Com variação de 72% em marcas nacionais, andar sobre duas rodas pode pesar o bolso de condutores.
Durante a primeira semana de abril, o Procon/MS (Secretaria Executiva de Orientação e Defesa do Consumidor) fez um levantamento, a fim de apurar como estão os preços dos pneus na Capital sul-mato-grossense. De acordo com o resultado do órgão, a variação de preços chegou a 72% entre os pneus nacionais de sete marcas comercializadas em Campo Grande. A partir disso, o jornal O Estado foi às ruas para verificar os valores de manter um veículo sob duas rodas e fazer um comparativo de compensação entre custo e benefício.
O pneu Goodyear Aro 14 175/65 apresentou a maior variação de preços, 72,66%. Isso porque o mesmo produto pode ser encontrado na Vila Célia por R$ 289 ou R$ 499 no Bairro Santa Fé. Da mesma marca, o pneu Aro 14 175/70 teve a menor diferença de valores entre os produtos pesquisados, 3,04%. Nesse caso, o preço aplicado varia entre R$ 369,90 na Vila Carvalho ou R$ 359 na Vila Célia. Foram desconsiderados pela pesquisa os pneus importados ou remold, quando se substitui a banda de rodagem, ombros e parede lateral do produto com novas camadas de borracha. O levantamento completo pode ser consultado no site do Procon/MS.
O vendedor de atacado da Honda, Ronne Carlos da Silva, 57, argumentou que devido a moto ter somente duas rodas, dianteira e traseira, é necessário mais resistência nos pneus e, por isso, os valores se tornam mais elevados, até mesmo por uma questão de segurança do equipamento. “O pneu bom hoje é o Pirelli, então está saindo muito caro, está muito mais caro que um pneu de carro. Tem que ter uma durabilidade melhor e consistência de borracha melhor para ter mais segurança para o piloto. O carro é quatro rodas e as rodas são mais largas, então a segurança é um pouco menor. Eu não vou dizer que vai acontecer de estourar um pneu, dar algum problema, mas para a moto precisa de um pouco mais de segurança, então a tecnologia é um pouco melhor e mais cara”, explicou o vendedor.
Na Honda, para adquirir um pneu de melhor qualidade para a moto, como o Pirelli, é necessário desembolsar em média de R$ 700 a R$ 1100, a variar com o modelo da moto e as cilindradas. O Levorin Matrix é o pneu mais barato comercializado no estabelecimento, com preço que varia entre R$ 300 a R$ 500. “O pessoal opta muitas vezes por uma 2ª linha. Eu tenho o Pirelli que é o 1º, o Michellin que é o 2º e depois tem o Levorin que é o 3º linha. O que o pessoal faz? Ou vai levar o Levorin ou vai pular realmente para o Paraguai, porque o preço é muito exorbitante, porque está muito caro realmente o pneu para moto”, esclarece o vendedor.
Comprar na fronteira
O mestre em economia, Lucas Mikael, pontua que o valor do dólar ainda é compensatório para quem visa economizar na compra de pneus na Capital. “Com o dólar por volta de R$ 5, a compra de pneus no Paraguai ainda pode ser uma opção atraente para os moradores de Campo Grande. Os preços potencialmente mais baixos podem compensar os custos adicionais, como as despesas de viagem e possíveis impostos de importação. No entanto, é crucial garantir que os pneus adquiridos atendam aos padrões de qualidade e segurança, e que as políticas de garantia sejam adequadas”, argumentou o economista.
O vendedor da Impacto Prime, Luan de Almeida Barreto, 23, defende que adquirir o pneu no Brasil ou no Paraguai hoje não tem muita diferença, já que há todo o custo logístico para adquirir o item. “Eu acho que o preço daqui para o Paraguai está saindo quase a mesma coisa. Um pneu 13 no Paraguai você paga R$ 160 e aqui você paga R$ 179, são R$ 20 de diferença. Para a pessoa não compensa ir para o Paraguai comprar se pode comprar dentro da cidade”, argumenta Barreto, que explica que no estabelecimento o pneu mais barato na atualidade é comercializado a R$ 179 e o mais caro em torno de R$ 1300.
O gerente da Prime Pneus e Rodas, Felipe Gomes, 29, argumentou que hoje o pneu importado tem dominado o mercado brasileiro. Afinal, o custo é mais barato e as garantias são as mesmas. “O custo do pneu importado é muito mais barato que o pneu nacional e a garantia é a mesma, cinco anos contra defeito de fábrica. Então se você pega um Pirelli e um pneu importado, o Pirelli tá de R$ 50 a R$ 200 mais caro, sendo que o consumidor estará com a mesma garantia e praticamente com a mesma qualidade”, avalia o vendedor.
Ainda segundo Gomes , na loja localizada na Zahran, costumeiro na loja vender os pneus importados. No entanto, tudo dentro dos termos exigidos pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia), o que em sua opinião, é contrário ao que geralmente acontece na fronteira. “Temos selo do inmetro, nota fiscal e selo do fornecedor. Os pneus do Paraguai não tem selo do inmetro, tem o talão amassado – a borda, porque muitas pessoas trazem os pneus um dentro do outro e acaba estragando. O custo é tão barato, que a pessoa prefere pagar o preço que está ali, mas é um barato que sai caro”, conclui Gomes.
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Por Julisandy Ferreira
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