Somados, esses 20 municípios têm um universo de 2,06 milhões de pessoas na gestão dos mandatários
Em Mato Grosso do Sul, o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem mais apoio da maioria dos prefeitos dos 79 municípios. Num Estado bolsonarista, o número de prefeitos que apoiam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é quase nulo. Em MS, praticamente os 20 gestores dos municípios mais populosos estão com Bolsonaro, o que num somatório em habitantes resulta em 2.068.965 pessoas.
Há quem diga que com prefeitos nos times dos candidatos a governador ou presidente é sinônimo de ganho em votos, e a quem prefira não crer muito nessa hipótese por conta das variáveis. Mais abaixo, um cientista político pontua sobre esse fenômeno e o que pode significar, na reta final de campanha, ter apoio de chefes dos Executivos municipais.
A prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (Patriota), emitiu nota oficial por meio do partido em que afirmou seu compromisso de apoiar o presidente Bolsonaro. “Agora, no segundo turno, reafirmamos nosso compromisso com a população, reafirmando nosso apoio à reeleição do presidente Jair Bolsonaro. É uma decisão madura, serena, sustentada pelo senso de responsabilidade que o momento exige”, disse a gestora, que também enfatizou apoio ao candidato a governador Eduardo Riedel (PSDB).
Os prefeitos fizeram questão de declinar o seu voto a candidato a governo, mesmo sendo questionados somente em relação ao cargo de presidente.
Prefeito de Dourados, Alan Guedes (PP) confirmou apoio ao presidente. “Apoio a reeleição do presidente Bolsonaro e governador o Riedel.”
O prefeito de Três Lagoas, Angelo Guerreiro (PSDB), também quer Bolsonaro na Presidência.
Em Corumbá, o prefeito Marcelo Iunes (PSD), por meio da assessoria, informou por nota que “está empenhado na campanha do Eduardo Riedel (PSDB). Quanto à eleição presidencial, ele espera que cada munícipe escolha o projeto político com o qual mais se identifique”.
De Ponta Porã, o prefeito Hélio Peluffo (PSDB) foi bastante sucinto na resposta: “Bolsonaro e Riedel”.
A sexta maior cidade de MS, Sidrolândia, está sob comando da prefeita Vanda Camilo (PP). Por meio da assessoria foi respondido que: “A prefeita Vanda é Bolsonaro, junto com a senadora eleita Tereza Cristina, do seu partido”.
Foi passado pela assessoria da Prefeitura de Jardim que a prefeita Cleidiane Matzenbacher (PSD) está dando apoio a Bolsonaro, porém ela não concedeu entrevista.
“Aqui estamos caminhando com Bolsonaro. Ele já obteve a vitória no primeiro turno e a gente segue firme apoiando ele, junto a Tereza e Eduardo Riedel. Bolsonaro tem caminhado muito certo. Os municípios foram atendidos na pandemia com recursos e também com programas do Ministério da Agricultura e do Desenvolvimento. Por isso caminhamos com ele para a reeleição”, disse o prefeito de Aparecida do Taboado, José Natan.
Os prefeitos de Naviraí, Nova Andradina, Maracaju, Aquidauana, Paranaíba, Amambai, Rio Brilhante, Coxim, Caarapó, Miranda, São Gabriel do Oeste e Chapadão do Sul não emitiram resposta por meio de assessorias, mensagens e ligações após serem contatados. Tudo indica que todos eles estejam dando apoio à reeleição do presidente Jair Bolsonaro.
A Assomasul (Associação dos Municípios de MS) não se posicionou oficialmente sobre quem apoiará ao Palácio do Planalto no segundo turno. Questionado, o presidente da entidade, prefeito de Nioaque, Valdir Junior, não respondeu. A assessoria de comunicação não deu retorno até o fechamento deste texto.
Votos dos prefeitos não influenciam
O doutor em ciência política Ailton de Souza diz que o reforço dos prefeitos não necessariamente se comunica com lideranças comunitárias de cada cidade, pois esses movimentos “nem sempre apoiam os prefeitos”. “Até porque lideranças, muitas vezes, não têm vinculação partidária. Se tratarmos sobre a multiplicidade de autores, muitas vezes eles têm posições antagônicas e muito visíveis. Já sobre a associação de prefeitos, a gente sabe que são ligadas a uma linha mais a direita, com apoio a Bolsonaro.”
Ele cita que, se pegar institutos e associações nacionais de prefeitos, não há um movimento tão categórico em cima de um nome apenas. “Se pegar o Instituto Brasileiro de Administração Municipal, que tem vinculação forte com os prefeitos, a gente vê que ele não apoia nenhum dos candidatos formalmente.”
Ele destaca que o fato de os prefeitos apoiarem um outro candidato não reflete no eleitorado. “E dentro da ciência política eu diria que não necessariamente vai haver esse acompanhamento dos eleitores com aquilo que os prefeitos estão apoiando. Fazer essa análise de que o fato de os prefeitos apoiarem a reeleição de Bolsonaro é prematura. Até porque são poucas pessoas que vão definir e influenciar fortemente o voto. Deve ter um efeito marcado nas estruturas administrativas como o funcionalismo público, determinados setores do comércio e setores em que o gestor local tem certo acompanhamento. E para mim, essa influência é limitada.”
Para Souza, a tendência é de que Jair Bolsonaro seja mais uma vez vencedor em votos no Estado de Mato Grosso do Sul, em virtude de apoios recebidos. Ele cita que Lula também deve ter mais votos, mas sem prever um número, já que pode haver a transferência de votos de Simone Tebet (MDB), porém sem a totalidade desses eleitores. “Resumidamente, esse apoio formal dos prefeitos a Jair Bolsonaro não há delimitado o quanto isso pode influenciar aos eleitores. Mas sim, há influência desse posicionamento dos prefeitos e limitado muitas vezes à própria estrutura municipal, e onde o prefeito tenha popularidade maior. É bastante restrita a possibilidade dessa transferência, são muitas variáveis, por exemplo, o prefeito que estiver com avaliação ruim na cidade não terá um efeito. É muito limitado por conta desse conjunto de variáveis importantes.”
Por Rayani Santa Cruz – Jornal O Estado de MS.
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