Saúde pública: Capital tem 242 leitos de UTI para quase 900 mil habitantes

Foto: Levantamentos mostram
que a oferta, no geral, na
Capital é de 1,6 leitos
por mil habitantes/Marcos Maluf
Foto: Levantamentos mostram que a oferta, no geral, na Capital é de 1,6 leitos por mil habitantes/Marcos Maluf

Polícia Civil investiga se houve negligência na morte da paciente no UPA do Coronel Anonino

Marcelly Márcia Almeida, de 33 anos, passou mal e veio a óbito enquanto aguardava atendimento na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Coronel Antonino de Campo Grande, na tarde de terça-feira (24). O caso dela reflete a situação de escassez de leitos hospitalares de emergência na Capital, onde quase 900 mil habitantes contam com apenas 242 leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva). 

Conforme dados do CNES (Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde), sistema que integra o DataSUS, do dia 23, para as pessoas que dependiam das vagas públicas para atenção intensiva, Campo Grande contava com: 165 leitos adultos, 23 pediátricos, 44 neonatal e 10 para pacientes com covid-19.

Esse valor é 10% do total de leitos hospitalares disponíveis na rede pública da Capital, que é dividida em diferentes especialidades médicas, totalizando 2.418. Porém, algumas dessas especialidades listadas não estão disponíveis para pacientes SUS, apenas na rede privada, como os casos clínicos de saúde mental e psiquiatria.

Mesmo quando colocamos na conta todos os leitos hospitalares disponíveis, a concorrência por um atendimento médico continua grande. Para casa leito em unidade hospitalar há concentração de 371 campo-grandenses. 

É importante destacar que 14 anos atrás a OMS (Organização Mundial de Saúde) indicou como índice ideal de três a cinco leitos por mil habitantes.

Tudo indica que Marcelly foi uma das pessoas que necessitaria de uma vaga hospitalar, mas não resistiu à espera. De acordo com o Boletim de Ocorrência, registrado na Depac/ Cepol (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário), ela deu entrada na UPA às 13h, com diarreia, vômito e queixa de dores no peito, com dificuldades de respirar.

O relatório médico aponta para agravamento do quadro enquanto estava em observação, sendo feitos nove choques e o óbito registrado às 16h45. 

A Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), em nota oficial, informou que ela permaneceu em observação sendo medicada e monitorado os sinais vitais no setor de estabilização da unidade, e que devido ao rápido agravamento do quadro clínico precisou ser encaminhada para a sala de emergência.

“Na sala de emergência, devido a piora do estado clínico, a paciente evoluiu com uma parada cardíaca sendo intermediada pela equipe de emergência, porém sem sucesso. A SESAU também informa que todos os procedimentos aconteceram dentro do tempo protocolar conforme a classificação de risco, e que lamenta o falecimento da paciente e aguarda os resultados de exames para a elucidação diagnóstica”, comunicou a secretaria.

Investigação

Foto: A delegada afirmou que o médico poderá responder por homicídio culposo/Nilson Figueiredo

De acordo com a delegada que atendeu o caso, Joilce Ramos, a vítima Marcelly foi diagnosticada com dengue no último domingo (21), e procurou atendimento médico por conta das fortes dores. “A Polícia Civil entrou no caso para investigar se houve negligência por parte do médico. A família acredita que houve erro médico e demora no atendimento. O corpo foi encaminhado para (IMOL) – Instituto de Medicina e Odontologia Legal para realizar os exames devidos de cada órgão”, explicou.

Joilce ressaltou ainda que os servidores de plantão no dia da morte serão ouvidos, além dos pacientes que estão no local para constatar se houve ou não demora no atendimento. Câmeras de segurança também serão analisadas por parte da polícia. “O médico responde por homicídio culposo a partir do momento em que ele agir por imperícia ou negligência. Se houve constatação de crime o médico deve responder”, afirma delegada. 

As investigações já começaram. O corpo da vítima passou por perícia, em poucos dias a causa da morte deve ser concluída. As duas suspeitas segundo a delegada são dengue ou ataque cardíaco e tudo está sendo analisado minunciosamente. 

 A delegada ainda fez um alerta para o número de pessoas que estão tendo infarto pós Covid-19. “ Não podemos negar que os números de pessoas jovens que sofreram infarto aumentou, parte vieram a óbito. A recomendação é ao sentir fortes dores pelo corpo procurar atendimento médico”, pontou. 

A reportagem do O Estado tentou mais informações sobre a situação dos leitos hospitalares em Mato Grosso do Sul junto a SES (Secretaria de Estado de Saúde), principalmente os terapia intensiva, já que o Ministério da Saúde autorizou a conversão de leitos de UTI, antes exclusivos para covid, em leitos convencionais. A iniciativa foi oficializada pelo DOU (Diário Oficial da União) em 2022.

Por Kamila Alcântara e Thays Scnheider 

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