“Sem pagamento a paralisação continua” diz presidente do sindicato dos motoristas

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Os motoristas do transporte coletivo entraram greve na manhã desta terça-feira (21) com reinvindicações salariais. O comunicado foi divulgado hoje pela página do Facebook Ligados no Transporte e como não foi anunciada antecipadamente pegou muitos usuários de surpresa.

A reportagem do jornal O Estado Online esteve na Jaguar Transportes Urbanos, uma das empresas que atuam no transporte coletivo e se deparou com o local fechado e com os ônibus parados dentro da garagem.

A paralização ocorre devido a um ofício encaminhado pelo Consórcio Guaicurus a Prefeitura de Campo Grande, alegando um desequilíbrio financeiro e que a “situação é bastante grave”. O Ofício ainda diz haver um esgotamento de recursos e que estariam impedidos de quitar recursos inadiáveis como verbas salariais.

Foto: Reprodução

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Coletivo, Demétrio Freitas, esclarece que não é uma greve. “Primeiro é importante deixar claro: não é uma greve, é uma paralisação. Já há algum tempo as empresas vem solicitando do sindicato para que se facilite alguns pagamentos  de algumas verbas, feriados que os funcionários trabalham e a gente vem atendendo, porque entendemos que todos estão passando por um momento muito difícil e no transporte coletivo não é diferente”, diz Demétrio.

Ele ainda explicou que a falta de recursos declarada pelo Consórcio, afeta diretamente o depósito do valor do vale dos motoristas do transporte coletivo. “A que a gota d’água foi o não pagamento vale, que era para ter sido feito ontem e nos comunicaram que não iria ser depositado”.

Demétrio Freitas diz que por conta da pandemia de Covid-19, os valores do vale não estão sendo pagos de forma integral. “Nós temos uma participação coletiva nos lucros da empresa, um percentual. Esse percentual é pago duas vezes por ano. Depois da pandemia, em toda época de pagamento é solicitado para o Sindicato que esse percentual seja pago em quatro vezes. A gente cria uma expectativa de que vai chegar naquele dia e vai receber a verba integral e não estão pagando. Desde a pandemia não se paga mais o valor integral. Então a gente veio esperando mas não dá mais, precisamos mostrar para o Consórcio Guaicurus que eles precisam valorizar, olhar diferente para o motorista. Não adianta só ter ônibus, eles estão parados lá na garagem. Se não tiver o motorista não adianta nada”, declara.

Consórcio sem recursos

O gerente executivo do Consórcio Guaicurus, Robson Strengari, se posicionou contra a paralisação e diz que a greve é um ‘inconveniente’. “Entendemos como uma greve inconveniente e que não obedeceu os ditos legais para tal. Deveriam fazer assembleia comunicar com ao menos 48 de antecedência. Estaremos entrando junto ao Ministério Público do trabalho com medida judicial para retornarmos ao estado normal e que discutamos o problema fornecendo o transporte ao cliente”, disse.

Questionado sobre os motivos para o não pagamento e para o esgotamento de recursos, Robson justifica que há mais de um motivo. “O consórcio está há 4 anos tentado falar para a Prefeitura que o transporte não
mais se sustenta somente através da tarifa, subsidiou os alunos da rede municipal e deficientes – mas o valor não chega a recompor a perca. Com a pandemia nossos passageiros caíram – e não voltaram ao que era em 2019”.

Os custos de produtos como óleo diesel e produtos automotivos também foram apontados como fatores para o desequilíbrio financeiro. “De janeiro de 2022 para cá os custos tem se elevado de maneira astronômica (Pneus – Peças e principalmente o Óleo diesel). Quando a tarifa foi calculada o valor que do Óleo diesel era 4,6158 o litro, hoje esta 7,16. Consumimos por mês 700.000 litros só neste item a defasagem é de R$ 1.780.000.00 por mês”, explica Robson.

Um funcionário do transporte coletivo que não quis se identificar, relatou que ficou surpreso com a paralisação e que não foi comunicado sobre. “Surpreso como todo mundo. Acordei às 3: 55 como todo dia e tinha uma mensagem no grupo de motoristas falando sobre o sindicato na garagem e que não sairia nem o ônibus que busca os motoristas em suas casas”, relata o funcionário.

Ele se diz contra a greve e comenta que é a primeira vez que o Consórcio atrasa algum pagamento. “Contra. Totalmente contra. Com essa crise nacional ficar em casa é pior, o consórcio nunca atrasou salários e sempre cumpriu com suas responsabilidades. A população precisa de nós, é essa nossa missão diária”. Outro funcionário contou que também não foi avisado da paralisação e que encontrou a garagem fechada pela manhã.

O presidente do Sindicato pediu desculpas a população da Capital pelos transtornos. “Hoje muitas pessoas deixaram de fazer seus compromissos. Pedimos desculpa mas era uma necessidade, tínhamos que fazer essa paralisação, para tentarmos sensibilizar as empresas”.

O Sindicato aguarda uma discussão durante o dia mas o presidente informa que o hoje os coletivos não irão circular na Capital. “E caso não efetuem o pagamento hoje, amanhã também não irá ter ônibus em Campo Grande”, finaliza Demétrio.

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