Inflação das frutas subiu três vezes mais em 2024

Foto: Marcos Ma
Foto: Marcos Ma

A qualidade diminuiu e o preço está lá em cima”, crítica consumidora; Seca e o dólar devem continuar elevando os valores

 

Ano passado foi o período que desafiou as compras nos supermercados, mas sobretudo, a seção das frutas que pesou no bolso do consumidor. Em meados de 2024, o valor dos produtos hortifrutigranjeiros haviam aumentado cerca de 87%, conforme o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). A média geral das mercadorias (14,18%) subiu acima da inflação que fechou o ano em 4,71%. Ainda segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que faz a pesquisa, a tangerina teve um aumento de 68,1%.

No supermercado, a consumidora Rose Nogueira, conversou com a reportagem demonstrando indignação sobre os preços. A dona de casa explica que se considera abençoada por ter conseguido realizar a ceia de Ano Novo, com frutas plantadas em casa. Além dos valores, ela também comenta que a qualidade dos produtos não tem acompanhado os aumentos. Onde tem se comprado frutas mais “feias” por valores exorbitantes.

“Não está dando para comer fruta ultimamente não, tudo muito caro. Esse fim de ano passei a virada do ano no rancho, e ainda bem que lá tem pé de algumas frutas como laranja, manga e goiaba. Para dizer que não comprei fruta, comprei somente um quilo de pêssego que custou uns R$ 10, achei até que não subiu tanto em relação ao ano passado, mas o restante das frutas os preços subiram todos. A qualidade diminuiu e o preço está lá em cima”, declara.

Na tarde de ontem (2), a reportagem do jornal esteve em um supermercado em Campo Grande, e os valores de algumas frutas chamaram a atenção. O quilo do maracujá era comercializado por R$ 23,99, enquanto a banana maçã custava R$ 19,99. O quilo da maçã nacional também se demonstrou alto, custando R$ 14,45, já o quilo da banana prata era de R$ 13,15. Enquanto a manga, citada pela entrevistada, era vendida por R$ 3,99.

 

Motivos do aumento

Mas então qual seria a justificativa para essa alta nos valores de comércio das frutas? E o principal, em 2025, esses aumentos deverão continuar? Para esses questionamentos consultamos o economista e professor, Odirlei Dal Moro, o qual apontou dois fatores que estão encarecendo o mercado das frutas: custo de produção e o dólar.

“Acredito que o aumento dos preços das frutas estão mais associados, ao aumento dos custos de produção do que propriamente na demanda. Ou seja, nós não tivemos em 2024 uma explosão de consumo de frutas e que por isso os preços se elevaram, não! O que aconteceu foi que o custo de produção aumentou em decorrência de questões climáticas. E com o dólar mais valorizado as frutas tendem a ficar mais caras. E além disso, grande parte dos insumos de produção para produzir frutas em território brasileiro são insumos importados, como, por exemplo, fungicidas, pesticidas, sementes, etc”, avalia o especialista econômico.

Dal Moro, afirma ainda que para 2025, considerando os eventuais fatores climáticos e uma continuidade no processo de desvalorização da moeda brasileira, o preço das frutas tenderá a ficar mais caro. “E é importante mencionar que isso não acontece só nas frutas, mas também em outros alimentos como carnes, enfim, todos aqueles que nós dependemos de insumos importados para a produção”, reforça.

Como mencionado, o clima tem influência nos preços dos alimentos, das frutas e hortaliças principalmente, por serem mais sensíveis, e pelo processo de plantio depender da chuva. O meteorologista Natalio Abraão, explicou que não são esperadas chuvas dentro da média ou acima, em janeiro e fevereiro. “A safra de verão pode ser muito prejudicada, as atividades de horticultura também e os níveis das bacias não devem ser considerados bons. O resultado pode ser impactante também nos preços de grãos, da energia e de combustíveis”, pontua sobre outros serviços afetados.

 

Suzi Jarde

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