O lado humano dos Papais-Noéis

Dois profissionais que encaram a responsabilidade de manter viva a magia do bom velhinho compartilham sobre a profissão, o carinho e os pedidos das crianças.|Foto: Arquivo Pessoal
Dois profissionais que encaram a responsabilidade de manter viva a magia do bom velhinho compartilham sobre a profissão, o carinho e os pedidos das crianças.|Foto: Arquivo Pessoal

Chega dezembro e, com ele, casas adornadas com luzes piscantes, enfeites coloridos e árvores com estrelas no topo já se fazem presentes pelos endereços da Capital. Contudo, esses são apenas alguns dos adereços que compõem o cenário natalino, pois o grande protagonista do fim de ano, ao menos para as crianças, é mesmo o bom velhinho. Apesar de trabalhar apenas uma vez ao ano e contar com uma quantidade considerável de duendes e renas voadoras ao seu dispor, nesta matéria, vamos narrar o outro lado do Papai Noel. Longe da fantasia natalina, a equipe do jornal O Estado conversou com dois profissionais que encaram a responsabilidade de manter viva a magia do Natal para as crianças.

Seja em shoppings, mercados ou bairros, a fila para fazer um pedido ao bom velhinho é longa. De diversas idades, crianças vão entusiasmadas garantir com o Papai Noel o seu presente para o dia 24. Porém, apesar de todo o encanto que o momento fornece, ser o protagonista do Natal pode demandar alguns desafios. Além da jornada de trabalho, que pode chegar até 8 ou 10 horas, uma carga um tanto extenuante para senhores de idade, Campo Grande oferece um elemento extra: o clima tropical, acaloradíssimo nos últimos dias de 2023.

Papai Noel há 30 anos

Há mais de 30 anos trabalhando como Papai Noel, o advogado Fernando Desfapari, 62, residente em Campo Grande há mais de três décadas, começou a desempenhar a função de “Santa Claus” ainda no Colégio Oswaldo Cruz. Foi a partir de um pedido despretensioso da diretora que Fernando, ainda com barba postiça, começou a ser Papai Noel. Desde então, já atuou em eventos na Feira Central, em eventos para a Coca-Cola, e o profissional garante que a magia natalina continua forte, tanto para crianças como para os adultos. Além disso, compartilha sobre os pedidos inusitados que os pequenos fazem.

“A crença na magia do Natal segue forte, sim. Até os adultos procuram tirar fotos, conversam e abraçam, comentam que adoram o Papai Noel. Eu não vejo diminuir. Mas é assim, a magia existe e nunca acaba, não. E é tudo muito gostoso, muito gratificante. E eles pedem de tudo, pedem iPhone, pedem boneca, carinho para a família; inclusive, até já me pediram uma abóbora. Apesar de ser advogado e continuar em atividade, eu gosto de ser o Papai Noel. Para ter uma noção, este ano mesmo, comentei com a minha esposa que estava pensando em parar, fazer deste o último ano, mas é difícil. As crianças chegam, dizem que te amam, te abraçam, falam que você é o melhor do mundo. Então, como vou deixar essas crianças sem essa alegria? Mesmo sabendo que já são 30 anos que a minha família não se reúne para o Natal porque passamos trabalhando, acho difícil parar. E para mim, penso que não há nada que precise ser melhorado nesse setor, basta nós fazermos tudo com muito carinho e dedicação”, afirma Fernando.

Aura quase divina do bom velhinho

Para além do trabalho social, há, na figura de “Santa Claus”, um dever quase espiritual. Além dos relatos de Fernando, que evidenciam tal responsabilidade, outro profissional que se dedica há mais de 4 anos para exercer o papel do bom velhinho é José Roberto Lopes Frank, 72. Direto do Rio Grande do Sul para Campo Grande, José, ao pontuar os motivos que o mantêm na profissão, deixa claro que o poder do Papai Noel praticamente ganha uma aura quase divina quando cita os pedidos da meninada.

Foto: Arquivo Pessoal

“A alegria das crianças me trouxe até aqui; foi o que me motivou, nesses anos todos, como Papai Noel. E tem a magia do Natal também; vai chegando essa época e o que me remete é a magia, que alcança as crianças e os adultos. Quando você começa nessa profissão e passa a ter contato com as crianças, com os pedidos delas… Elas pedem de tudo, presente, saúde, mas tem um pedido que marca muito a gente como ser humano: a volta do pai. Tem uns que pedem a volta do papai”, destaca José.

Neste domingo, dia 25, os Papais Noéis dos shoppings da Capital se despedem da fantasia do Natal e voltam para a rotina do dia a dia.

Curiosidades sobre a tradição do Papai Noel

Na tradição americana, o Papai Noel reside no Polo Norte, enquanto na cultura europeia, sua morada é na Lapônia, Finlândia. Em Portugal, o Papai Noel é referido como “Pai Natal”, enquanto nos Estados Unidos é conhecido como “Santa Claus”.

Conforme a lenda, o bom velhinho compartilha sua residência com a Mamãe Noel, elfos mágicos e suas renas. Os elfos desempenham um papel crucial na fabricação dos brinquedos destinados às crianças.

Uma questão intrigante no imaginário infantil é: Como o Papai Noel consegue entregar todos os presentes na véspera de Natal? Segundo a tradição, a existência de diferentes fusos horários lhe proporciona algumas horas adicionais, permitindo que ele complete sua missão em 31 horas.

Uma variação da lenda sugere que o Papai Noel aprecia um lanchinho enquanto distribui os presentes. Por esse motivo, muitas pessoas têm o costume de deixar leite e biscoitos para ele, além de cenouras para suas renas.

Na Finlândia, existe a aldeia do Papai Noel, e os adultos utilizam seu endereço (Tähtikuja 1, 96930, Rovaniemi, Finlândia) nas cartas das crianças, alimentando a crença de que ali reside o bom velhinho.

Para aumentar ainda mais a alegria das crianças, o site do Comando de Defesa Aeroespacial da América do Norte (Norad) apresenta anualmente a rota do Papai Noel. Assim, no dia 24 de dezembro, as crianças acreditam que conseguem rastrear por onde ele passa.

O advogado Fernando Desfapari, de 62 anos, há mais de 30 anos trabalha como Papai Noel nos eventos de Natal da Capital.|Foto: Arquivo Pessoal

 

Por – Ana Cavalcante

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