O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) publicou nessa quinta-feira (10) um artigo de opinião em nove jornais internacionais criticando duramente o tarifaço imposto pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. A medida, anunciada pelo presidente Donald Trump, estabelece taxa de 50% sobre as exportações brasileiras a partir de 1º de agosto, a mais alta entre os países afetados.
Lula argumenta que tarifas unilaterais “desorganizam cadeias de valor” e ameaçam a economia global, além de comprometer o sistema multilateral de comércio. Ele ainda critica ações de potências globais, como as invasões americanas ao Oriente Médio, a inação diante do conflito em Gaza, e defende reformas em instituições como a ONU, que considera ineficazes diante dos desafios atuais.
O texto foi publicado em veículos como The Guardian (Reino Unido), Le Monde (França), El País (Espanha), Der Spiegel (Alemanha) e China Daily (China), entre outros.
Lula também abordou o crescimento do extremismo, a crise climática e o aumento da desigualdade. Ele condena o “receituário da austeridade” adotado após a crise de 2008 e cita o acúmulo de quase US$ 34 trilhões pelo 1% mais rico do planeta como símbolo da injustiça global. “Não existem muros altos o bastante para manter ilhas de paz cercadas de miséria”, escreveu.
O presidente defendeu a refundação do multilateralismo, com estruturas mais representativas e inclusivas. Ele reforçou que o Brasil seguirá atuando pela cooperação entre as nações, destacando a liderança do país no G20, Brics e COP30.
Especialista aponta crise diplomática
Para o cientista político Elias Tavares, a decisão de Trump vai além do comércio e representa uma crise diplomática. Ele afirma que Trump tenta interferir no sistema de Justiça brasileiro ao classificar o julgamento de Jair Bolsonaro como “caça às bruxas” e pedir a suspensão do processo no STF — o que seria, segundo Tavares, uma grave violação da soberania nacional.
O especialista defende uma resposta firme e coordenada por parte do Brasil. Como primeiro passo, sugere acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC) e mobilizar apoio entre os Brics, Mercosul e parceiros europeus. Ele ainda reforça a importância de preservar a autonomia do Judiciário como base da democracia brasileira.
“Não se trata de uma disputa entre presidentes, mas de uma questão de Estado”, resume Tavares. “Soberania não se negocia. Se defende.”
Com informações do SBT News
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