Fórum Pontes Pantaneiras promoveu pecuária sustentável e ecoturismo como soluções

Foto: Divulgação
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Como propósito discutir e dar visibilidade aos casos de sucesso no uso sustentável do ecossistema pantaneiro e debater soluções para os desafios da região, o 1º Fórum Pontes Pantaneiras foi realizado em Campo Grande durante os dias 16,17 e 18. Evento que estabeleceu um novo capítulo na conservação do Pantanal.

Durante os três dias de fórum, cerca de 15 mesas redondas e painéis reuniram mais de 100 painelistas para debater casos de sucesso de conservação e refletir sobre mudanças positivas que valorizam o povo, a cultura e o capital natural.

Uma das maiores metas do encontro é aumentar a visibilidade do Pantanal brasileiro em âmbito nacional e internacional. Outro foco é incentivar alianças entre fazendeiros, comunidades tradicionais e povos indígenas para troca de experiências, projetos inovadores e iniciativas para a sustentabilidade, bem como atrair investidores para contribuir com o desenvolvimento sustentável do bioma.

Para isso, duas das principais frentes a serem desenvolvidas para fomentar o desenvolvimento econômico da região, e abordadas no evento como soluções, são a pecuária sustentável e o turismo ecológico. Portanto, um dos debates do Fórum Pontes Pantaneiras dedicou-se a trazer o papel importante da cultura da pecuária sustentável pelos povos pantaneiros.

Uma análise da Embrapa feita em 2022 constatou que ativos tecnológicos e sistemas de produção para agricultura sustentável adotados no Brasil estão ganhando destaque e despertando o interesse de organismos científicos e multilaterais internacionais.

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Mediado por Walfrido Tomas, da Embrapa Pantanal, foi apresentado dados das propriedades rurais que ocupam cerca de 93% da área do bioma, exercendo a atividade econômica com maior potencial seja para beneficiar ou causar impactos negativos aos ecossistemas.

Ele defende que é necessário como parte do trabalho de valorização, criação de mecanismos de recompensas, seja mapeando e quantificando o capital natural, além de políticas de crédito pautados pela sustentabilidade, por exemplo.

Para isso, são necessárias a formação de redes de propriedades voltadas para sustentabilidade, favorecendo o estabelecimento de governanças locais, troca de experiências e construção de agendas comuns entre os tomadores de decisão.

Marcos Carvalho da FAMATO, à frente da Fazenda Pantaneira Sustentável, projeto que está presente em cinco municípios, 15 propriedades com 96,5 mil hectares e 53,3 mil cabeças de gado, traz como desafio de uma das frentes trabalhadas pela iniciativa a comprovação do serviço ambiental que a pecuária de corte exerce no Pantanal.

Segundo ele, a cada 10 propriedades, são necessários R$ 3 milhões por ano para garantir os serviços técnicos necessários para o pleno funcionamento de toda a cadeia.

Marcos defende a necessidade de investimentos para expandir o conhecimento técnico para os pecuaristas pantaneiros. “Temos o know how para fazer assistência técnica do Pantanal. São cinco anos de experiência com processos bem consolidados. Temos 60 propriedades querendo entrar no projeto. O que falta é recurso, dada o desafio de levar assistência técnica no Pantanal.”

Um dos caminhos para valorização da atividade pecuarista é a criação de um selo de carne sustentável, a exemplo de experiências em outras regiões no Brasil, como na região dos Pampas. “Temos discutido um selo para carne sustentável e carne com indicação geográfica no Pantanal”, ressalta Marcos.

O projeto reuniu proprietários rurais, comunidades tradicionais, empresários, investidores, artistas, produtores culturais, agentes de turismo, cientistas, organizações não-governamentais, setores públicos estaduais e federal, acadêmicos, educadores, povos indígenas e o público em geral.

Experiências do turismo para potencializar a valorização da biodiversidade

O ecoturismo foi o principal motivo para uma em cada quatro viagens domésticas realizadas a lazer no Brasil em 2021. O dado do Boletim do Turismo Doméstico Brasileiro, desenvolvido pelo Ministério do Turismo e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), aponta que segmento já entrou para a lista de motivos que ampliaram as viagens pelo país, com um acréscimo de 5% em relação ao ano anterior (2020).

A tarde de sexta-feira, último dia do Fórum Pontes Pantaneiras apresentou as oportunidades que o setor de turismo e hotelaria podem oferecer para elevar a valorização da biodiversidade.

Cristina Cuiabália, do Sesc Pantanal, mediou o encontro de Bruno Wedling, da Fundação de Turismo ligada à Secretaria de Estado de Turismo, Esporte, Cultura e Cidadania de Mato Grosso do Sul; Camila Schweizer Schindler, proprietária da Fazenda Barranco Alto; Bianca Rondon, da Afrotours; e Roberto Klabin, proprietário da Caiman.

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A mesa-redonda levou ao espectador os principais desafios para criação de oportunidades e elevar o apelo turístico do Pantanal para turistas além das regiões vizinhas, na sensibilização das pessoas sobre o  papel do turismo na movimentação da economia pantaneira e os investimentos compatíveis com o potencial que temos no Pantanal.

Nesse contexto, os palestrantes destacam a importância da iniciativa privada e o quanto o poder público pode contribuir com políticas públicas claras e que assegurem o fortalecimento do setor no Pantanal.

Bruno Wedling traz como desafio da pasta ligada à Secretaria de Turismo, Esporte, Cultura e Cidadania do estado a unificação da rota Pantanal x Bonito. “A resistência era muito grande quando cheguei. E mesmo o turista consumindo os produtos turísticos de forma natural, há um desafio de trabalhar a identidade ecoturística dos dois destinos mais procurados no estado”.

Roberto Klabin, da Caiman, trouxe alguns aprendizados e benefícios para as propriedades que atuam na preservação da biodiversidade. Partindo das experiências de sua propriedade, ele defende que “o crescimento do turismo muda o tecido social da região, amplia a geração de renda, inclusive para um número maior de pessoas, eleva a participação de mulheres no território”.

Segundo ele, em 1987, a pecuária representava 100% da atividade da fazenda. Em 2022, esse número foi inferior a 30%. As mulheres representavam 5% e hoje representam 40% do total de funcionários, comparando os mesmos períodos. Acesse também: Lia acredita que nome do PSDB para Prefeitura de Dourados sai esse ano

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