Mães se viram com os filhos sem aulas e alertam para ensino prejudicado

Foto: Marcos Maluf
Foto: Marcos Maluf

Com informações dos repórteres Mariely Barros e Marcos Maluf

Pais e mães de alunos da Reme (Rede Municipal de Ensino) se viraram para darem conta da vida profissional e familiar nesta terça-feira (29), por conta da paralisação das aulas nas escolas municipais resultado do protesto dos professores que reivindicam melhores salários para a categoria.

Marileusa Barros Rodrigues, 39, mãe da Maria Julia Sales, aluna da E.M. Professora Gonçalina Faustina de Oliveira, conta que seu dia foi um caos. “Hoje eu não consegui deixar ela com ninguém, pois minha mãe tinha um exame para fazer. Também tem uma menina que cuida dela, mas que não poderia cuidá-la nesta tarde.”

“No entanto, tive que trazer ela para o meu trabalho, tive que acordar bem mais cedo para preparar nossa comida. Além disso, pedi emprestado R$ 50 para por gasolina no carro da minha mãe e trazer ela para o meu serviço, pois eu tenho moto mas não posso carregar ela devido ela ser menor de 10 anos de idade”, conta a mãe da Maria Julia.

Foto: Arquivo Pessoal

“Em parte, eu concordo com a paralisação, pois todo mundo merece um melhor salário. Se for necessário parar as aulas para poder reivindicar o direito eu concordo, mas a Prefeitura não poderia autorizar a paralização, deveria chamar os professores e fechar um acordo imediatamente”, avalia Marileusa.

A especialista em cuidar de crianças Roseli Fernandes, 40, recebeu hoje cedo uma ligação desesperada dos pais de uma menina que sempre busca na escola no fim da tarde, pedindo para que ela ficasse com a bebê já de manhã.

Foto: O Estado Online/Marcos Maluf

A empresária Annelise Quadros, 43, contou para a reportadem como foi o dia hoje sem aula com o filho estuda na 5° série, da Padre José Valentim, no Jockey Clube. “Recebemos um recado no grupo dos pais falando da paralisação, para minha sorte hoje eu trabalho como autônoma, tenho meu restaurante e vendo marmitas.”

“Hoje ele ficou comigo e com meu pai, foi tranquilo. A questão é que as crianças ficaram fora de sala de aula durante toda a pandemia né, três anos, então fico preocupada com o aprendizado dele que já tá prejudicado”, diz Annelise.

Segundo a mãe, com certeza as mães solteiras são as mais impactadas e sofrem mais. Em agosto, ela trabalhava fora e não tinha com quem deixar o filho. “Tinha que pagar alguém para cuidar dele e isso já pesava no orçamento. Mas tem gente que não pode faltar serviço e não tem com quem deixar.”

Foto: Marcos Maluf/ O Estado Online

Na avaliação de outra mãe, Gisele Lopes, 40, a paralisação atrapalha um pouco a vida dos pais e o dia a dia das crianças. “Eles sentem falta, mas por outro lado eu sei que eles [professores] têm o direito do aumento salarial. Um consenso já deveria ter sido estabelecido. Se não tiver data para voltar “lascou”, porque no meu caso eu não trabalho no momento, mas se estivesse trabalhando complicaria.”

Paralisação 

Sem condições de pagar em dezembro a parcela de reajuste salarial de 10,39% aos professores da Reme (Rede Municipal de Ensino), a Prefeitura de Campo Grande ofereceu nesta terça-feira (29), o reajuste de apenas 4,78% e auxílio alimentação de R$ 400, como indenização, aos mais de 8 mil profissionais de educação.

Por conta da espera da posição da Prefeitura, os professores da rede municipal decidiram paralisar as atividades para decidir os próximos passos da classe. Acesse também: Servidor receberá salário de dezembro antes do natal

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