Temporal com ventos fortes e chuva deixa prejuízos as famílias das periferias

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Crédito: Agência Brasil
No interior do Estado, cidades registram os maiores acumulados de precipitações do ano

Realocados recentemente, moradores do Residencial José Teruel Filho, antiga favela Cidade de Deus, viram sua conquista indo pelos ares durante o temporal da última quinta-feira (6), em Campo Grande. Foram telhas e lonas perdidas com a ventania, os moradores precisaram se ajudar para que não ficassem totalmente prejudicados. Além disso, as equipes da prefeitura foram acionadas e levaram lonas na tentativa de garantir que as famílias não dormissem sem cobertura no telhado.

O presidente do residencial, Ronny Leão, 36, contou a O Estado que o que segurou o vento foram os eucaliptos que formam uma parede de proteção natural ao fundo das casas. Segundo ele, cerca de três moradias perderam o telhado.

“O vento vinha tão forte aqui pelo fundo que levou as telhas de três casas aqui da rua; os eucaliptos que ficam ali no fundo seguraram o vento, mas apesar de ter segurando ficamos com medo das árvores, que estão bem altas, caírem e estragar mais e ainda machucando alguém. Ligamos para a prefeitura e logo eles chegaram aqui com lona para cobrirmos o telhado durante a noite, hoje (7) pela manhã já mandaram telhas novas e o pessoal da construção do residencial está instalando”, contou o presidente

Além do Teruel, há dois meses, pessoas que moravam próximas da estação de tratamento de esgoto se mudaram para uma área cedida pela prefeitura para que pudessem começar uma nova vida, no Portal Caiobá. Nesse local, os moradores previamente construíram barracos para garantir que a área não fosse ocupada por outras pessoas e perdessem o terreno que tanto lutaram para conquistar.

Em fase inicial, o projeto que levou os moradores para essa nova área incluía, além do terreno, um cartão habitacional com crédito de R$ 6 mil, que seria utilizado com incentivo para o início da construção de novas unidades habitacionais.

No novo local de realocação, estava Rosana do Amaral, 44, que atualmente está desempregada e cuida de casa. A moradora contou da situação que estão vivendo e que o temporal acabou acarretando em mais problemas para quem já mora ali no local, como o destelhamento dos barracos e a danificação das lonas que os envolvem.

“O vento destelhou quase todos os barracos aqui e fez com que as lonas das paredes rasgassem; nossa sorte é que não ventou mais forte, se fosse maior o temporal hoje não teria nem pedaço dos barracos aqui. A prefeitura nos tirou de onde estávamos para nos alocar aqui em um lugar mais digno, só que acabou ficando pior a nossa vinda. Não temos água nem energia, além disso, quando nos deram os terrenos, disseram que no projeto deles teria um cartão habitacional com R$ 6 mil para que pudéssemos começar a vida aqui, isso já faz dois meses e até agora nada”, conta Rosana com os olhos cheios de lágrimas por conta do ocorrido e da situação que vem enfrentando.

A reportagem procurou a Amhasf para esclarecer sobre os terrenos cedidos e sobre o cartão habitacional citado por Rosana. O diretor de Atendimento, Administração e Finanças da agência, Cláudio Marques Junior, disse que toda a ligação de energia, água e demais serviços necessários já está em processo de projeto e desenvolvimento.

“Como nós alocamos essas pessoas em uma área nova, fizemos a solicitação dos serviços a seus devidos prestadores, mas precisamos deixar claro que todo esse trabalho é feito de forma burocrática. Por exemplo, na região não existe ainda uma ligação de água na rua, então isso necessita de uma obra da agência, o que prevejo que deva custar mais de meio milhão de reais, a mesma coisa com a empresa de energia. Vejo que seria um projeto de custo de mais de R$ 1,5 milhão”, pontuou o diretor.

Outros municípios atingidos

Conforme a meteorologia, ontem (7), a região centro-sul do Estado registrou a ocorrência dos maiores acumulados de chuva do ano, inclusive Três Lagoas consolidou, em um dia, 72,6 mm, valor esperado para o mês inteiro de precipitações. Segundo o meteorologista Natálio Abrahão, em Itaquiraí foram consolidados 51,6 mm, em Bataguassu e Ponta Porã outros 40,8 mm e 40,2 mm, respectivamente.

Vale destacar que somente no município de Corumbá foram, ao menos, 60 árvores que caíram e a maioria em vias públicas. A rede de abastecimento de água também foi afetada, assim como a rede elétrica, pois segundo a Energisa, pelo menos, oito bairros se encontravam em situação mais grave pela empresa. As rajadas de vento chegaram perto de 90 km/h na cidade. Em Campo Grande, 32 bairros tiveram a interrupção na energia elétrica.

Redemoinho de areia

Um fenômeno registrado na última quinta-feira (6), em Rochedo, chamou a atenção da população. Em meio à ventania, os moradores conseguiram avistar um redemoinho de areia. Cabe lembrar que, no mesmo mês do ano passado, diversos municípios do Estado registraram o fenômeno da nuvem de poeira.

Segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), tais fenômenos são formados por alguns fatores, como o período seco com estiagem; baixa cobertura vegetal; temperaturas altas e aproximação de uma tempestade.

“Com a chegada da primavera, logo após um período de estiagem, ocorrem as primeiras tempestades. Como a chuva ainda não é regular o suficiente para amenizar a condição do solo, esse fenômeno se torna comum. Quando a chuva chega, os ventos aceleram e, ao encontrar uma área mais quentee com muita poeira, formam a nuvem.”

Por Claudemir Candido – Jornal O Estado do MS.

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