Trabalhadores deixam carteira assinada para investir na Bolsa de Valores
Por Taynara Menezes – Jornal O Estado do MS
A independência financeira nunca esteve tão cogitada como nos dias atuais, principalmente com as plataformas digitais que facilitam o trabalho remoto. Diante do cenário, alguns trabalhadores já estão deixando o emprego formal de lado para sobreviver de investimentos.
Como é o caso do investidor Flávio Rodrigues Padilha, de 27 anos, que começou a estudar sobre o assunto no início do ano e, em seguida, iniciou o curso de Trade, investindo R$ 2 mil para aprender sobre a área. Na época trabalhava como atendente de farmácia, hoje, ele se dedica de forma integral às aplicações, em casa.
“Comecei a estudar e fui me interessando. Como estou no início, atualmente consigo tirar renda de um salário mínimo, pago as principais contas e pago meu INSS. Claro que há sempre riscos em perder dinheiro, mas nada que venha destruir meu patrimônio [capital], pois sempre no dia seguinte, é possível fazer dinheiro”, explica.
Apesar da flexibilidade de horários, Flávio esclarece que não é tão fácil como parece, o sistema requer dedicação e preparo psicológico. “O segredo é sempre manter a consistência em ganhos, não ter pressa em ganhar rios de dinheiro, mas com moderação no que faz. Ao contrário do que muitos dizem, não é dinheiro fácil, requer maturidade para perder e ganhar”, enfatiza.
Felipe Vitor Cacho Amador, de 28 anos, deixou a carteira registrada há oito meses para investir no mercado financeiro. O foco do investidor no momento é construir um capital para se fortalecer no ramo.
“Com planejamento, sai do meu emprego e fiquei em casa estudando sobre o assunto, ganhando meu seguro desemprego. Aos poucos estou construindo uma consistência no mercado e autonomia para investir com mais segurança a cada dia”, explica.
Procura
Estudo recente da B3 (Bolsa de Valores do Brasil) aponta que cerca de 4,2 milhões de brasileiros se tornaram investidores, pessoas físicas, na Bolsa de Valores. Somando 5 milhões de contas abertas em corretoras. Desse total, 3,8 milhões são dominados por homens, já as mulheres somam 1,2 milhão de contas.
O especialista em investimento da ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro), Rafael Yukio, atribui o aumento das pessoas físicas em investimentos à queda da taxa Selic, em 2019, quando chegou a 4,4% ao ano. Nesse período, 81% dos novos investidores entraram na Bolsa de Valores.
“Esse aumento ocorreu quando a Selic estava em baixa, alguns são investidores já experientes, não podemos negar que há uma série de investidores com bastante capital que vão para o mercado de renda fixa que é muito mais rentável, com essa baixa da Selic” argumenta.
Outro fator que Rafael acredita que tenha cooperado para a movimentação no mercado financeiro é o fácil acesso à internet e a crise que o país tem enfrentado nos últimos anos. Com a pandemia da COVID19, muitas pessoas procuraram uma fonte de renda flexível ao momento.
“Em razão da crise muitas pessoas entraram em busca de uma renda, com a evolução da internet ficou mais fácil, surgiu muito marketing e acabou criando um espaço para as pessoas físicas aplicarem isso, alguns conseguem ter sucesso, aqueles que não conseguem perdem muito dinheiro. São operações de alto risco, assim como é fácil de ganhar, ao mesmo tempo é fácil de perder, tudo depende de experiência, técnicas e estudos”, analisa.
Resultados
Ainda de acordo com a B3 (Bolsa de Valores do Brasil), o mês de dezembro de 2021 fechou com R$ 501 bilhões de investimentos no mercado brasileiro, aumento de 9% em relação ao mesmo período de 2020.
O resultado mostra a evolução do número de pessoas físicas em renda variável com um salto significativo desde 2019. Foi nesse período que 81% dos novos investidores entraram na bolsa. Em contrapartida, a maior parte do estoque (66%) se concentra em investidores mais antigos, que entraram antes de 2016.
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