Segundo a prefeitura municipal, a interdição é de caráter preventivo e será por tempo indeterminado
Os problemas dos córregos de Campo Grande não se resumem apenas à revitalização da contenção da Avenida Ernesto Geisel, mas também da Avenida Fernando Corrêa da Costa com a Rua José Antônio, cuja ponte está interditada desde terça-feira (31), em razão do risco de desabamento. Uma equipe técnica da prefeitura realizou uma vistoria na tarde de ontem (1º), para apontar um laudo definitivo da estrutura da ponte.
Questionada, a Prefeitura de Campo Grande informou a O Estado que a interdição é de caráter preventivo e será por tempo indeterminado. “Atenta às questões de segurança, decidimos pela interdição por tempo indeterminado da ponte sobre o Córrego Prosa, na Avenida Fernando Corrêa da Costa, na altura da Rua José Antônio. As fortes chuvas do último período causaram solapamento na base da ponte, ou seja, erosão na parte do aterro sob a cabeceira da ponte. Por precaução, optamos pela interrupção do tráfego naquela estrutura”, alegaram em nota.
Ainda conforme o município, na tarde de ontem (1º), técnicos realizaram uma vistoria no equipamento para, por meio de cálculos estruturais, avaliar se há danos na ponte que possam demandar intervenção de engenharia. “Depois dessa investigação será possível determinar os trabalhos a serem realizados e os procedimentos técnicos e administrativos para que seja restabelecida a normalidade naquela estrutura”, acrescentaram.
Moradora há 38 anos no Jardim São Bento, a advogada Cleuza Mongenot, 63, conta que possui um imóvel na Rua José Antônio com a Avenida Fernando Corrêa e que o problema nesse trecho é recorrente. Além da falta de drenagem e canalização, ela apontou que o córrego transborda, os bueiros vivem entupidos, há um mau cheiro forte na região e ainda muitos pernilongos.
“Quando fizeram o projeto era para fechar e canalizar o córrego desde a José Antônio, inclusive o orçamento previa isso. Toda a vida nós sonhávamos com isso. Mas, canalizaram só a parte de lá. Aqui na José Antônio não canalizaram ficou esquecido, sendo que é uma via muito importante que liga o centro aos bairros São Bento, Itanhangá, Monte Líbano, por exemplo. Sempre deu problema aqui, seja por alagamentos, mau cheiro ou mosquitos”, apontou a advogada.
Mesmo com a ponte interditada, a auxiliar de limpeza Miriam Pereira, 48, atravessou a via andando já que este é seu percurso de saída do trabalho. “Eu não tenho medo, não. Já trabalho bem aqui há anos e não tem outro caminho, é só esse mesmo. Primeira vez. Que vejo a ponte interditada, não é algo normal. Espero que a prefeitura arrume o quanto antes porque pagamos nossos impostos certinho e queremos melhorias”, reivindicou a trabalhadora.
Por fim, o ciclista Maurílio de Oliveira, 58, que estava à procura de emprego, atravessou a ponte sem entender a gravidade do problema. “Não acredito que interditaram só por causa disso. Tantos problemas mais graves, nos bairros ou acontecendo com à população, com as pessoas. Estão de brincadeira. Atrapalham o trânsito e não resolvem logo o problema. Uma hora alguém pode se machucar de verdade”, opinou.
Mudança no trânsito
O diretor-presidente da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), Janine Bruno, disse a O Estado que equipes de trânsito permanecerão no local por tempo indeterminado e que contam com a paciência e prudência dos condutores que utilizam a vida.
Em consequência das mudanças no trânsito da região, a Agetran orienta os motoristas que trafegam pela Rua José Antônio a pegar a Rua Joaquim Murtinho e então a Av. Fernando Corrêa da Costa ou utilizar a Rua Pedro Celestino para cruzar o córrego.
Cabe destacar que a Sebastião Lima, no trecho que liga com a Avenida Ernesto Geisel, foi interditada em decorrência da interdição da José Antônio. “Foi feita uma mudança de sentido de mão em cima da ponte da Sebastião Lima para facilitar para quem ia entrar na José Antônio, agora desce a Fernando Côrrea da Costa passa por cima da ponte da Sebastião, pega a Fernando Côrrea e volta novamente para a José Antônio”, explicou Janine.
A mudança desagradou ao comerciante Gustavo José, 28, que possui uma loja de frios na Rua Sebastião Lima. “Ficou bem ruim. Na parte da manhã sentimos uma queda na clientela e agora a tarde está dando uma estabilizada. Espero que a prefeitura arrume logo, não sei como que eles vão agir, quanto tempo vai demorar porque é uma situação de emergência”, observou.
Já o frentista Rodrigo Sales, 35, revelou que a via costuma ficar congestionada nos horários de pico e com as interdições o fluxo de veículos está ainda pior. “A partir das 17 horas a situação aqui fica complicada. Nos horários de pico já é movimentado essa rua e ficou pior com a interdição porque o pessoal fica meio perdido”, contou.
Ernesto Geisel
Na Ernersto Geisel, as obras no Rio Anhanduí, que são para estabilizar as margens do rio (com muro de gabião e placas de concreto), já duram dez anos. Segundo a prefeitura, sem as paredes de gabião ou de concreto, quando chove muito na cabeceira dos córregos afluentes (Prosa e Segredo), a correnteza aumenta. A água, ao bater no barranco diretamente, derruba o aterro e provoca erosão, colocando em risco as pistas, como o que ocorreu na Fernando Corrêa com a José Antônio.
As primeiras intervenções ocorreram no ano de 2012, mas somente em 2018 avançaram efetivamente. Entretanto ainda falta a conclusão de um trecho, que está separado em dois lotes: um entre as ruas Abolição e Bom Sucesso e outro entre a Bom Sucesso e a do Aquário. Cada parte tem custo previsto de R$ 25,6 milhões e R$ 15,8 milhões, respectivamente. A obra não foi finalizada porque a empresa Dreno Construções, que estava responsável, não continuou o serviço e pediu rescisão do contrato no ano passado.
Por Suelen Morales – Jornal O Estado do MS
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