Mudanças climáticas, disparam preço do alho e quilo chega a quase R$ 5

(Foto: Marcos Maluf)
(Foto: Marcos Maluf)

                 No último trimestre aumentou 35%, afirma gerente de supermercado

O período de chuva alternando com as altas temperaturas impactam no preço de um dos produtos mais usados na culinária dos campo-grandenses – o alho. O quilo do produto em alguns supermercados da Capital já é repassado para o consumidor por quase R$ 50.

A reportagem do jornal rodou por quatro estabelecimentos e o valor mais em conta encontrado foi de 29,90/ quilo. Já em outro ponto o quilo é cobrado no valor de R$ 40,75.

Antes que esse aumento chegue ao consumidor final, o setor do varejo que compram o produto do campo, sentiram o impacto primeiro. Conforme explicou um gerente de um supermercado localizado no bairro Jóquei Club. “Para nós o aumento já alcançou 35%, no último trimestre, somente neste mês o aumento foi de 10%. E infelizmente esse reajuste é repassado para o cliente, que tem reclamado bastante”, frisa o lojista.
Para o consumidor Jorge de Oliveira, o uso do alho é usado obrigatoriamente nas refeições preparadas para sua família.

Mas o preço atual do produto é uma preocupação. “costumo comprar um quilo por mês, como usamos todos dias, na última compra precisei 1,200 de alho. Lembro que estava uns R$ 23 o quilo, hoje o preço está um absurdo, vale a pena fazer uma pesquisa de preço para tentar achar um valor mais em conta”, ressalta o consumidor.

Outro consumidor que sentiu no bolso os reflexos desse aumento foi o trabalhador Carlos Gauto, ele recordou que há algum tempo o quilo era vendido à R$ 18,90, e na última compra se assustou com o preço do alimento de R$ 40. O resultado é um aumento de mais de 115% no gasto com o item.

“Última vez que fui no mercado já estava esse preço de R$ 40 o quilo, desse jeito a opção é dar uma reduzida no consumo. Lembro que quando pagava R$ 18,90 no quilo, hoje em dia não encontra mais esse valor nos supermercados”, lamenta o consumidor.

Produção de alho em MS

Amados por uns e odiados por outros, o alho é um tipo de condimento muito utilizado em lares e restaurantes brasileiros que optam pelos sabores naturais aos temperos prontos que nem sempre são recomendáveis para a nossa saúde, devido à alta concentração de sódio.

E os benefícios desse vegetal não se restringem apenas ao consumo. Antes mesmo de ir à panela ou chegar ao nosso organismo, o alho prova que tem vantagens também no cultivo. Isso porque na agricultura familiar ele tem demonstrado viável para o cultivo.

“Não ocupa muita terra e tem rentabilidade de preço. Não é tão trabalhoso, é um produto que todo mundo usa e caso o preço de mercado não estiver bom é possível armazenar por até seis meses, bem diferente do que acontece com as hortaliças”, afirmou o produtor Aparecido de Souza que se enveredou nessa cultura há pouco tempo no assentamento Santa Olga, no município de Nova Andradina.

Efeitos do clima, justifica aumento

Especialista do agro, apontam que os problemas climáticos afetaram severamente parte das lavouras, em específico a produção de alho. O excesso de chuva no período de desenvolvimento das plantas gerou inundações, perda de nutrientes do solo e baixa incidência de luz solar que afetaram a qualidade dos bulbos.
Com o excesso de umidade, o produtor tem que entrar com vários tratamentos, que resultam no preço do alho repassado para o consumidor.

Os efeitos climáticos causaram reflexos negativos não somente ao alho, mas na comercialização dos alimentos em geral, de acordo os últimos dados do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O grupo de Alimentação e bebidas foi o que registrou o maior impacto e a maior variação (0,53%), mas também em movimento de menor alta, abaixo da que havia sido registrada em fevereiro. “Problemas relacionados às questões climáticas fizeram os preços dos alimentos, em geral, aumentaram nos últimos meses. Em março, os preços seguem subindo, mas com menos intensidade”, aponta o gerente da pesquisa do IPCA, André Almeida.

A alimentação em casa desacelerou de 1,12% em fevereiro para 0,59% em março. Destacam-se as altas da cebola (14,34%), do tomate (9,85%), do ovo de galinha (4,59%), das frutas (3,75%) e do leite longa vida (2,63%).

 

Por Suzi Jarde

 

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