Centro renovado: proposta de corredor cultural e gastronômico levanta debate

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Foto: Divulgação/PMCG

A Câmara Municipal de Campo Grande, por meio da Comissão Permanente de Cultura, realizou, nesta última quarta-feira (29), audiência pública para discutir a criação de um corredor cultural e gastronômico na Rua 14 de Julho. Um projeto de lei, do vereador Ronilço Guerreiro (PODEMOS), já foi protocolado na Casa propondo a criação do espaço no trecho entre as Rua Marechal Rondon e a Avenida Mato Grosso. 

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Ronilso inicia audiência sobre corredor cultural e gratronômico – Foto; reprodução

“A região central de campo grande foi revitalizada, a 14 ficou bonita, foram colocadas iluminação, câmeras, plantas ornamentais, câmeras de segurança, mas esqueceram de levar gente para o centro de Campo Grande. E o Centro se faz com pessoas. Com essa revitalização do centro, o IPTU aumentou e o aluguel também aumentou”. Disse Guerreiro, no início na audiência. 

A proposta do corredor cultural e gastronômico surge como um esforço para reviver o movimento no Centro, atualmente marcado pela baixa circulação de pessoas. Uma das estratégias em discussão é a possibilidade de oferecer descontos no IPTU para os empresários que aderirem ao projeto, buscando incentivar a participação e a revitalização da área. Um projeto de lei foi apresentado para permitir as obras necessárias, mas ainda não avançou no processo legislativo.

A audiência pública, no entanto, vai além da discussão sobre o corredor cultural, abordando a transformação na relação dos moradores de Campo Grande com o Centro. A movimentação, que já foi intensa e caracterizou o auge do comércio local, enfrenta desafios. Placas de “aluga-se e vende-se” se multiplicam nas fachadas de imóveis que antes eram pontos comerciais privilegiados.

O engenheiro Sérgio Seiko Yonamine, da Associação Comercial e Industrial de Campo Grande (ACICG), acrescentou uma visão abrangente, argumentando que é crucial pensar no Centro como um todo, não apenas na Rua 14 de Julho.

“Há 30 anos que a região central está perdendo população. Então, isso tem um motivo, não é uma patologia urbana. Campo Grande cresceu. Desde a primeira versão do plano diretor, em 1992, já se falava da criação de centros regionais. Porque é impensável pensar uma cidade com quase 1 milhão de habitantes ter todo serviço bancário, hospitalar, escolar apenas no Centro. Então, é quase que natural que os polos regionais se criem quase que naturalmente. O ideal é que seja feita de forma planejada. Para isso existe o plano diretor.”

Sérgio Seiko Yonamine ainda dá o exemplo de como uma população fixa em determinada localização aquece a vida comercial. 

“Então, por que o centro das Moreninhas floresceu e floresce? Porque tem gente morando. Que vai consumir a pizza, que consome o serviço da farmácia. Um dos motivos da crise de serviços e comércios é a perda de população, porque quem consumia não está mais consumindo, quem comprava não está mais comprando, já que mudaram para outros lugares por diversas razões. Durante anos, sonhamos com a revitalização da 14. Dizem que ficou bonito, mas não funcionou. Acho que tem um projeto muito bom. Mas não dá para se pensar só na 14, mas sim na região central”, defendeu.

O secretário-adjunto da Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos), Enéas José de Carvalho Netto, também apoiou a proposta. “A ideia é louvável. Podemos, sim, contribuir com tudo isso. Hoje, se quisermos que a 14 de Julho vire um case de sucesso para o Brasil inteiro, precisamos trabalhar essa questão da habitação e da oferta de serviços públicos na região”, sugeriu. 

Serviços de assistência social

Um dos pontos abordados durante a audiência foi o número de pessoas em situação de rua na região central de Campo Grande e como solucionar esse grave problema. O Vereador André Luis (REDE) reforçou a importância de fazer um diagnóstico correto para saber qual a intervenção

“O morador de rua nada mais é do que uma pessoa que ocupa um lugar deserto. O morador de rua, geralmente, ele é um misantropo, ele tem uma dificuldade social. Ele se enconde em algum lugar. Então, quando a cidade é morta durante a noite ele vai se esconder no Centro da cidade. É um problema multifacetado. Precisamos conversar, manter um diálogo permanente. Somos plantadores de sementes, estamos na fase de plantar. E, para isso, temos que preparar o solo e saber exatamente qual é o problema. Se fizermos a intervenção errada, vamos continuar com o problema”, defendeu.

Além disso, esteve presente a superintendente de Proteção Social Especial, Tereza Cristina Miglioli Bauermeister. Ela reforçou o trabalho da assistencia social e argumentou a existência de um trabalho humanizado no acolhimento de pessoas em situação de rua. 

“Nós temos unidades de acolhimento, nós temos serviços voltados para esse público. Eu não posso retirar aquele morador em situação de rua que não queira aceitar. Temos resolução do Conselho Nacional de Direitos Humanos que diz que não podemos retirar coercitivamente. Entretanto, temos nos empenhado para tentar retirá-los, porque conhecemos histórias lindas que estão lá, profissões como advogados, artistas. Então, tentamos recuperar habilidades que eles têm, tentamos, a partir de um trabalho humanizado, sensibilizá-los e emancipá-los.”  

Localização

O corredor localizado na Rua 14 de Julho, no encontro entre a Rua Marechal Rondon e a Avenida Mato Grosso. Teria organização do fluxo de veículos e pessoas, sinalização específica, fiscalização e identificação visual. 

 

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