“Perseguição política”, “Ditadura em curso”, “caça às bruxas” reagem os parlamentares bolsonaristas

Deputado Luiz Ovando  diz que decisão do STF  é falaciosa - Foto: Agência Câmara
Deputado Luiz Ovando diz que decisão do STF é falaciosa - Foto: Agência Câmara

A decisão do Supremo Tribunal Federal que impôs o uso de tornozeleira eletrônica ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) provocou uma onda de indignação entre parlamentares bolsonaristas. “Estamos vendo uma escalada ditatorial. Uma perseguição política disfarçada de Justiça”, disparou o deputado estadual João Henrique Catan. “Isso não é Justiça, é pânico do sistema. Eles querem humilhar a maior liderança da direita na América Latina”, completou, em vídeo publicado nas redes sociais.

O vereador Rafael Tavares, líder do PL na Câmara Municipal, foi ainda mais direto: “Perseguição implacável contra o líder da oposição. Assim funciona qualquer ditadura. Nenhuma novidade. O Senado precisa agir para salvar o Brasil”, declarou.

A vereadora e presidente do PL Mulher, Ana Portela afirmou que Bolsonaro está sendo punido sem condenação: “Querem calar, censurar e humilhar quem enfrentou o sistema. Enquanto isso, corruptos estão soltos e aplaudindo”.

Nas palavras do deputado federal Rodolfo Nogueira, trata-se de um “consórcio do mal” agindo politicamente: “O ministro Alexandre de Moraes afronta até o presidente Donald Trump, que passou a semana pedindo o fim da perseguição. Isso é uma caça às bruxas que pode ter consequências graves para o Brasil”.

O deputado federal Marcos Pollon, visivelmente abalado, gravou um vídeo após visitar o ex-presidente: “Botaram tornozeleira no presidente. Estão querendo prender todo mundo, um por um, depois de humilhar. O Brasil pode virar a Venezuela.”

Pollon também questionou a possibilidade de haver eleições no próximo ano. “Vejo muita gente preocupada com a eleição de 2026. Vocês têm certeza que, no andar da carruagem, vai ter eleição ano que vem? Ou vai ter oposição para disputar a eleição?”, afirmou. desabafou.

O deputado federal Luiz Ovando (PP), que defende a base bolsonarista também se manifestou, classificando a decisão do STF como “falaciosa e tendenciosa”. “Há uma acusação sem fundamento de que ele teria financiado ações contra a soberania nacional. Só alguém transtornado do ponto de vista cognitivo pode aceitar esse tipo de situação. O que Bolsonaro tem defendido é justamente a Justiça, que as coisas sigam um processo judicial adequado — o que claramente não está acontecendo”, afirmou. Ovando também criticou a atuação do STF e cobrou postura do Congresso: “Bolsonaro vai ficar com a tornozeleira, o STF vai continuar comandando o país, infelizmente, e a Câmara segue vilipendiada na sua estrutura existencial, porque representa o povo. A Justiça só será restabelecida quando o Senado assumir seu verdadeiro papel”.

A repercussão das decisões judiciais veio após a operação da Polícia Federal nesta sexta-feira (18), que cumpriu mandados de busca e apreensão nas casas de Jair Bolsonaro em Brasília e no Rio de Janeiro, além da sede nacional do PL. A ordem foi dada pelo ministro Alexandre de Moraes, com aval da Procuradoria-Geral da República, sob suspeitas de obstrução de Justiça, coação no curso do processo e ameaça à soberania nacional.

As medidas impostas ao ex-presidente Jair Bolsonaro incluem o uso obrigatório de tornozeleira eletrônica, além do recolhimento domiciliar noturno, das 19h às 7h e durante os fins de semana. Também foi determinada a proibição de contato com outros investigados, como seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro, e o impedimento de comunicação com diplomatas estrangeiros. Bolsonaro está ainda proibido de acessar redes sociais e de entrar em embaixadas, restrição que reacende suspeitas sobre uma possível tentativa de solicitar asilo.

Durante a operação, foram apreendidos cerca de US$ 14 mil em espécie na casa de Bolsonaro, o que aumentou as suspeitas de uma possível tentativa de fuga. A defesa do ex-presidente afirmou que ele “recebeu com surpresa e indignação a imposição das medidas” e que sempre colaborou com a Justiça.

Em nota oficial do PL, publicada nas redes sociais, também criticou duramente a operação. “O PL manifesta estranheza e repúdio diante da ação da Polícia Federal. Consideramos a medida desproporcional. Reafirmamos nossa confiança no presidente Jair Bolsonaro, seu compromisso com a verdade e o Estado Democrático de Direito”, afirmou Valdemar Costa Neto, presidente da sigla.

A hashtag #SomosMilhõesComVocêCapitão circulou entre apoiadores nas redes sociais, reforçada por parlamentares como o deputado estadual Coronel David, que compartilhou a mensagem institucional do partido. O deputado também fez um post com a seguinte legenda “Jair Messias Bolsonaro nunca fugiu da luta. Hoje, mais do que nunca, mostramos que ele não está sozinho”.

A ação do Supremo, realizada em pleno recesso parlamentar, acendeu alertas na cúpula do PL. A ordem de Moraes foi vista por membros da legenda como uma tentativa de enfraquecer politicamente o ex-presidente e sua base antes das eleições municipais e das articulações para 2026.

 

Por Brunna Paula

Confira as redes sociais do Estado Online no Facebook Instagram

 

Leia mais

Estados Unidos revogam visto de ministros do STF e familiares após operação contra Bolsonaro

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *