Viva o Choro! Dia Nacional celebrado hoje faz homenagem a Pixinguinha

Foto: Larissa pulchério
Foto: Larissa pulchério

Nesta terça-feira (23), é celebrado o Dia Nacional do Choro, gênero musical nascido originalmente no Brasil. A data faz referência a data de nascimento do músico Pixinguinha, uma das figuras mais importantes da Música Popular Brasileira, e mais representativa do choro.

O cantor e percussionista sul-mato-grossense Átilla Gomes, é um dos expoentes do Choro na Capital. Iniciou suas atividades musicais nos anos 1980, em festivais universitários, canto, coral e eventos regionais. Nos anos de 1990, passou a integrar o Regional de Choro Agemaduomi, onde gravam os CDs “Proezas de Solon” e “Agemaduomi 10 anos de Choro”.

“Além do trabalho solo cantando MPB, bossas e sambas, integro atualmente o Quarteto Samba Choro, que também desenvolve o trabalho de difusão do choro e samba. Esse grupo tem dois remanescentes do Regional de Choro Agemaduomi, que atuou profissionalmente até início dos anos 2000. Eu, Áttila Gomes e Adriano Praça fomos integrantes desse grupo”, disse Átilla para o jornal O Estado.

Embora o choro seja mais tradicionalmente associado a cidades como Rio de Janeiro e São Paulo, em Campo Grande ele encontrou espaço para florescer e se desenvolver. Músicos e grupos locais têm contribuído para a preservação e divulgação desse gênero, apresentando-o em eventos culturais, festivais e em espaços dedicados à música ao vivo na cidade.

“É um gênero em ascensão em Campo Grande. Temos alguns grupos formados ou em formação, como o VirgiSanta, regido por Maria Claudia e Marcos Mendes, e Bibi do Cavaco e o Som que Chora, por exemplo. O VirgiSanta se apresenta no Escritório Bar, aos domingos, a partir das 19h e o Bibi do Cavaco e Som que Chora, no Bar Ô de Casa, geralmente aos domingos também”, cita o cantor e percussionista.

“Nas cidades do interior do estado, podemos incluir Corumbá, que é indiscutivelmente um celeiro de grandes chorões e sambistas. Basta ver a grandiosidade do Carnaval que temos a oportunidade de apreciar todos os anos”, complementa.

Outro grupo da cena do Choro em Campo Grande é o Virgisanta. Ainda um “recém-nascido” no gênero, o grupo possui cinco integrantes, Maria Claudia, Marcos Mendes, Laís Fujiyama, Higor Rinaldi e Cambará. O quinteto reside na missão de resgatar as letras dos choros, muitas vezes desconhecidas e esquecidas pelo público.

“Fizemos um grupo diferente em termos nacionais. Geralmente, os grupos de Choro são mais instrumentais, é um ou outro que tem músicas cantadas. Porém, nós fizemos toda uma pesquisa, porque a maioria dos choros tem letras, que foram inseridas muitos anos depois, até mesmo mais de 100 anos, por poetas brasileiros como Vinícius de Moraes, por exemplo, mas não são tão conhecidos, porque o Choro era mais instrumental. Isso foram parcerias feitas ao longo dos anos, e são interessantes essas histórias e na realidade, é um trabalho que não é conhecido do grande público. Todos os nossos shows fazemos a mistura do instrumental, mas tem a apresentação da letra daquele Choro, e trabalhamos com dados, mostrando a data das composições, a nossa apresentação é didática, voltada para que as pessoas conheçam mais o Choro, sua história”, disse Marcos em entrevista ao Jornal O Estado.

O grupo apresenta o espetáculo “Choro Encantado”, onde os espectadores podem apreciar clássicos do Choro como “Carinhoso”, “Lamento”, “Tico-Tico no Fubá”, “Corta Jaca”, “Noites Cariocas” e outras obras. “Nós criamos o ‘Domingo do Choro’, lá no Escritório Bar Cultural e nas quintas desse mês de abril, nos apresentamos no Bar Jardim Secreto”, informou Marcos.

Para Marcos, o gênero sempre esteve presente em Campo Grande, mas de forma modesta, já que não faz parte do grande público. “Já teve aqui na Capital a tradição do Choro, na Vila Alba, com Adriano Praça, onde já havia o hábito das pessoas irem assistir. Mas ainda não é algo forte, porque não tem tantos grupos”, lamenta.

Características

Os conjuntos que o executam são chamados de regionais e os músicos, compositores ou instrumentistas, são chamados de chorões. Apesar do nome, o gênero tem, em geral, um ritmo agitado e alegre, caracterizado pelo virtuosismo e improviso dos participantes. “O aspecto melancólico e sentimental nas interpretações instrumentais, por exemplo, acabou caracterizando o gênero Choro. O Rondó também caracteriza o gênero, considerando a parte principal da música e as partes que fazem contraste dessa mesma música. Na construção musical, o Choro tem o mesmo formato do jazz norte-americano, justamente por conta dos improvisos instrumentais que acontecem durante a execução das músicas”, explicou Átilla.

Para o artista, a celebração do Dia Nacional do Choro é importante para que o gênero, conhecido como a primeira música urbana desenvolvida no Brasil: “seja sempre lembrado e aclamado por todos os brasileiros”.

“É de suma importância, já que é um ritmo puramente brasileiro, como a nossa própria bossa nova, ritmos considerados internacionalmente como sofisticado. O Choro é conhecido como o Jazz Brasileiro. Foi criado por escravos, na periferia, é uma preciosidade, um tesouro nacional cultural, é não deixar morrer a nossa cultura e nosso passado”, complementa Marcos.

Patrimônio

O choro foi oficialmente tombado como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil em 29 de fevereiro 2024, pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Cultural) um marco significativo na história do ritmo. A decisão foi fundamentada na importância histórica, artística e social do choro, reconhecendo sua contribuição para a identidade cultural do Brasil.

Dia do Choro

O gênero surgiu em meados do século XIX, no Rio de Janeiro, e hoje é essencialmente um estilo instrumental. Com a chegada da Família Real portuguesa ao Brasil, em 1808, o Rio de Janeiro passou por uma reforma urbana e cultural, e com a chegada da corte, vieram instrumentos de origem europeia como piano, clarinete, violão, bandolim e cavaquinho, além de danças como quadrilha, mazurca, modinha, xote e polca, que se transformaram na moda dos bailes brasileiros. Recebeu influências sonoras europeias, africanas e indígenas.

Já o nome ‘Choro’, se deriva do modo choroso de se tocar as músicas, que os ouvintes passaram a chamar de música de fazer chorar. Ele também se deriva de ‘xolo’, um tipo de baile que reunia os escravos das fazendas.

Joaquim Callado, Anacleto de Medeiros, Chiquinha Gonzaga e Ernesto Nazareth podem ser considerados os pioneiros no gênero, com suas composições originais. Chiquinha Gonzaga é, inclusive, o maior nome feminino do choro, sendo conhecida por suas composições, e pela coragem de ser uma artista em um período patriarcal e imperial, profissionalizando a mulher como musicista, algo inédito na sociedade da época.

Já Alfredo da Rocha Vianna Filho, ou Pixinguinha, nasceu em 23 de abril de 1897, no Rio de Janeiro. Foi Maestro, flautista, saxofonista, compositor e arranjador, e é reconhecido como um dos maiores compositores brasileiros de todos os tempos.

Por Carolina Rampi 

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