População pontua que a biblioteca do local é a única coisa que segue em pleno funcionamento
Por Camila Farias – Jornal O Estado do MS
Localizado no centro de Campo Grande, o Horto Florestal foi criado em 1956 e por muitos anos chegou a ser considerado um dos cartões-postais da cidade. O local contava com diversas opções de lazer e recebia diversos eventos culturais, mas atualmente a população pontua que está esquecido pelo Poder Público e até mesmo por grande parte da população, que não frequenta mais o local.
Dando continuidade à série sobre a qualidade dos parques da Capital, a equipe de O Estado visitou na tarde da última terça-feira (20) o Horto Florestal de Campo Grande, que, segundo a Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana), passou por uma revitalização na pista de caminhada no início de 2022 e que recebe por parte da Solurb a manutenção diária do parque, mas o que pôde ser visto pela equipe no local foram bancos quebrados, estruturas danificadas, bebedouros danificados e sem torneiras, banheiros sem funcionamento, entulhos e lixos espalhados.
O complexo foi entregue com o intuito de oferecer lazer e cultura para a população, contando com um centro de atividades múltiplas (Teatro de Arena), biblioteca municipal, lanchonete, parlatório, banheiros, playground, espelho d’água, cancha de malha, pista de cooper com estações de ginástica, pista de skate, além de uma vasta área verde.
Mas a única coisa que continua em pleno funcionamento é a Biblioteca Municipal, alguns dos banheiros internos e as áreas arborizadas do parque, pois até a lanchonete que funcionava no espaço foi desativada. Os poucos usuários que ainda frequentam o parque com alguma frequência sentem a necessidade de pedir por melhorias, como é o caso do administrador de empresas Aparecido Ramos, de 67 anos, que é morador da região há 18 anos e, mesmo notando o descaso com o local, não deixa de frequentá-lo.
“Por causa da minha idade eu venho sempre aqui, pois por recomendação médica eu preciso fazer caminhada e eu sinto que aqui está abandonado, eu não sei qual a secretaria responsável por aqui, mas eles têm de dar manutenção, arrumar, pois está abandonado. Esses dias deram uma carpinada aí, ajeitou ali, mas isso não é o suficiente para um lugar que está no centro, é o cartão-postal da cidade”, lamentou Aparecido.
Situação que também foi pontuada pelo padeiro Evandro Xavier, 33 anos. “Venho aqui um dia sim e outro não. Sei que todo este espaço precisa de reforma”, afirmou. Outro ponto observado por Aparecido foi a questão da falta de segurança, pois, segundo ele, o parque foi abandonado e os usuários de drogas estariam frequentando o local, que mesmo contando com um guarda não inibe a criminalidade. “Antes tinha polícia que ficava por aqui, agora nem isso nós vemos mais, e fica a mercê de quem quiser, tem muito lugar aqui pra bandido se esconder”, disse.
Gisela Nantes D’Avila, 58 anos, trabalhou no local durante dez anos e conta que foi uma das melhores épocas do Horto Florestal; ela foi a responsável pela lanchonete de 1999 a 2010 e contou à reportagem de O Estado que lá era um local incrível e que aos fins de semana eram realizadas rodas de samba que reuniam cerca de 200 pessoas.
“Eu vendia salgados, bebidas, pipoca e picolés. Aos sábados e domingos fazíamos rodas de samba, muitos grupos de samba e pagode começaram ali. Eu cuidava de lá, no parquinho eu mantinha os brinquedos, havia ônibus de excursões com crianças de escolas todos os dias para brincarem no parque, hoje está tudo largado”, afirma Gisela.
Outro morador da região também se mostrou decepcionado com o estado em que está o parque. Para seu Antônio Carlos, 66 anos, o lugar foi de fato abandonado. “Isso aí foi largado, nada presta, nada funciona, o pessoal fala que é por causa da pandemia, mas com ou sem pandemia, estava a mesma coisa, tudo lascado. Não tem segurança, toda vez roubam alguma coisa aí dentro, um dos guardas que trabalhava aí na porta, me falou que foram roubados os fios dos bebedouros, onde isso vai parar?”, questionou.
Nova Licitação
Em contato com a Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana), que é a responsável pela administração dos parques da cidade, eles afirmaram que, após o período eleitoral, será aberta uma nova licitação para a reforma do Horto Florestal, e que não existem registros de roubos ou furtos no local.
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