Com o agronegócio “na reta”, ministra planeja soluções econômicas para enfrentar crise ucraniana

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Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

A titular do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), Tereza Cristina, afirmou nesta sexta-feira (25) que a pasta federal já está a fazer um levantamento das mais variadas consequências que os conflitos entre Rússia e Ucrânia podem resultar para o agronegócio brasileiro. Em entrevista à Folha, a ministra disse ter um “plano A e B”.

“Também sofreremos impactos. Mas ainda não está claro o tamanho deles. É preciso tranquilidade e cautela. Temos muitas alternativas, que já estão sendo estudadas”, esclareceu ao jornal, sugerindo que um planejamento já se encontra em curso.

Em resumo, a guerra afetará principalmente a importação de fertilizantes para os agricultores brasileiros – como também pontou ontem (24) o titular da Semagro (Secretaria de Estado de Produção, Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico e Agricultura Familiar), Jaime Verruck.

Segundo a Folha, o Brasil compra 85% do volume aplicado nas lavouras diretamente da Europa, portanto, também desses dois países que atualmente se encontram em tensão política e bélica.

Já nas exportações, é provável que o mercado nacional perca uma receita “generosa” proveniente da venda de soja e outros grãos, além da carne, para clientes europeus – entre eles a própria Rússia e Ucrânia.

Entretanto, com as sanções aplicadas pelos Estados Unidos e pela União Europeia à Rússia nesta semana, o fluxo de exportações e da entrega de mercadorias importadas pelo Brasil podem ser comprometidos.

“Guerra” dos fertilizantes

Em novembro de 2021, Tereza Cristina viajou à Rússia no intuito de solucionar o problema da possível falta de insumos no agronegócio nacional. Na época, a ministra quis garantir o aumento do fornecimento de fertilizantes, que em Mato Grosso do Sul tem como grande espera a abertura da fábrica UFN3 (Unidade de Fertilizantes Nitrogenados) da Petrobras, no município de Três Lagoas.

Ainda em edificação, a UFN3 seguirá como importante polo de fertilizantes para MS. Foto: Ministério do Planejamento

O cloreto de potássio é um dos compostos mais usados por agricultores brasileiros nas culturas de soja e milho. Em solo regional, a fábrica poderia trazer um “respiro” à problemática dos fertilizantes, de modo que começasse a produzir. Por enquanto, a unidade ainda está em fase de construção, e recentemente foi comprado pelo grupo russo Acron.

Porém, com a guerra entre Rússia e Ucrânia, a falta de entrega dos insumos trará impacto direto no preço dos alimentos da safra deste ano. “O potássio é o maior dos problema. Mas podemos comprá-lo do Canadá, de Israel, do Chile, de Omã”, disse a titular do Mapa à Folha.

Na reportagem, ela fez questão de também citar Marrocos e o Irã – este último país que viajou recentemente. Para ela, o governo iraniano fez uma grande oferta de fertilizantes. Contudo, também sofrem sanções, dificultando a operação logística.

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