Para técnico do Aquidauanense, risco de goleada sempre existe

Aquidauanense
Foto: Nilson Figueiredo

Marino volta a criticar situação do futebol de MS; time joga hoje no DF

Depois do Águia Negra, o outro representante de Mato Grosso do Sul na Copa Verde joga hoje (14), às 14h (de MS), diante do Gama, no estádio Abadião, em Ceilândia (DF).

O time de Aquidauana está sem disputar jogos oficiais desde 30 de maio, quando foi eliminado ainda na fase preliminar da Série D, pelo Rio Branco-ES. O Aquidauanense vem de uma amarga lembrança na Copa Verde. O time sofreu a maior goleada da última edição, diante da Aparecidense-GO, por 7 a 0, em 20 de janeiro, fora de casa. Atualmente, o clube de Aparecida de Goiânia decide sábado (16) uma das vagas para o Brasileiro da Série C, diante do Uberlândia-MG.

O elenco de Aquidauana treinado por Mauro Marino embarcou ontem de manhã, de Campo Grande, rumo à capital federal. Na terça-feira (12), por telefone, o técnico do Azulão disse que o risco de novas goleadas existe.

Ele criticou o regulamento do torneio e a FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul). Na primeira fase e nas oitavas de final, as vagas são decididas em apenas um jogo. “Não tem como manter um elenco, a federação exige no mínimo três meses [de contrato], não tem como montar [uma equipe]”, disse Marino à reportagem. O grupo de jogadores é formado por atletas do sub-20 e oito profissionais.

O treinador acrescenta que o Gama também vai utilizar procedimento semelhante.

Para Marino, o torneio é mal planejado e o calendário feito pela FFMS não ajuda os clubes de Mato Grosso do Sul. “Não há competições no segundo semestre, só o Estadual que é no começo do ano. Não tem condições de a gente contratar agora, e manter o jogador até o ano que vem”, argumenta. Segundo ele, é inviável pagar três meses de salários, sem competição à vista. O treinador estima um custo de pelo menos R$ 50 mil mensais.

Na Copa Verde, a CBF banca despesas como transporte, hospedagem e alimentação ao time visitante, procedimento semelhante ao feito pelo governo estadual em relação ao Campeonato Sul-Mato-Grossense.

O futebol evoluiu e MS ficou parado, diz técnico

Assim como em entrevistas anteriores, voltou a citar que a falta de apoio financeiro deixa o Estado cada vez mais atrasado em relação ao restante do país. “O pessoal vive de saudosismo, do Operário, da década de 70, 80. O futebol evoluiu muito em 40 anos e Mato Grosso do Sul ficou parado”, fala.

Marino fala também sobre as críticas a respeito da falta de trabalho de base. Diz que os encargos cobrados pela federação estadual prejudicam o desenvolvimento do sub-17, sub-19, e assim não se revelam jogadores. “Depois o pessoal cobra resultados, que a gente traz jogador de fora. A própria federação não ajuda. Aqui é no peito e na raça”, desabafa. Uma opção para melhorar as condições seria, sugere Marino, tirar encargos e montar uma contrapartida aos times.

Técnico não vê melhoras tão cedo

Segundo o treinador do Aquidauanense, o Poder Público deveria patrocinar o futebol local em três frentes: a ajuda aos clubes na disputa do Estadual, como já acontece; uma verba para o(s) representante(s) de Mato Grosso do Sul em torneios regionais e nacionais; e outra cota para fomentar as categorias de base.

Marino sugere que a federação tenha de correr para buscar patrocínios aos campeonatos. E que o governo ajude os clubes que disputarão os torneios nacionais. “Em Goiás, o governo destinou R$ 500 mil para o Atlético-GO”, exemplifica.

Outra opção, cita Marino, seria um esforço conjunto, entre federação, clube e Poder Público para priorizar foco somente em um clube. O que ocorreu, de acordo com o técnico, com o Cuiabá, em Mato Grosso. “Lá, só o Cuiabá que está bem, os demais estão iguais à gente ou até pior”, acrescenta.

Entretanto, o treinador afirma que a situação em Mato Grosso do Sul deve permanecer a mesma por anos. “O pessoal está mais interessado em ganhar um dinheirinho, e está tudo bem”, completa. A reportagem tentou contato com o presidente da FFMS, Francisco Cezário, mas não obteve retorno.

(Texto de Luciano Shakihama)

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