Expandir a relação comercial do Estado com a Rota Bioceânica está entre os desafios do próximo governo

Rota Bioceânica
Imagem: Reprodução/Edemir Rodrigues/Divulgação
MS conta com extensa lista de ações a serem cumpridas pelo novo chefe do Executivo estadual

O legado dos próximos quatro anos virá acompanhado de uma lista extensa de desafios. Alguns deles são a Rota Bioceânica, a implantação por completo do sinal 5G no Estado, campanhas de vacinação, queimadas no Pantanal, instalação de novas indústrias, entre vários outros, de grande importância para o desenvolvimento de Mato Grosso do Sul.

Corredor Bioceânico

A Ponte Bioceânica contará com um investimento de R$ 466,8 milhões e tem a previsão de gerar cerca de 700 empregos durante o pico do período de construção. Todo o projeto está previsto para ser entregue em 2024.

A ponte ligará os municípios de Porto Murtinho em Mato Grosso do Sul, a Carmelo Peralta no Paraguai. Além de países como Argentina e Chile.

O novo percurso construído deverá proporcionar o encurtamento do trajeto de viagem das commodities de Mato Grosso do Sul em pelo menos 17 dias ao mercado asiático, maiores parceiros comerciais do Estado em exportação, que passará a ser feito diretamente dos portos do Chile, excluindo o envio por meio de portos como Paranaguá (PR) e Santos (SP).

Do lado estrangeiro já estão sendo realizadas as obras de pavimentação que permitirão o acesso mais célere. Já no lado brasileiro, local onde estará a ponte que cruza o Rio Paraguai, os canteiros de obra foram iniciados e conta com a previsão de efetuar a última etapa em outubro de 2023.

Para os novos administradores representantes do povo, ficará a responsabilidade de garantir que o ambiente seja o adequado para a continuidade da obra. Além da realização de uma gestão comprometida com a finalização deste grande projeto, também terá desafios para atender demandas desencadeadas, como é o caso do aumento na população no município de Porto Murtinho.

Salientado pelo atual secretário da Semagro (Secretaria de Estado de Produção, Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico e Agricultura Familiar) Jaime Verruck, a movimentação em torno da construção exigirá investimentos em áreas como infraestrutura e saúde, já que o fluxo de habitantes será impactado drasticamente.

A Ponte Bioceânica terá comprimento de 680 metros, duas pistas de rolagem de veículos de passeio e caminhões, com 12,5 metros de largura, e duas passagens nas laterais, com 2,5 metros cada uma, para o trânsito de pedestres e ciclistas.

ICMS reduzido

A limitação do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) a 17% sobre combustíveis, gás natural, energia elétrica, comunicações e transporte coletivo foi um assunto muito debatido em nível nacional.

O Projeto de Lei Complementar 194/2022 tramitou durante vários meses, contando com alterações no texto-base e concluído por votação no Senado, acompanhado de muitas críticas por parte dos governadores de diversos estados, motivados pela preocupação com as perdas que a arrecadação limitada poderia gerar.

Em MS, apesar de contrariado, o governador fez a redução da alíquota do ICMS no mês de julho deste ano, sobre os serviços elencados pela Lei Complementar Federal. Antes a alíquota da gasolina era de 30%. Do etanol saiu de 17% para 11,3%.

Na época, segundo cálculos da Sefaz (Secretaria de Estado de Fazenda), MS iria ter um prejuízo estimado entre R$ 800 milhões e R$ 900 milhões. Os outros itens considerados essenciais também tiveram o ICMS reduzido.

Implantação do sinal 5G

Para a nova gestão cabe dar continuidade ao caminho de inovação e aperfeiçoamento das novas tecnologias. Um exemplo é a chegada do 5G a Campo Grande, no dia 19 de setembro. Com isso, se faz ainda mais necessário o trabalho para que a expansão chegue a todo Mato Grosso do Sul.

Até o momento, 22 capitais contam com a tecnologia, faltando ser instalada apenas em Macapá, Belém, Manaus, Rio Branco e Porto Velho.

