João Augusto de Almeida, de 21 anos, foi formalmente denunciado pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) pelos feminicídios da companheira Vanessa Eugênia e da filha do casal, a bebê Sophie Eugênia, de apenas 10 meses. Os corpos foram encontrados carbonizados em um terreno no bairro Indubrasil, em Campo Grande, no dia 26 de maio deste ano.
A denúncia foi aceita pelo juiz Aluizio Pereira dos Santos, que marcou para o dia 12 de agosto a primeira audiência de instrução e julgamento do caso. Na ocasião, serão ouvidas as testemunhas de acusação e defesa.
João foi preso no dia seguinte ao crime, em 27 de maio, quando tentava registrar um boletim de ocorrência relatando o desaparecimento de Vanessa e Sophie. Desde então, permanece detido na penitenciária de segurança máxima Gameleira II, em regime de isolamento.
O caso
Câmeras de segurança de um posto de combustível foram cruciais para a investigação. As imagens mostram João, vestindo camiseta verde, comprando gasolina em um galão por volta das 19h34 do dia do crime. A polícia afirma que o combustível foi usado para carbonizar os corpos de mãe e filha.
A investigação da DHPP (Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa), comandada pelo delegado Rodolfo Daltro, apontou fortes indícios de premeditação. O local onde os corpos foram encontrados é de difícil acesso e fica afastado da região urbana.
Em depoimento à polícia, João relatou que conheceu Vanessa por meio de um aplicativo de relacionamento e que, com apenas dois meses de namoro, passaram a morar juntos. Segundo ele, o relacionamento era marcado por brigas e ciúmes, especialmente da parte dele.
João afirmou ter aceitado inicialmente a gravidez de Vanessa, mas disse que passou a sentir ódio da filha após o nascimento. “Se eu não tivesse matado ela [Sophie], eu teria doado”, disse à polícia, em um dos trechos mais perturbadores do interrogatório.
Ainda segundo o depoimento, Vanessa teria manifestado o desejo de se separar logo após o nascimento da filha, o que João não aceitava. Ele disse ter medo de ser obrigado a pagar uma pensão elevada e alegou que Vanessa ameaçou deixá-lo e fazer com que a filha crescesse o odiando.
O delegado responsável pela investigação ressaltou que João não estava sob efeito de drogas no momento do crime e, durante o depoimento, não demonstrou qualquer arrependimento pelos assassinatos.
Defesa pode pedir exames psiquiátricos
A defesa de João, representada pelo advogado Jonatas Giovane, afirmou que estuda solicitar exames psiquiátricos para o réu. O advogado disse que João está em fase de adaptação ao sistema prisional e que a possibilidade de transtornos mentais será considerada no decorrer do processo.
O caso chocou a população de Campo Grande pela brutalidade e pelo envolvimento de uma criança entre as vítimas. Com a denúncia formalizada, João Augusto de Almeida passa a responder como réu por dois crimes de feminicídio, podendo ser condenado a penas que ultrapassam os 60 anos de prisão.
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