Empresa responsável afirma que problemas de cobrança indevida foram solucionados e linhas devem ser reforçadas
Após o impasse enfrentado no primeiro turno, quanto ao passe livre de ônibus no domingo de eleições, passageiros do transporte coletivo da Capital reclamaram da organização, quanto à gratuidade do serviço. Muitos dos eleitores que se deslocavam para o seu local de votação tiveram de passar o cartão para serem liberados nas catracas, tanto dos ônibus quanto nos terminais. Diante da desordem, o Consórcio e a Prefeitura de Campo Grande tentam, ainda, se alinhar para liberar a tarifa gratuita na eleição nesse segundo turno.
Para o próximo dia 30 de outubro, quando acontecerão as eleições, há um decreto determinando a mesma medida tomada no dia 2 deste mês, aprovada pelo STF (Supremo Tribunal Federal), na última terça-feira (18). Em Campo Grande, conforme o representante do Consórcio Guaicurus, Robson Strangari, os problemas ocorridos no primeiro turno já foram solucionados, sendo assim, as mesmas medidas serão aplicadas no último domingo de outubro.
“Os problemas que tivemos já foram corrigidos. De nossa parte, com exceção desta mudança no cartão portador, permanece inalterado o que fizemos no primeiro turno”, garantiu.
Quando questionado sobre as tarifas que foram cobradas dos passageiros, se estas já teriam sido ressarcidas, o representante do consórcio afirmou que não. “Não foram ressarcidas, embora tenhamos feito o pedido.” Ainda segundo ele, “no nosso entender o valor é devido e cobraremos, como estamos cobrando, pois não se pode criar uma nova isenção – foi o que ocorreu – sem determinar qual a fonte de custeio para tal”, pontuou Robson.
Em contrapartida, segundo a Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), os eleitores que tiveram de pagar pela tarifa “já foram ressarcidos, no momento em que eles passaram o cartão no dia seguinte, o sistema já creditou o passe cobrado. Os demais que enfrentaram algum problema, foram até o consórcio e solicitaram o retorno”. O órgão ainda garante que, para o segundo turno, será uma operação semelhante àquela que houve no primeiro, e que os problemas pontuais que houve, estes já foram devidamente solucionados.
As linhas do transporte público na Capital deverão rodar pela cidade no domingo de eleição conforme determinado pela Agetran, as quais deverão atuar com a tabela de sábado. “Com a grande demanda de mobilidade por toda a cidade, somente os horários de domingo não devem comportar toda a população. Com isso, as frotas são praticamente dobradas. Por exemplo, 081 que não roda no domingo, vai rodar no dia de eleição, entre outras”, explicou o órgão.
Vale lembrar que, no primeiro turno das eleições, a Capital contou com reforço para as linhas Bandeirantes (071), Nova Bahia (073), UCDB – Júlio de Castilho (074), Parque do Sol (110), Chácara das Mansões (119), UCDB (222), Cabreúva (229), Caiobá (302) e Dom Antônio Barbosa (319).
Já as linhas 070, 080 e 081 ofereceram o serviço com plano funcional de sábado, mas sem reforço. As linhas 230 e 521 do Parque dos Poderes, que habitualmente operam apenas durante a semana de segunda a sexta, também funcionaram no domingo, mas sem reforço de frota.
Outra medida adotada foi a de disponibilizar veículos extras para os terminais Bandeirantes e Nova Bahia, que receberam dois veículos e mais um extra com tripulação, das 8h às 17h.
Relembre
Dois dias antes das eleições do primeiro turno, na sexta-feira (30), a prefeitura da Capital anunciou que os eleitores poderiam se locomover de graça pelos ônibus coletivos entre as 5h e as 18h no domingo, atitude essa que foi vista como um “problema” pelo Consórcio Guaicurus, já que a determinação “foi feita em cima da hora”, disse a empresa.
De acordo com relatos de eleitores que utilizaram do transporte público na data, muitos passageiros passaram o cartão para serem liberados nas catracas. “Se não passasse o cartão, a pessoa não conseguia liberação para entrar. Apesar de o passe ser livre naquele dia no Brasil inteiro, boa parte da população teve de gastar com passe em Campo Grande sim”, relembrou um grupo de passageiros no Terminal Morenão na Capital.
Pego de surpresa ao entrar no ônibus, Eliel Monteiro, 24 anos, foi surpreendido ao ter de usar um passe para poder passar pela catraca. “Dia 2 ainda não tinha recebido, e como tinha visto uns dias antes que o passe seria livre mesmo, em vez de pagar carro de aplicativo, resolvi ir de ônibus até o colégio onde voto. Quando subi no ônibus vi as pessoas passando o cartão para poder girar a catraca, e tive de recorrer ao meu passe que uso para ir trabalhar. Ainda bem que eu tinha, se não, teria de descer e ir de outro jeito”, relatou ele ao jornal O Estado.
Todos podem usar o benefício
Embora a medida tenha sido tomada para garantir mobilidade aos eleitores no dia do pleito – proporcionando o direito à cidadania por meio da votação nas eleições – para pessoas de baixa renda, há pessoas que aproveitam da ocasião para transitar pela cidade de forma gratuita. Segundo o Consórcio, “como o decreto se refere a passagem livre, é permitido que todos utilizem do benefício, inclusive crianças, sendo sem condições para um controle da situação”. Diante disso, a alta demanda se dá a famílias que aproveitam o dia para usarem o meio de locomoção sem precisar pagar o valor estipulado.
Na cidade de Dourados, a 229 km da Capital, a medida também já havia sido adotada pelo prefeito da cidade, Alan Guedes, antes do primeiro turno. Com isso, de 5h às 18h do dia 30 de outubro deste ano, o município também aplicará o passe livre de ônibus, assim como em Campo Grande.
Por Brenda Leitte – Jornal O Estado do MS.
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