Bolsonaro lamentou ocorrido e citou que “ainda bem que não sabia mexer com arma”
Rayani Santa Cruz para O Estado Online
Candidatas à presidência Soraya Thronicke (União Brasil) e Simone Tebet (MDB) repudiaram a violência contra a vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner. Ela sofreu um atentado na porta de casa, em Buenos Aires, por volta das 21h de quinta-feira (1). As candidatas lembraram sobre violência política de gênero e pediram um basta.
Ao ficar sabendo do ataque, Thronicke reafirmou que pedir “reforço na segurança” não é exagero. Ela falou a frase pela primeira vez, no último domingo (28), durante a participação no debate da Band e TV Cultura. A fala de Soraya aconteceu após o presidente Jair Bolsonaro (PL) atacar a jornalista Vera Magalhães e a senadora Simone Tebet (MDB). Ela disse que em 2018 teve de usar colete a prova de balas para ter mais segurança contra atentados, e após o episódio na Argentina, Soraya ressaltou que não se pode “subestimar do que o ódio é capaz”.
“Na campanha de 2018 usei colete a prova de balas e termino lamentando o atentado contra Cristina Kirchner, vice-presidente da Argentina. Que Deus olhe por nós”, disse Soraya e complementou, “Foi um brasileiro o autor deste absurdo. Violência é contra a democracia! Nossa solidariedade a Cristina Kirchner”.
A candidata pelo MDB e federação PSDB/Cidadania, Simone Tebet pontuou a tristeza com o ocorrido e alertou para a necessidade das lideranças recriminarem esse tipo de atitude. “Violência política no Brasil, violência política na Argentina. É preciso dar um basta a tudo isso. As lideranças devem recriminar essas atitudes. Ainda bem que a arma falhou. Que tristeza! Reafirmo minha posição pela paz na política, pela paz nas eleições.”
Outros candidatos
Outros candidatos ao cargo de presidente também se posicionaram sobre o atentado.
Lula (PT): “Toda a minha solidariedade à companheira @CFKArgentina, vítima de um fascista criminoso que não sabe respeitar divergências e a diversidade. A Cristina é uma mulher que merece o respeito de qualquer democrata no mundo. Graças a Deus ela escapou ilesa. Que o autor sofra todas as consequências legais. Esta violência e ódio politico que vêm sendo estimulados por alguns é uma ameaça à democracia na nossa região. Os democratas do mundo não tolerarão qualquer violência nas divergências políticas.”
Jair Bolsonaro (PL) disse que lamenta, mas atacou a esquerda. “Eu lamento. É um risco que quase todo mundo corre. Eu quase morri em 2018. Não vi a esquerda se preocupando comigo, mas tudo bem. Apesar de eu não ter nenhuma simpatia por ela, não desejo isso para ela. Nós temos coração, nós queremos o bem. Lamento o ocorrido. Espero que a apuração seja feita para ver se saiu da cabeça dele ou de alguém, porventura, tivesse contratado ele para fazer aquilo”, disse Bolsonaro.
“Já mandei uma notinha. Já teve gente que tentou colocar na minha conta já esse problema. O agressor ali, ainda bem que não sabia mexer com arma. Se soubesse, teria sucesso no intento”, disse Bolsonaro. A nota citada pelo presidente, no entanto, não foi divulgada pelos canais de comunicação do Planalto até a publicação desta reportagem.
Ciro Gomes (PDT): “O atentado frustrado a Cristina Kirchner por pouco não transforma em chuva de sangue a nuvem de ódio que se espalha pelo nosso continente. Nossa solidariedade a esta mulher guerreira que com certeza não se intimidará. Para nós, fica a lição de onde pode chegar o radicalismo cego, e como polarizações odientas podem armar braços de loucos radicais ou de radicais loucos. Ainda há tempo de salvar o Brasil de uma grande tragédia gerada pelo ódio. Paz!”
Senado
O presidente do Senado Rodrigo Pacheco se solidarizou com o povo argentino e com Cristina. Disse que a violência política fere diretamente a democracia e precisa ser combatida seja no Brasil ou fora dele. Para ele, é responsabilidade dos congressistas pregar o “sentimento da pacificação”.
“O que nós vimos ontem nesse atentado, além de uma violência a uma mulher, há também, além da violência humana, uma violência política muito significativa e que nós devemos repudiar. Uma violência política a alguém que representa muito para o seu país, que é a atual vice-presidente. Portanto se trata de uma violência à democracia (…) Por isso o repúdio a esse ato de violência que nós estamos assistindo com certa frequência no Brasil e no mundo e que nós da política temos a obrigação de repudiar e além disso, de praticar sempre o sentimento de pacificação, de tolerância, de ponderação, de respeito aos divergentes”, ressaltou Pacheco, que já havia se manifestado pelas redes sociais logo após a divulgação do fato.
Na avaliação do senador Rogério Carvalho (PT-SE), é preciso refletir sobre o fato trazendo para a realidade do Brasil, principalmente agora quando os brasileiros acompanham a corrida eleitoral.
“Foi um brasileiro o autor deste absurdo. Violência é contra a democracia! Nossa solidariedade a Cristina Kirchner”, acrescentou.