Protestos nas rodovias de MS divide opiniões e gera tensão

Foto: Grupo Manifesto
Foto: Grupo Manifesto

Desde a noite do último domingo (30), manifestantes pró-Bolsonaro têm ocupado e bloqueado o fluxo dos trechos das rodovias BR 163, BR 060 e BR 262 de Mato Grosso do Sul. A alegação dos manifestantes é de que há uma suposta fraude eleitoral.

Na manhã desta terça-feira (01), trechos das rodovias do Mato Grosso do Sul começaram a ser liberadas após decisão da Justiça Federal de Mato Grosso do Sul, que por meio de liminar, determina a liberação das rodovias federais interditadas por manifestantes pró-Bolsonaro.

Em nota, a PRF (Polícia Rodoviária Federal) apontou que a Justiça Federal de Mato Grosso do Sul determinou a liberação das rodovias federais, sob pena de multa. O texto também assegura o direito de manifestação às margens da rodovia, desde que não cause prejuízo à segurança viária e ao direito de circulação dos demais usuários da rodovia.

Caso haja um descumprimento da decisão, será aplicada multa diária no valor de R$ 10.000,00 por pessoa física participante e de R$ 100.000,00 por pessoa jurídica que lidere ou preste apoio ao movimento.

Essa decisão está em sintonia com a decisão do ministro Alexandre de Moraes, que na noite de segunda-feira (31) determinou a liberação de rodovias federais bloqueadas após o resultado das eleições, que foi divulgado no último domingo (30).

Divisão de opiniões

A principal alegação dos manifestantes é de que houve uma suposta fraude, no resultado do segundo turno, que elegeu Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o cargo de próximo presidente do Brasil. “Todos somos trabalhadores, mas estamos revoltados. Votamos e estamos descontentes com esse resultado. Primeiro que não era pra ele [Lula] estar concorrendo. Estamos aqui em busca do que for melhor para nós. Se não vamos virar uma Venezuela”, comenta um manifestante que não quis ser identificado.

Os manifestantes não quiseram se identificar em entrevista ao O Estado, mas comentaram que o movimento não irá parar, mesmo com a decisão da Justiça Federal. “O movimento ainda não parou. Liberou aqui, mas vamos parar lá na frente. A gente está indignado com o resultado das eleições. Não tem como aceitar um presidente que foi condenado, não tem cabimento”.

Apesar de terem apoiado a reeleição de Jair Bolsonaro (PP), alguns eleitores não aprovaram o bloqueio de rodovias como forma de protesto. Um deles é o motorista Cícero Flávio da Silva, 52 anos, que trabalha na área de transporte. “Eu não curti essas paralisações, não dessa forma. Esse protesto não deveria ser feito agora, só a partir do dia 1 de janeiro. Isso fica ruim pro Bolsonaro, porque ele não tem como resolver”, comenta.

O motorista também reitera que a decisão eleitoral deve ser respeitada. “Os bolsonaristas tão inflamados. Quem apoia ele, teve a oportunidade de votar no primeiro turno. Os dois candidatos ficaram apertados, nas duas votações. Agora querem falar que houve fraude. Não houve, todo mundo pôde votou. Acho que foi uma eleição bem disuputada e é isso. Acho que eles [manifestantes] estão errados nessa parte”, complementa.

Ele também comentou que os bloqueios têm atrapalhado o trabalho, devido a impossibilidade de transitar pelas rodovias. “Eu tenho que trabalhar, mas tenho que ficar parado por causa disso aqui. Isso é muito ruim, porque eu estou levando maquinário que é usado no trabalho”.

Clima de tensão

Com a decisão judicial que determina a liberação de rodovias federais bloqueadas, a PRF recebeu aval para obstruir as vias.

Na decisão, Moraes ordenou à PRF e às polícias militares que “tomem todas as medidas necessárias e suficientes” para a “imediata desobstrução de todas as vias públicas que, ilicitamente, estejam com seu trânsito interrompido”. Ele atendeu a pedido da Confederação Nacional do Transporte (CNT), que alegou inclusive risco de desabastecimento em algumas cadeias industriais.

No MS, houve 30 pontos de bloqueio em rodovias federais e estaduais,  com caminhões parados, troncos de árvore e barricada de pneus. Os bloqueios começaram a ser dispersados pela PRF,  após decisão judicial expedida na segunda-feira (31).

Para um manifestante, que não quis ter o nome identificado, a PRF agiu com força desigual. “A gente entende a PRF, mas nenhum homem que estava bloqueando a rodovia teria levantado o dedo para empurrar um cara. Eles [a PRF] vem como uma força desproporcional contra a gente, mas eu entendo que o trabalho dele. Eles recebem ordem”, conta.

De acordo com inspetor da PRF, Tércio Baggio, os manifestantes foram informados antes da retirada. “Nós passamos a madrugada informando sobre a decisão judicial que pede a liberação das rodovias, como sempre fazemos, independente de lado político. Fizemos isso com o MST, com indígenas e agora com os caminhoneiros.A diferença é que com os caminhoneiros temos uma ferramenta a mais, que é placa do veículo, que fica vinculado ao CPF da pessoa. Essa multa faz uma pressão maior”, explica.

Com informações do repórter João Gabriel Vilalba

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