Logística cara, é um dos obstáculos que impede MS de ser a segunda maior potência na produção de etanol

Foto: divulgação
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Estado tem capacidade de moagem de 50 milhões de toneladas no ano

 

Com números que crescem ano após ano, Mato Grosso do Sul ocupa a quarta posição no ranking na produção de etanol feito à base da cana-de-açúcar. Tornar o Estado a segunda maior potência na produção é o sonho para o setor sucroenergético, conforme enfatizou o presidente da BioSul, Amaury Pekelman, durante sua participação na Expocanas, em Nova Alvorada do Sul, distante 115 quilômetros de Campo Grande. “A tendência é crescer cada vez mais junto, com um trabalho de longo prazo. Pelas projeções que estamos fazendo, o MS nas próximas duas safras pode ser o segundo maior produtor de etanol no Brasil”, afirmou Pekelman.

Mas então, quais seriam as dificuldades que o setor no Estado enfrenta que tem impedido que a produção de etanol ocupe a vice-liderança entre os estados brasileiros? O CEO da SCA Brasil, Martinho Seiiti Ono, apontou como um dos obstáculos a logística do produto. Haja vista que, a grande maioria da produção de etanol é consumida fora do estado e depende de uma logística essencialmente rodoviária, que é cara e menos eficiente.

“Com o nível de investimento na produção que o estado vem recebendo, essa é uma área que precisa de melhorias importantes, para atingir o que já se observa em estados do Centro-Oeste como Goiás e Mato Grosso, onde já existem dutos e transporte ferroviário, agilizando o escoamento com custos menores”, avaliou Ono.

Mesmo com todos os desafios, a produção de etanol vem obtendo crescimento acima da média nacional entre os principais estados competidores da região Centro-Sul, conforme explicou Ono, na reunião de Conselho da BioSul, na última semana. “O Mato Grosso do Sul já tem moagem superior a 50 milhões de toneladas ano, com grandes investimentos programados para alavancar esses números inclusive na produção de etanol de milho, com 2 usinas já em operação, da Inpasa e da Cerradinho, com uma segunda unidade da Inpasa a caminho,” ressaltou o dirigente da SCA Brasil.

O executivo lembrou ainda que o potencial do estado para a produção do etanol de milho é muito grande e isso, em breve, vai fazer a diferença na produção total do biocombustível. “O governo do estado fez mudanças tributárias importantes que favorecem a venda do etanol hidratado no mercado interno, e o crescimento já está acontecendo, o que também vai contribuir para o aumento esperado para a produção”, frisou Ono, elogiando o recém-conquistado ganho de competitividade para o etanol no estado.

Para Pekelman, a política de incentivo ao etanol hidratado tem se somado aos esforços para que o setor sucroenergético ganhe papel de protagonismo . “Com a redução no ICMS, melhorou a paridade e isto já se reflete nas vendas, beneficiando o consumidor. As oportunidades em nosso setor seguem crescendo, o que justifica plenamente a continuidade dessa postura com investimentos que contribuam para reduzir os custos com logística”, completou Amaury.

Área plantada, empregos e PIB

Os dados que projetam Mato Grosso do Sul como futura potência na produção desses biocombustíveis vêm da dimensão da área plantada de cana-de-açúcar no Estado, que já chega a 800 mil hectares espalhados em 42 municípios, e na quantidade de usinas instaladas e em atividade: 20. O setor responde por 120 mil empregos diretos e indiretos e representa 16% do PIB (Produto Interno Bruto) Industrial.

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Na safra 2023/2024 as usinas produziram 3,8 bilhões de etanol de cana-de-açúcar e de milho. Para a próxima safra 2024/2025 a previsão é de aumentar substancialmente esse volume, passando para 4,5 bilhões de litros de etanol, com o milho respondendo por 39% do total, conforme dados da Biosul. E para cada litro de etanol produzido a partir da cana-de-açúcar são gerados 10 litros de vinhaça. Cada metro cúbico de vinhaça produz até 13 metros cúbicos de biogás e para cada 3 metros cúbicos de biogás, após a purificação, produz-se 2 metros cúbicos de biometano.

A coordenadora de Energias Renováveis e Bioindústrias da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), Mamiule de Siqueira, calculou quanto seria possível produzir de biometano a partir da produção atual de etanol das usinas do Estado. “Considerando o volume produzido na safra deste ano, de 3,8 bilhões de litros de álcool, sendo que 75% do total é de cana-de-açúcar, as usinas instaladas em Mato Grosso do Sul têm capacidade para gerar 126 milhões de metros cúbicos de biometano por safra, ou 345.000m³/dia”, disse.

Nova fábrica em Maracaju

Com investimento de R$ 1,08 bilhão, o grupo Cerradinho Bioenergia – empresa do setor sucroenergético, que produz etanol e seus coprodutos a partir de matéria-prima renovável, como a cana e o milho – inaugurou em junho a sua planta de etanol de milho da sua subsidiária, Neomille, no município de Maracaju.

A nova unidade fabril tem capacidade de processar 608 mil toneladas de milho, produzir 266 milhões de litros de etanol, 161 mil toneladas de DDGS (DDGS – Distiller´s Dried Grains with Solubles) e 10 mil de toneladas de óleo. Presente na cerimônia de inauguração, o governador Eduardo Riedel destacou o momento importante que o Estado passa e seu protagonismo no processo de transição energética, além do potencial em liderar o setor na produção de biocombustíveis.

“Eu estou hoje aqui, acompanhado dos nossos secretários estaduais e lideranças do setor para mostrar a força que o Brasil tem no processo de transformação”. Riedel ainda lembrou a mudança global na cultura do grão e sua valorização. “A segunda safra contribuiu para o Brasil ser a potência que é hoje. E nos fez exportadores de milho. E aí que entra a dinâmica da agricultura brasileira”, finalizou.

 

Por Suzi Jarde

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