Conforme usuários do local, problema é recorrente, aliado com a falta de manutenção do espaço
Por Brenda Leitte – Jornal O Estado do MS
Dando sequência ao especial sobre a qualidade dos parques de Campo Grande, o Parque Ecológico do Sóter, localizado no bairro Mata do Jacinto, tem se tornado cenário de muito medo e insegurança para quem mora e trabalha na região, que segundo os usuários não é um problema de hoje, já que se tornou frequente. De longe é possível ver os estragos que estão há anos sem qualquer tipo de reparo, gerando a insatisfação de quem passa pelo local.
Logo na entrada principal, pela Rua Salsa Parrilha com a Rua Hermínia Grize, é possível avistar os portões com grades retorcidas e madeiras tombadas. O matagal, que toma conta do que antes era paisagem, deixa o parque com um aspecto de abandonado. Durante o dia são as deformidades, já no período da noite é a escuridão que assusta os moradores da região.
Reclamando da falta de iluminação pública do local, os vizinhos relatam ter receio de transitar pelo parque no período noturno, já que o cenário fica propício para assaltos, em razão também da falta de segurança. Desde o começo do ano, a maior problemática tem sido o abandono do local, por parte da Prefeitura de Campo Grande, o que tem dado espaço para furtos e vandalismo
Segundo um comerciante, que preferiu não se identificar, os assaltos são recorrentes no parque, principalmente à noite. “Com algumas partes do parque sem luz, as ruas em volta ficam, praticamente, todas escuras. Aqui no comércio, à noite, ficamos sabendo direto de assaltos quando a pessoa está voltando do serviço ou da aula pra casa. Não é à toa que muita gente já deixou de caminhar e andar no parque depois que escurece, é justamente pelo medo”, relatou a O Estado.
Ainda segundo o empresário, recentemente, ele e a esposa presenciaram um roubo de celular. “Terça-feira passada presenciamos um ocorrido. Era 20h, quando uma caminhonete passou correndo atrás de um homem que estava de bicicleta. Nosso estabelecimento estava bem movimentado, e quando todos se deram conta de que se tratava de um celular roubado, teve gente correndo para segurar o criminoso. Conseguiram mobilizar ele, até a polícia chegar para o prender. Está cada vez mais crítica a nossa situação”, acrescentou.
Compartilhando das mesmas experiências, a jovem Maria Eduarda Ximenes, de 18 anos, defende a reforma do parque, com a instalação de novos postes de luz e o reforço de segurança para conter os crimes praticados no lugar.
“Não saio muito tarde do trabalho, mas quando eu saio já está escurecendo. Como não moro muito longe, vou a pé, mas com essa escuridão toda, tem dias que o medo bate mais forte, é cada notícia ruim, de que foram assaltados, levaram os celulares, que a gente tem medo de atravessar sozinha dentro do parque”, explicou. “Tem uns vãos nas grades do parque, e com isso o pessoal entra e sai a qualquer momento. Precisamos de mais cuidado, mais iluminação, e assim acreditamos que as coisas vão melhorar por aqui”, destacou ela.
Diante dos episódios comentados pela vizinhança do parque nos últimos tempos, quem costuma usar a área de lazer para fazer exercício físico, como caminhada e atividades, tem tido cautela com as idas ao local, como é o caso do corretor de imóveis Ezequiel Barbosa, de 63 anos. Antigo morador do bairro, ele relembrou de quando o parque ainda era movimentado, e principal ponto de visita de quem passava pela região.
“Me mudei da região faz pouco tempo, mas ainda me lembro de quando o parque era o ‘point’ do bairro. Acredito que a parcela de culpa está para os dois lados: a prefeitura, que tem um certo descuido com o lugar, mas também para a população, que não cuida, não preserva. O Sóter é grande, com um espaço incrível para todos aproveitarem, mas muita gente não faz bom uso, rouba fiação elétrica, joga lixo, o que torna o lugar ainda mais desleixado. É uma pena, porque quem viu isso aqui há anos não acreditaria no que se tornaria”, finalizou Ezequiel.
Com o passar dos anos, o número de denúncias, por parte dos moradores, em razão da precariedade do lugar e, principalmente, da falta de iluminação, tem aumentado diariamente.
O que diz a prefeitura?
Em nota ao jornal O Estado, a Funesp (Fundação Municipal de Esportes) informou que, junto da Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos), está realizando a manutenção da iluminação das quadras de vôlei (basquete) e de futsal (tênis), que já receberão nesta semana a substituição de lâmpadas.
Sobre a revitalização do Parque do Sóter, “o local passa por reforma; já recebeu nova travessia de acesso, revitalização do gradil no entorno do parque, a área do parquinho infantil recebeu melhorias, as luminárias foram substituídas por LED, e os banheiros foram modernizados, porém, a empresa que trabalhava na obra pediu a rescisão de contrato e não finalizou a revitalização. Nova licitação será aberta para dar sequência às melhorias”, relatou em nota.
Além disso, o órgão afirma que equipes de limpeza e de manutenção da Fundação de Esportes realizam, com frequência, as melhorias de conservação no local. Quanto à segurança do ambiente, a Guarda Municipal acompanha os trabalhos e realiza rondas ostensivas 24 horas dentro do parque, com o auxílio de motocicletas, é o que assegura a prefeitura da Capital.
Veja também: Antigo cartão-postal, Horto Florestal cai no esquecimento
Leia a edição impressa do Jornal O Estado do MS.
Acesse as redes sociais do O Estado Online no Facebook e Instagram.