“Isso já virou lenda”, dizem comerciantes sobre o fim das obras na Rua Rui Barbosa

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Imagem: Reprodução/Valentin Manieri

Problemas variam entre excesso de semáforos e prejuízos aos usuários do transporte coletivo

Iniciadas em março de 2022, as obras de revitalização da Rua Rui Barbosa viraram uma “pedra no sapato” da atual administração municipal. O prazo de entrega previsto pela prefeitura era em agosto – mês de aniversário de Campo Grande. Não aconteceu como também virou tormento aos comerciantes e usuários do transporte público. Os condutores de veículos que circulam na rua, além de dividir espaço com os ônibus, perderam uma faixa para o terminal de ônibus instalado no meio da via.

Outro problema apresentado é o excesso de semáforos: na esquina da Rua Rui Barbosa com a Rua 7 de Setembro, há quatro semáforos, dois ligados e outros dois desligados. O novo sistema semafórico está instalado, porém o antigo continua em funcionamento, o que confunde ainda mais os motoristas que ficaram a passar mais tempo presos no trânsito.

Situação semelhante também foi observada pela equipe de O Estado no cruzamento entre a Rua Rui Barbosa e a Rua Hélio Castro Maia, onde os semáforos novos seguem desligados e os antigos em funcionamento. No local, motoristas precisam analisar até três sinaleiros para passar pelo trecho.

Outro cruzamento que também recebe diariamente um alto número de veículos é o localizado entre a Rua Rui Barbosa e a Avenida Salgado Filho. Em horário de pico os motoristas se confundem com a sinalização instalada no local e os antigos equipamentos, o que prejudica e aumenta o risco de quem passa pela via.

Questionada, a Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos) destacou que, para que o sistema de monitoramento em tempo real dos semáforos esteja em pleno funcionamento ao longo de toda a via, ainda é necessária a compra de alguns equipamentos e que os antigos sinaleiros devem ser retirados assim que todo o sistema esteja em funcionamento.

“A Sisep informa que alguns equipamentos estão em fase de aquisição, como, por exemplo, câmeras de monitoramento, e que tão logo serão instaladas e os semáforos serão ativados. A Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito ) orienta para que os motoristas se orientem pelos equipamentos que estão em funcionamento”, destacou a secretaria.

População x Prefeitura

O cenário é ainda mais preocupante para quem precisa passar diariamente pelo local. Incrédula quanto ao fim das obras, para a diarista Valdirene Balbuena, 51, o projeto do Corredor de Transporte Coletivo da Rui Barbosa já virou “lenda”.

“Só acredito vendo! Falam que vai ficar pronto, que vai ser uma melhoria, que vai ser mais rápido para o trânsito, mas só falam. É uma vergonha estarmos aqui, embaixo de árvores e toldos dos comércios vizinhos, para nos protegermos do sol e dos dias chuvosos”, reclamou ela, que pega ônibus na região central da Capital há 20 anos.

Atualmente, com quase dez meses das obras inacabadas, ainda é possível encontrar reclamações por parte de quem precisa trabalhar.

“Quando as obras estavam acontecendo o transtorno foi irreparável. O fluxo caiu de uma maneira drástica e a bagunça das obras atrapalhava a passagem das pessoas por aqui. Agora que não estão mexendo mais, tem melhorado o movimento, mas ainda assim não está bom, já que as obras não estão finalizadas, elas estão paradas”, reclamou Walid Mehieddine, 50, dono de uma lanchonete localizada entre as ruas Barão do Rio Branco e Dom Aquino.

Conforme Telma Jardim, 58, as promessas feitas pela gestão municipal já não têm mais credibilidade. “O que seria uma melhoria para quem pega ônibus se tornou um pesadelo. Já passei por ‘poucas e boas’ com essa história de tirar o ponto de um lugar, de mudar as linhas de ônibus, e não ter mais guichê de comprar passes. Temos que andar mais para chegar em um ponto e isso tem dificultado. Mesmo sem previsão de entrega, estou ansiosa, e com expectativa de que dê certo, porque, se não der, sairemos mais uma vez no prejuízo”, finalizou.

De acordo com a prefeita da Capital, Adriane Lopes, o projeto que tem sete quilômetros de revitalização, e conta com recapeamento, instalação de mobiliário urbano, lâmpadas de LED, paisagismo, acessibilidade, câmeras de videomonitoramento, semaforização inteligente, wi-fi gratuito, microdrenagem e padronização de calçadas, precisou ser interrompido por reclamações da parte dos comerciantes.

“Tivemos atrasos nas obras, diante das dificuldades de estar trabalhando com os comerciantes atuando nos seus comércios, então tomamos algumas medidas para que não atrapalhasse de alguma forma. Com isso foi preciso diminuir a intensidade de funcionários no momento de estar executando as obras, e a forma como ia ser implementada”, explicou.

Ainda conforme a prefeita, as mudanças se fizeram necessárias, tendo em vista que, se executado como o planejado, comerciantes teriam de fechar as lojas, para que a obra fosse concluída, o que não foi viável segundo a chefe do Executivo. “A Rui Barbosa tem uma particularidade que é a compra dos semáforos, onde toda a parte tecnológica será modificada, já que essa rua terá uma inteligência, se tornando um diferencial por aqui. Mas essa questão também houve atraso, na entrega e na licitação. Vale destacar que esses equipamentos virão de fora do Brasil, e diante da guerra e de outros contratempos envolvendo outros países, tivemos esses atrasos”, pontuou.

De acordo com a coordenação do “Reviva”, o Corredor da Rui Barbosa trará mais segurança aos pedestres. A Rui Barbosa receberá cinco estações de embarque e desembarque ao longo dos 7 km que estão sendo requalificados. Em teoria, os pedestres poderão circular na via por meio de rampas e tapumes.

Por Brenda Leitte – Jornal O Estado de MS.

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