A Polícia Federal (PF) deflagrou na manhã desta quinta-feira (8) uma operação para desarticular um esquema de grilagem de terras da União na região do Pantanal. A ação visa desarticular um esquema de grilagem de terras da União e fraudes na comercialização de Cotas de Reserva Ambiental no Pantanal sul-mato-grossense. Foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão e determinado o bloqueio de bens que podem ultrapassar R$ 3 milhões. Os investigados podem responder por crimes como associação criminosa, falsidade ideológica e infrações ambientais. De acordo com a Polícia Federal, empresários e fazendeiros, com apoio de servidores da Agraer, falsificavam documentos para obter áreas dentro do Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro.
Com foco em Campo Grande, a operação mobiliza agentes federais em diversos endereços, incluindo condomínios de alto padrão como Terraville, no Parque dos Poderes, Dhama (na saída para Três Lagoas) e Alphaville (na saída para Cuiabá). Também há viaturas da PF no prédio da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural), órgão estadual localizado na Avenida José Nunes da Cunha. Um drone foi utilizado para registrar imagens da ofensiva, que começou nas primeiras horas da manhã com a saída de um comboio da superintendência da PF no Bairro Vila Sobrinho.
De acordo com informações preliminares, a investigação apura a atuação de grupos organizados suspeitos de falsificar documentos para se apropriar de forma ilícita de terras pertencentes à União. A prática criminosa visa valorizar os terrenos para posterior venda, muitas vezes em áreas de alta sensibilidade ambiental. Os crimes investigados incluem falsidade ideológica, grilagem, associação criminosa e possíveis infrações ambientais. Até o momento, a Polícia Federal não revelou o número de mandados expedidos nem a identidade dos alvos. A Agraer, alvo de buscas, ainda não se pronunciou sobre a operação.
Por meio de nota, o governo do Estado informou que “acompanha a operação ‘Pantanal Terra Nullius’ e colabora com a apuração. Tão logo tenhamos novas informações acerca das investigações, as medidas cabíveis serão tomadas.”
Histórico de ações no Pantanal
A nova ofensiva da PF ocorre em meio a um contexto de recorrentes denúncias de ocupações irregulares e destruição ambiental no Pantanal, uma das regiões de maior biodiversidade do planeta. Em 2023, durante a temporada de queimadas que castigou o bioma, a Polícia Federal deflagrou duas operações com foco semelhante.
A primeira, batizada de Prometeu, ocorreu em 20 de setembro e teve como alvo fazendeiros da elite de Corumbá, suspeitos de envolvimento em incêndios criminosos, desmatamento e grilagem. Já em 10 de outubro, nova ação foi realizada após perícia da PF apontar que cerca de 30 mil hectares do Pantanal foram queimados por ação deliberada dos investigados.
A PF ainda não informou se haverá prisões ou bloqueio de bens, mas destacou que os trabalhos continuarão ao longo do dia.
* Matéria editada às 9h20 para atualização de informações
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