Luciana Carvalho, 45, é mais recente vítima de feminicídio em Campo Grande, morta a facadas pelo companheiro na última quinta-feira (28), o corpo de Luciana passou quatro dias em casa até vizinhos sentirem o mau cheiro e denunciar o crime a polícia.
Dados da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública) apontam que desde o incio de 2022, Mato Grosso do Sul contabilizou 26 feminicídios, somente em Campo Grande foram registrados sete ocorrências.
Feminicídio é expressão utilizada para denominar as mortes violentas de mulheres em razão de gênero, ou seja, que tenham sido motivadas pela condição de ser mulher. O feminicídio é a faceta final da violência contra mulher visto que em grande parte dos casos o crime decorre de um ciclo de violência doméstica.
Em coletiva realizada na manhã desta terça-feira (2), a delegada da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) Elaine Benicasa ressalta que a frieza do autor é um dos pontos que chama atenção no crime.
“Após matar a companheira, durante quatro dias ele saia para trabalhar, sempre fechava a casa justamente para que ninguém percebesse. Ele se mostrou uma pessoa fria, no interrogatório ele mostrou uma frieza comum desse tipo de feminicida, só pelo fato de ir trabalhar e voltar e dormir com o corpo dentro da casa já demonstra a brutalidade”, disse.
Dados do FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública) apontam que 90% dos assassinatos de mulheres são considerados feminicídios íntimos, ou seja, quando autor do crime é ou foi companheiro ou possui relações com a vítima. O levantamento mostra ainda que em relação às denúncias à Central de Atendimento à Mulher (Disque 180), no início da pandemia, os números registrados foram 27% maiores do que no mesmo período de 2019.
O crime
Luciana Carvalho foi encontrada morta na noite de ontem (1°), na Vila Silvia Regina, em Campo Grande. A vítima foi morta com 4 golpes de faca desferidos por seu companheiro, de 47 anos com quem vivia junto a cerca de um ano. O caso foi descoberto somente após vizinhos da vítima reclamarem de um forte odor vindo da residência e acionarem a Polícia Militar.
No momento em que a polícia estava no local, o autor do crime passou de bicicleta em frente a residência e foi identificado por vizinhos e preso em flagrante. O corpo de Luciana foi encontrado em estado de decomposição no chão da residência.
Conforme a delegada da Deam, a vítima já havia solicitado medida protetiva contra o marido em fevereiro deste ano alegando violência domestica, contudo, o casal teria retornado pouco tempo depois.
Em julho deste ano, o marido registrou um boletim de ocorrência contra Luciana alegando que a mulher o agredia constantemente.
“No interrogatório ele disse que na noite do crime eles teriam discutido pelo sumiço de anéis que segundo ela, ele teria pego. Após a discussão ele foi dormir e acordou com a vítima discutindo com ele na posse de uma faca, nesse momento ele toma a faca, ela corre para a cozinha, mas ele o alcança e desfere golpes de faca contra ela”, explicou Elaine Benicasa.
O homem responderá por feminicídio e ocultação de cadáver e se condenado poderá pegar até 30 anos de prisão. Há previsão é que ele passe por audiência de custódia amanhã (3).
Em 2015, o governo federal sancionou a Lei 13.104 conhecida como Lei do Feminicídio, que torna o assassinato de mulheres por questões de gênero como um crime hediondo. Segundo a delegada Elaine Benicasa, desde a promulgação da lei os casos de feminicídio apresentaram queda em todo o país.
Serviço:
Disque 180
O Disque-Denúncia, criado pela Secretaria de Políticas para Mulheres (SPM), permite denunciar de forma anônima e gratuita, disponível 24 horas, em todo o país. Os casos recebidos pela central chegam ao Ministério Público.
Disque 100
Para casos de violações de direitos humanos, o disque 100 é um dos meios mais conhecidos. Aliás, as denúncias podem ser feitas de forma anônima para casos de violações de direitos humanos.
Casa da Mulher Brasileira
Vítimas de violência também podem recorrer à Casa da Mulher Brasileira, localizada na
Rua Brasília, lote A, quadra 2, s/ nº – Jardim Imá – Campo Grande (MS) – Telefone: (67) 2020-1300
Com informações do repórter João Gabriel Vilalba.
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