Em meio às dificuldades na produção agrícola, plantação de amendoim avança 115,6% em MS

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Com 22.203 toneladas, MS é o segundo maior produtor de amendoim em casca no Brasil

Em solo onde a produção de soja e milho predominam, outras opções de cultivos vem se destacando como forma de alternativa para produtores sul-mato-grossenses. O amendoim, por exemplo, registrou aumento de mais de 73% em área, saltando de 7.013 hectares para 12.157 de extensão, além da produção, que avançou 115,6% e saiu de 20.421 toneladas em 2023 para 44.041 toneladas neste ano agrícola.

Atrás somente de São Paulo, Mato Grosso do Sul é o segundo maior produtor de amendoim em casca no Brasil, alcançando um total de 22.203 toneladas e um valor de produção de 42,2 milhões de reais, conforme dados da Produção Agrícola Municipal (PAM) de 2022, divulgados pelo IBGE. No estado, o
município de Santa Rita do Pardo se destaca, contribuindo com 41.94% da produção. Seguido por Nova Andradina e Cassilândia, com 16.33% e 13.32% respectivamente.

Em tempos de queda vivenciados na produção agrícola não só no estado, mas em todo Brasil. Além do amendoim, produtos como mandioca, arroz, feijão e algodão ganham espaço nas lavouras e ampliam a cesta alimentar produzida dentro do Estado, e os resultados são significativos, segundo afirmou o secretário da Semadesc (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), Jaime Verruck.
“Na carta [Carta de Conjuntura da Agropecuária] foi observado o crescimento da área plantada de algodão e da mandioca. São produtos alternativos e que comprovam o avanço da nossa cesta de produtos”, salientou o secretário do estado.
Os dados são da última Carta de Conjuntura da Agropecuária de março, elaborada pela Coordenação de Estatísticas da Semadesc. O levantamento mostra que houve acréscimo nas estimativas da produção do amendoim 1ª safra, mandioca, algodão herbáceo, feijão 2ª safra e arroz.
Na distribuição por Unidades da Federação, Mato Grosso do Sul é o 7º maior produtor nacional de grãos, com participação de 7,55%, São Paulo lidera o ranking com 30,49%, seguido pelo Mato Grosso (13,98%), Goiás (10,45%), Minas Gerais (8,88%) e Paraná (8,86%) que, somados, representaram 80,21% do total.

Desafio e estimativas na produção

Por outro lado, conforme a carta, os últimos dados disponibilizados pelo LSPA/IBGE (Levantamento Sistemático da Produção Agrícola) em março de 2023, apontam que Mato Grosso do Sul tem uma produção agrícola total estimada de 103,02 milhões de toneladas, distribuída por 7,09 milhões de hectares. Comparado aos dados de 2023, isso representa uma variação de -6,3% em relação a produção, e -1,9% em relação a área colhida estimada.
A produção da soja deve ficar próxima de 12,795 milhões de toneladas neste ano, ocupando uma área superior a 4 milhões de hectares, representando uma variação de -9,85% e 3,59%, respectivamente. No que diz respeito ao milho (2ª safra), é estimada a colheita de 11,340 milhões de toneladas (-14,67%) e, para a cana-de açúcar, um volume de 51,790 milhões de toneladas.
Já as culturas tradicionais como soja e milho tiveram quedas expressivas, principalmente pelo atraso no plantio ou perda da janela de semeadura do milho. Teremos uma grande perda de faturamento do setor de grãos, pois além do decréscimo de produção tivemos também um recuo expressivo de preços, gerando uma diminuição de entrada de recursos no setor muito grande”, analisou o secretário-executivo do Desenvolvimento, Rogério Beretta.
Esses índices podem ser conferidos na análise do VBP (Valor Bruto da Produção) da Agricultura. Em 2024, o VBP da Agricultura é estimado em R$ 41,8 bilhões, com uma variação de (-19,33%) frente ao ano de 2023. “Em 2024, para os principais produtos, os preços continuam baixos, pressionados pela expectativa de oferta mundial. Já a nossa produção de grãos que havia atingido recorde em 2023, este ano sofre com os efeitos associados ao El Niño”, complementou Beretta.
Alternativas para soja e milho
Há muito tempo, instituições de pesquisa, como a Embrapa, vêm pesquisando alternativas para diversificar o sistema de produção da soja, milho e algodão, e levá-las até à assistência técnica e ao produtor rural: Sistema Plantio Direto, Integração Lavoura-Pecuária, Consórcio de Milho com Braquiária e tantos outros ativos tecnológicos foram e são desenvolvidos com o intuito de melhorar a agropecuária brasileira.
Os produtores rurais do Centro-Sul do Brasil (Goiás, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande de Sul, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Minas Gerais), têm um desafio há muito tempo: a questão de alternativas à soja, ao milho e ao algodão, “quase sempre em sistemas de baixa sustentabilidade”, como destaca o pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, Fernando Mendes Lamas.
Na busca por alternativas, atualmente, duas culturas estão sendo apreciadas pelos produtores: amendoim e gergelim. “O amendoim vem crescendo na região Centro-Sul do Brasil. São Paulo é o maior estado produtor de amendoim [724,1 mil toneladas, na safra 2022/2023]. Em Mato Grosso do Sul, dadas suas condições de clima, o amendoim também vem ocupando um espaço muito interessante, especialmente quando se trata de reforma de canaviais”, afirma Lamas, tendo o amendoim, neste estado, ganhado espaço nas regiões dos municípios de Nova Andradina e de Glória de Dourados.
Um ponto ressaltado pelo pesquisador, é quanto à qualidade dos dois produtos, principalmente, do amendoim. Há determinadas condições ambientais que favorecem o estabelecimento de um fungo chamado Aspergillus flavus, que produz uma toxina venenosa para o ser humano. Por isso, o produtor deve ficar atento a condições no campo, como a época de semeadura e a forma de colheita, para evitar que esse fungo se reproduza na cultura.

Por Suzi Jarde

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