Conta de luz pressiona inflação em junho, mesmo com queda nos preços dos alimentos

Foto: Saul Schramm
Foto: Saul Schramm

Após nove meses de altas, alimentos registram recuo nos preços, mas IPCA segue acima da meta anual estabelecida pelo governo

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,24% em junho, conforme divulgado nesta quinta-feira (10) pelo IBGE. A desaceleração da inflação, registrada pelo quarto mês consecutivo, foi impulsionada pela primeira queda no preço dos alimentos em nove meses. Ainda assim, a conta de luz voltou a pesar no orçamento das famílias e foi o item que mais contribuiu para o aumento do índice no mês.

No acumulado de 12 meses, o IPCA alcançou 5,35%, permanecendo acima do teto da meta do governo federal, fixada em 4,5%, pelo sexto mês seguido. A inflação acumulada mantém-se elevada apesar da tendência de desaceleração iniciada em fevereiro, quando o índice marcou 1,31%. Desde então, os números vêm caindo gradualmente: 0,56% em março, 0,43% em abril, 0,26% em maio e agora 0,24% em junho.

Entre os nove grupos monitorados pelo IBGE, apenas “alimentação e bebidas” apresentou recuo, com variação de -0,18%. A queda foi puxada, principalmente, pela redução nos preços de itens como ovos (-6,58%), arroz (-3,23%) e frutas (-2,22%). A alimentação no domicílio caiu 0,43%, enquanto comer fora de casa teve alta moderada de 0,46%, abaixo do registrado em maio (0,58%).

Segundo Fernando Gonçalves, gerente do IPCA no IBGE, a retração nos preços dos alimentos está diretamente ligada à melhora na safra: “Bons números da safra atual aumentaram a oferta de alimentos, o que explica a queda de preços”.

Apesar disso, a energia elétrica subiu 2,96% em junho e sozinha respondeu por metade da inflação do mês, com impacto de 0,12 ponto percentual. A principal causa foi o acionamento da bandeira vermelha patamar 1, que acrescenta R$ 4,46 a cada 100 kWh consumidos. Essa medida reflete o fim do período chuvoso e a necessidade de recorrer a usinas termelétricas, que geram energia mais cara. Reajustes específicos em capitais como Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba e Rio de Janeiro também pesaram no cálculo.

“Se tirássemos a energia elétrica do cálculo, o IPCA ficaria em 0,13%”, destacou Gonçalves.

O grupo dos transportes também apresentou alta (0,27%), puxada principalmente pelo aumento nos preços do transporte por aplicativo (13,77%), enquanto os combustíveis caíram 0,42%.

O índice de difusão, que mede o percentual de itens com aumento de preços, ficou em 54%, o menor desde julho de 2024. Dos 377 produtos e serviços analisados, pouco mais da metade teve reajuste para cima.

O IBGE divulgou ainda o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação para famílias com renda de até cinco salários mínimos. O índice foi de 0,23% em junho e acumula alta de 5,18% em 12 meses. O INPC é referência para reajustes salariais de diversas categorias e dá mais peso aos alimentos, que têm maior impacto sobre o orçamento de famílias de menor renda.

*Com informações da Agência Brasil

 

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