Prejuízo nas lavouras pode elevar preço de alimentos

Prejuízo nas lavouras
Foto: Valentin Manieri
Um dos motivos é que a perda do produto provoca falta no mercado

Os possíveis prejuízos nas plantações de Mato Grosso do Sul – decorrentes do frio intenso – podem trazer como consequência altas no preço dos alimentos para o consumidor.

Conforme explica o professor do Curso de Ciências Econômicas da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados), Enrique Duarte Romero, o preço tende a aumentar, em razão da perda do produto na lavoura, o que provoca a falta no mercado.

“Por comprar todas as hortaliças que consome, em ‘tempos normais’, Mato Grosso do Sul já paga mais caro por precisar pagar fretes que encarecem os preços dessas hortaliças. Em momentos de problemas climáticos, como é o caso atual, esses preços ficam ainda mais altos pela escassez dos produtos no mercado”, explica.

Segundo o responsável pela Diretoria de Abastecimento e Mercado, da Ceasa-MS (Centrais de Abastecimento de Mato Grosso do Sul), Fernando Begena, o que pode salvar essa falta de produto no mercado é que a maioria do que é consumido no Estado vem de fora.

“Hoje, 90% do que é consumido em Mato Grosso do Sul, vem de fora. Porque, se de repente, ocorre uma geada em Mato Grosso do Sul, o pessoal traz de São Paulo, recorrem a Minas Gerais, Paraná. Hoje, a Ceasa negocia com 18 estados, mais o Distrito Federal, e ainda produtos que vêm do exterior”, destaca.

Para a Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), a preocupação está no plantio do milho.

“Com as temperaturas em baixa no MS e possíveis manifestações de geadas em algumas regiões do Estado, a safra de milho pode ser comprometida com queda de produtividade. Esse fator contribui para a diminuição da quantidade de milho ofertada no mercado interno e consequentemente a tendência é de aumento de preços, podendo chegar ao consumidor final”, avaliou o analista de Economia do Sistema Famasul, Jean Américo.

Outros fatores

Além de fatores climáticos, a inflação também pesa no preço. Conforme informações do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), nos últimos 12 meses, o acumulado do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), em Campo Grande, foi de 12,85%.

O tomate teve o maior acúmulo em um ano, de 177,64%. Em seguida está o repolho (176,34%); legumes em geral (89,63%); batata (82,27%) e melancia (66,2%).

Ainda de acordo com o professor da UFGD, os preços dos combustíveis dispararam desde o início da guerra entre a Rússia e Ucrânia. O que elevou ainda mais os preços.

“Toda a cadeia de alimentos se encarece, o que dificulta o orçamento das famílias brasileiras e sul-mato-grossenses. A valorização do dólar perante a nossa moeda, o real, também influencia negativamente nos custos de produção”, conclui o economista Romero.

Impacto

Os produtores rurais de Mato Grosso do Sul, estão sendo ameaçados pela baixa temperatura, desde o início desta semana. Isso porque o frio intenso e as geadas podem culminar na queda da produção. Segundo o meteorologista Natálio Abrahão, ontem (19) as temperaturas registraram entre 2,6°C em Camapuã – com geada e sensação térmica de 0°C – e 10,2°C em Iguatemi. Campo Grande teve 6,1°C, com sensação térmica de 3°C.

O presidente da Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul), André Dobashi, informou que, diante deste cenário, a equipe já está avaliando e verificando o nível de impacto dos prejuízos.

Texto: Izabela Cavalcanti e Silvio Ferreira – Jornal O Estado MS

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