O governo dos Estados Unidos produziu pelo menos 819 documentos ao monitorar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por décadas, segundo o jornal Folha de S. Paulo. Os dados foram apresentados pelo escritor Fernando Morais, autor de biografia do presidente. Ele obteve 3.300 páginas de registros junto ao governo norte-americano.
O monitoramento teria ocorrido entre os anos de 1966, quando Lula ocupava a liderança sindical dos metalúrgicos em São Paulo, e 2019, ano em que ele ainda estava preso.
A maior parte dos registros foi produzida pela Central de Inteligência Americana (Central Intelligence Agency, a CIA) — totalizando 613 documentos em 2 mil páginas.
Tais registros focam na relação do presidente da República com a ex-presidente Dilma Rousseff — também grampeada, conforme indicaram vazamentos do WikiLeaks, de Julian Assange, em 2015 —, além de proximidade com autoridades do Oriente Médio e da China.
As informações obtidas por Morais ainda dão conta de que o serviço de inteligência mapeou planos militares brasileiros e a produção da Petrobras. Não há informações sobre se o atual mandato do presidente petista está sendo monitorado.
“O presidente ainda estava preso quando consegui procurações para recolher em nome dele todos os registros existentes nas agências. Tem agência que, obviamente, não tinha nada, tipo a que cuida de entrada ilegal de alimento. Mas pedi de todas”, disse Morais ao jornal.
Morais reuniu: 111 relatórios do Departamento de Estado, 49 da Agência de Inteligência da Defesa, 27 do Departamento de Defesa, 8 do Exército Sul dos Estados Unidos, unidade de apoio da força armada americana, e 1 do Comando Cibernético do Exército, braço militar de operações e informação digital.
Morais se prepara para o lançamento do segundo volume sobre trajetória do petista, “Lula, Volume 1” saiu pela editora Companhia das Letras em 2021.
Espionagem não é novidade
Desde 2013, são de conhecimento público ações de monitoramento de personagens da política brasileira pelos norte-americanos.
À época, a ex-presidente Dilma foi alvo de espionagem da Agência Nacional de Segurança (National Security Agency, em tradução livre, a NSA). Documentos secretos que basearam as denúncias foram obtidos pelo jornalista Glenn Greenwald, fundador do site The Intercept e um dos nomes por trás da Vaza Jato, com o ex-técnico da NSA Edward Snowden.
Dois anos depois, o portal WikiLeaks divulgou que o governo dos EUA monitorou com frequência 29 telefones de membros e ex-integrantes do governo Dilma 1. Os relatórios apontavam, à época, que até uma secretária e uma assistente da presidente tiveram telefones grampeados.
Com informações do SBT News
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