Previsões não são positivas e rios de MS devem sofrer estiagem semelhante à de 2021

Porto Esperança Corumbá - Foto: Arquivo pessoal
Porto Esperança Corumbá - Foto: Arquivo pessoal

Com o fim da Piracema, pescadores se dizem surpresos com o baixo nível hídrico em todo o Estado

 

A falta de chuvas em grandes volumes no Estado têm preocupado a pescadores e especialistas do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul). Mesmo antes do período de estiagem, comum entre os meses de junho, julho e agosto, 11 das 12 estações que monitoram a situação em diferentes cidades já estão em alerta indicando volume abaixo da linha da normalidade. Conforme o último boletim divulgado na sexta- -feira (1º), apenas a cidade de Coxim possui nível compatível com a normalidade.

De acordo com o levantamento do Imasul, a situação preocupa uma vez, que conforme a estação de Porto Esperança em Corumbá, a média atual está em 13 cm, quando o mínimo previsto para a região é de 82 cm. Em Ladário a situação é semelhante, a média atual é de 84 cm, quando a mínima é de 230 cm. O destaque até o momento fica por conta de Coxim, com a média de 424 cm, acima dos 395 cm de mínima.

Cabe destacar, que a situação já havia sido registrada entre dezembro e janeiro. Na ocasião, especialistas citaram que a seca se intensificou com o aumento da área com seca moderada de 9% para 17% do estado. É a condição mais severa no estado desde abril de 2023, quando houve seca grave em 1% de MS.

De acordo com a ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico) em Mato Grosso do Sul a seca se manteve no patamar de 75% do estado entre dezembro e janeiro. É a maior área com seca em MS desde setembro de 2022: 86%. Por outro lado, o estado teve o menor percentual de área com seca do Centro-Oeste em janeiro.

Em entrevista ao Jornal O Estado, Leonardo Sampaio Costa, gerente de Recursos Hídricos do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul explica que o cenário se deve à falta de chuvas no estado vizinho Mato Grosso, onde a situação é ainda pior que a do Estado.

“Estamos sim num momento crítico de poucas chuvas e rios com níveis de estiagens e as previsões não são positivas. Elas indicam que a situação das chuvas não vai mudar, ou seja, os próximos meses serão de poucas chuvas e chegaremos no período de seca (junho julho agosto) com uma situação mais crítica ainda, muito parecida com 2020 e 2021. No Rio Paraguai em Ladário o nível estava com 88 cm – a média histórica é acima dos 2m e 30 cm”, pontuou. Cabe lembrar, que em 2021, o rio Paraguai vivenciou a pior e a mais longa seca da história no Pantanal com graves consequências para a fauna e flora, de acordo com a Sala de Crise do Pantanal. Em Mato Grosso do Sul o rio Paraguai esteve com os piores índices entre os rios monitorados, estando com 51 centímetros a menos que no mesmo período de 2020 em Porto Murtinho.

A régua de Porto Murtinho chegou a marcar 115 centímetros, 51 cm abaixo dos 166 centímetros de 2020. Na régua de Ladário a situação foi ainda pior. Em 16/09/20 marcava 28 centímetros, enquanto na mesma data de 2021 chegou a -13 centímetros, redução de 41 cm.

Liberação de pesca

Na última quinta-feira (29),a pesca na bacia hidrográfica do rio Paraná voltou a ser permitida em Mato Grosso do Sul, isso porque chegou ao fim o período de Piracema. De novembro até o dia 28 de fevereiro, a temporada de pesca ficou proibida para garantir a reprodução das espécies nativas; entre elas o Dourado, o Jaú, o Pintado e Piracanjuba.

Com a volta da pesca, muitos pescadores estão sentindo o nível baixo do rio. No Estado os rios da Bacia do rio Paraguai, no Pantanal, seguem com níveis inferiores ao esperado para a época do ano.

Exemplo disso, é Adriano Oliveira, que é pescador há mais de 15 anos e voltou a pescar nesse fim de semana e se surpreendeu com o cenário encontrado. ” Antes mesmo da piracema começar o nível do Rio já estava baixo, e agora ficou pior ainda, isso é o reflexo da falta de chuva. Como pescador tenho notado que esses rios estão sofrendo modificações com o passar do tempo. Quando entramos no rio já notamos a água baixa “, lamentou.

 

Por Thays Schneider e Inez nazira

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