O 5G é a quinta geração da telefonia móvel, sendo distribuída em faixas de frequência maiores, proporcionando uma velocidade superior ao 4G em até 100 vezes. Os celulares terão de ser compatíveis com a nova tecnologia.

O novo sinal também interfere nas antenas parabólicas, que devem ser substituídas pela digital. Famílias inscritas em programas sociais do governo federal e que utilizam as antenas no modelo antigo para sintonizar canais de televisão, irão receber o kit e a instalação gratuita. A previsão é de que, em Campo Grande, 5,8 mil pessoas sejam beneficiadas.

O prazo para a efetivação da troca de equipamento é de 90 dias a contar do dia 19 de setembro.

Vacinação

Após um período complexo desencadeado pela pandemia, as dificuldades acerca de campanhas vacinais mudaram consideravelmente, se fazendo necessária a implementação de novas estratégias para que o público-alvo seja alcançado.

Para conquistar a vacinação da COVID-19 e combater a doença, o caminho foi árduo. Foram praticamente dois anos de tentativas. O Governo do Estado teve de encontrar estratégias para manter os postos de trabalhos, mesmo com empresas fechando, e ao mesmo tempo tentar conter o número de mortes.

Hoje, o Estado caminha para uma retomada econômica e cabe ao novo governador dar continuidade a este novo cenário.

Além da COVID, o Estado tem encontrado resistência por parte dos cidadãos que têm diminuído a assiduidade no cumprimento do calendário vacinal. O exemplo mais recente é a campanha de vacinação contra a poliomielite, na qual Mato Grosso do Sul está bem abaixo da meta de 95%.

Já a imunização contra a gripe chegou a apenas 40%, neste ano.

Novas fábricas ajudam a desenvolver municípios

O setor industrial tem dado destaque a Mato Grosso do Sul pelo enorme potencial de expansão econômica. Isso porque o Estado tem sido palco para a instalação de vários megaempreendimentos. O novo governador irá administrar um Estado com, pelo menos, três novas fábricas.

A exemplo está a fábrica de celulose da Suzano, em Ribas do Rio Pardo, anunciada em 2021, com investimento inicial de R$ 14,7 bilhões. A fase de construção já se iniciou e deve gerar 10 mil empregos somente no pico da obra, previsto para outubro. O empreendimento foi denominado como Projeto Cerrado e deve ficar pronto no segundo semestre de 2024.

Depois de pronta, a fábrica terá capacidade para 2,55 milhões de toneladas anuais de celulose branqueada de eucalipto.

Entre os investimentos anunciados em Mato Grosso do Sul neste ano, está a quinta indústria de celulose. Trata-se do Projeto Sucuriú, indústria do grupo Arauco, que será instalado em Inocência. O investimento é de R$ 15 bilhões na construção da unidade, com previsão de entrega em 2028.

O empreendimento terá a geração de 12 mil empregos no pico da construção, 250 empregos diretos e 300 indiretos quando entrar em operação, além de 1,8 mil empregos permanentes na área florestal. A capacidade é de 2,5 milhões de toneladas por ano.

Em março deste ano, a Inpasa Agroindustrial recebeu licença para começar as atividades. O investimento é de R$ 2 bilhões. A nova unidade começou a ser construída em abril de 2021, gerando 1,5 mil empregos diretos e mais de 3 mil indiretos. Em operação, a indústria gera 250 empregos diretos e 2 mil indiretos.

Na primeira fase, a planta tem capacidade para produzir 400 mil metros cúbicos de etanol ao ano, além de 360 toneladas ao dia de DDGS (proteína utilizada na formulação de ração animal) e 37,5 mil litros ao dia de óleo vegetal. Na segunda fase, que ficou pronta em julho, o volume da produção dobrou.

Antes disso, em fevereiro deste ano, foi entregue também a Licença Prévia para instalação de mais uma usina de etanol de milho, dessa vez para a empresa Neomille, em Maracaju.

A usina será instalada às margens da Rodovia MS-157 em uma área de 115 hectares e investimento estimado em R$ 1 bilhão, com geração de 150 empregos diretos e cerca de 500 indiretos.

