Fechado há mais de dois anos, estádio corre risco de ficar sem jogo por mais um ano
Dois anos e oito meses após receber o último jogo oficial, o Morenão, em Campo Grande, continua sem previsão de reabertura. Apesar do investimento inicial de R$ 9,4 milhões repassados em 2022 pelo Governo do Estado à Fapec (Fundação de Apoio à Pesquisa, ao Ensino e à Cultura), ligada á UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), apenas parte das obras foi concluída, e há possibilidade da temporada 2025 seguir sem torcida no estádio.
Sem fixar datas, Marcelo Miranda, secretário de Turismo, Esporte e Cultura (Setesc), sugere a montagem de mais um plano ao principal estádio de Mato Grosso do Sul. “Vamos aguardar os trâmites internos para que possamos receber essa concessão e criar um plano de ação para que façamos as adequações no Morenão o mais rápido possível”, disse à reportagem. Uma das previsões anunciadas anteriormente era reabrir o local ao público ainda no fim de 2022.
Desta vez, Miranda não cravou um prazo para conclusão dos trâmites e da reforma. A solução do problema, argumenta o secretário, seria a esperada transferência do estádio para a administração do Governo. Segundo o gestor, isso facilitaria “a realização das reformas necessárias pelo ente estatal, com a celeridade que a sociedade sul-mato-grossense espera”.
Caso a gestão do Morenão passe para o Governo do Estado, ele afirma que o processo passaria para a Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos), que teria autonomia para executar as obras.
Iniciativa privada na pauta
Enquanto isso, o Governo do Estado planeja assumir a administração do estádio, atualmente sob jurisdição da UFMS. A intenção é viabilizar a concessão do Morenão à iniciativa privada, como explicou Júlio Brant, assessor especial do Governo. Segundo ele, o processo de concessão deve ser finalizado apenas no segundo semestre de 2025. Até lá, o estádio permanecerá fechado, sem condições de uso para eventos esportivos. “Esse trabalho deve levar cerca de oito meses, porque envolve a elaboração do modelo de concessão e, posteriormente, a realização do leilão do estádio”, disse Brant.
O último jogo profissional realizado no Morenão ocorreu em 17 de abril de 2022, quando o Operário venceu o Dourados por 1 a 0 pelo Campeonato Sul-Mato-Grossense. Desde então, o estádio permanece inativo.
Cenário geral é de ‘abandono’
Em visita realizada pelo Jornal O Estado, foi constatado que a parte externa do local, incluindo as arquibancadas e o gramado, está em estado de abandono. Na área interna, o Morenão tem sido utilizado como depósito de materiais da UFMS, como mesas e cadeiras, o que reforça o cenário de descaso com o local.
Apenas as obras nos banheiros foram finalizadas e se encontram em bom estado, com divisórias de mármore e espelhos nas pias.
Recursos parados e incertezas em campo
Do total inicial repassado pelo Governo do Estado, um saldo de R$ 6.732.971,43 permaneceu disponível. A Fapec, responsável pelas obras até o momento, declarou que, diante da inviabilidade de continuidade, rompeu o contrato, o que resultou na devolução do saldo não utilizado aos cofres públicos.
Segundo o assessor jurídico da Fapec, José Eduardo Lima, os valores previstos inicialmente foram insuficentes. “O valor previsto para a parceria, para execução das obras do Morenão, foi superado após a elaboração dos orçamentos. Hoje, estamos com um valor bem acima do permissivo legal para dar continuidade”, afirmou.
A continuidade das obras, que incluem readequações no sistema de proteção contra raios, recuperação de pilares e impermeabilização da cobertura, além da instalação de cadeiras na área coberta, depende de um novo aporte financeiro. A estimativa atual para a conclusão é de R$ 38.904.711,10, o que representa um acréscimo de mais de R$ 31 milhões ao valor original.
Ainda conforme José Eduardo, “a revitalização do estádio é um processo complexo, o que demandou mais tempo e recursos do que o previsto inicialmente.”
Reforma previa duas etapas
A reforma, dividida em duas etapas, previa inicialmente a revitalização da infraestrutura geral e dos banheiros e vestiários. A segunda fase, que incluiu as reformas dos sanitários e vestiários dos jogadores e árbitros, foi finalizada, com um custo total de R$ 3.673.921,27. No entanto, a etapa inicial, que deveria garantir a segurança estrutural e adequar o estádio para receber grandes públicos, permanece inacabada.
Por Carlos Eduardo Ribeiro