 16 de novembro, a partir de então várias outras crianças vieram a DEPCA para o registro de boletim de ocorrência. Ao todo nós temos 16 boletins registrados. Nos apuramos que foram 14 vitimas, todas do sexo masculino, são crianças entre 4 a 11 anos, da pré escola ao 5º ano”.

Segundo a delegada, todas as crianças foram ouvidas e, em depoimento, confirmaram os abusos, que ocorriam dentro da sala de aula, atrás da mesa do educador.

“No momento em que essas crianças iam levar suas atividades para ele corrigir, ele colocava as sentadas no colo dele, e passava a mão nelas, nos órgãos genitais.  Há episódios de que ele compartilhava o celular dele com elas, como forma de dissuadi-los. Também dava balas, doces e até presentes”, explica. 

O suspeito foi indiciado e prestou depoimento, que durou mais de 3h. Ele negou ter praticado o crime, mas confirmou que conhecia e lecionava para todas as vítimas. O professor ainda alega que tinha o hábito de beijar e abraçar as crianças, porém apenas como forma de demonstrar carinho. Professores, coordenadores e diretores da escola foram ouvidos e confirmaram que o homem demonstrava carinho com as crianças, mas não viram nenhuma situação que poderia ser considerada de abuso. 

“Ele já foi indiciado, na data de ontem. Ao ser interrogado, ele negou todos os fatos, disse que não abusava das crianças, mas confirmou que conhecia todas elas, que lecionava para essas crianças. Não temos dúvidas nenhumas de que ele realmente praticava esses abusos”. 

Para a delegada, não há dúvidas de que ele é o autor dos crimes. “Durante o depoimento, ele não demonstrou arrependimento, apresentou um certa frieza. Ele acreditava que não iria ser descoberto, que as crianças não iriam falar, pois de certa forma as crianças gostavam dele. Em depoimento, elas contaram que chamavam ele de “teacher”. Ele tem total ciência de que praticou o crime, mas não confessa”. Aparelho celular e notebook foram apreendidos.

A Semed (Secretaria Municipal de Educação) confirmou que o educador foi afastado assim que a Secretaria soube do ocorrido, e que segue acompanhando as vítimas e fornecendo apoio necessário. Ele lecionava na escola desde o início do ano passado e disse ser a primeira vez que dava aula para crianças. 

Delegada reforça alerta

A delegada, reforça que é extremamente necessário que as crianças sejam orientadas pelos pais e responsáveis. “Orientar as crianças sobre o que pode ou não, não é porque é familiar que pode tocar. A gente sabe que a maior parte dos abusos sexuais acontecem dentro das casas. Orientar desde os pequenos, explicar, ter uma relação aberta, para que as crianças não tenham medo”. De acordo com ela, muitas vezes as crianças são ameaçadas, e por isso as denúncias não ocorrem, o que acarreta um abalo emocional duradouro. 

Ela ainda aconselha que os pais e responsáveis não devem confiar em todos, e que precisam prestar atenção aos sinais que as crianças apresentam. “Se a criança não gosta de ficar perto de uma pessoa pode ser um sinal, se ela apresentar muita irritabilidade, rendimento escolar. Estar atento com as crianças e adolescentes”, finaliza. 

Serviço:

Estupro de vulnerável é quando o mesmo ato é praticado com um menor de 14 anos, com uma pessoa com deficiência que não tem discernimento para a prática sexual ou com uma pessoa que, por qualquer motivo, não possa ter reação ao ato, como ocorreu neste caso.

Disque 180

O Disque-Denúncia, criado pela Secretaria de Políticas para Mulheres (SPM), permite denunciar de forma anônima e gratuita, disponível 24 horas, em todo o país. Os casos recebidos pela central chegam ao Ministério Público.

Disque 100

Para casos de violações de direitos humanos, o disque 100 é um dos meios mais conhecidos. Aliás, as denúncias podem ser feitas de forma anônima para casos de violações de direitos humanos.

O canal envia o assunto aos órgãos competentes no município de origem da criança ou do adolescente.

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Com informações de João Gabriel Vilalba.

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