A meta de processamento anual é de 1,2 milhão de toneladas de milho ao fim de todo o processo, e está licenciada para produção de 537 mil metros cúbicos/ano de etanol, além de subprodutos como DDG, ou farelo de milho (1.086 toneladas/ dia), geração de 44 MW de energia e produção de 58 mil litros de óleo de milho ao dia.

O agronegócio como um dos pilares da economia

O próximo governo terá o desafio de manter o agro em destaque, contribuindo para que o setor alce patamares ainda maiores. A força pujante do agronegócio movimenta a economia de Mato Grosso do Sul, impulsionando o crescimento da região. Mato Grosso do Sul aparece como o 2º estado mais rico do agro, ficando atrás somente do vizinho Mato Grosso.

De acordo com levantamento feito pela Tendência Consultoria, para 2023, a projeção é de que o Estado tenha o maior crescimento do Brasil, com 2,3%.

Além disso, sendo um dos maiores produtores de soja, o Estado deve bater recorde novamente no quesito produção. Conforme previsão de especialistas da área, a safra 2022/2023 deve superar 12 milhões de toneladas, com estimativa de crescimento de 41,7% no comparativo com a temporada anterior.

Na pecuária, Mato Grosso do Sul se evidencia ainda mais, e Corumbá ajuda nos resultados tendo o segundo maior rebanho do país.

E ainda tem espaço para piscicultura: o Estado ocupa o 2º lugar no ranking nacional em exportação de tilápia. De janeiro a agosto deste ano, comparado ao mesmo período de 2021, o aumento foi de 32,92%.

Bioparque Pantanal, maior complexo de água doce

O maior complexo de água doce do mundo fica na Capital sul-mato-grossense, projetado pelo renomado arquiteto Ruy Ohtake em um formato elíptico. Anteriormente conhecido como Aquário do Pantanal, o local foi rebatizado de Bioparque Pantanal.

Quem vê a estrutura luxuosa nos altos da Avenida Afonso Pena, não imagina a verdadeira novela em torno da construção e inauguração do ponto turístico.

O local teve suas obras iniciadas em maio de 2011, pelo então governador do Estado André Puccinelli, com valor inicial estimado em R$ 84,7 milhões e previsão de abertura em 2013. Foram 11 anos até o dia em que a atração abriu as portas oficialmente ao público, no dia 28 de março de 2022, com um gasto total de R$ 230 milhões. São 19 mil metros quadrados, com 32 tanques, com cinco milhões de litros de água.

O Grupo Cataratas manifestou interesse, mas acabou declinando próximo da inauguração. Diante da situação, o Governo do Estado assumiu o compromisso de gerenciar o Bioparque Pantanal.

A nova gestão terá o desafio de colocar no eixo o controle do parque, já que a coordenação realizada atualmente pelo governo está sendo de forma temporária. Fica a cargo de o governo operacionalizar a mudança para uma administradora especializada.

Queimadas no Pantanal

Um problema praticamente crônico em Mato Grosso do Sul, e que assola todos os anos o meio ambiente, são as queimadas do Pantanal. Este é mais um desafio em que o novo governo terá de se desdobrar para tentar mitigar os incêndios, criando políticas públicas que atuem de forma eficaz na prevenção e resolução da questão.

Segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Especiais) no primeiro semestre de 2022 a região pantaneira do Estado, composta pelos municípios de Corumbá, Porto Murtinho, Ladário, Aquidauana, Miranda e Anastácio, registrou 739 focos de incêndio, número que ao ser comparado com o período de janeiro a julho de 2021 apresenta uma elevação de 14,5%, quando foram identificados 645 focos.

Corumbá é um dos municípios que mais sofrem com os incêndios, tendo registrado nos primeiros seis meses deste ano 467 queimadas, dado que também é superior ao ano anterior, quando foram registrados 405 focos.

Apesar dos esforços do governo em reforçar ações preventivas e de combate aos incêndios, os dados apresentados demonstram que ainda se fazem necessárias movimentações mais enérgicas em torno da situação.

Por Evelyn Thamaris – Jornal O Estado do MS.

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