Reajuste na conta de luz impulsiona lucro de R$ 68,8 milhões a mais da Energisa

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Imagem: Reprodução/Valentin Manieri
De janeiro a junho, o ganho total foi de R$ 327 milhões para a distribuidora

Por Evelyn Thamaris – Jornal O Estado do MS

O reajuste médio de 18,16% na conta de luz, em abril deste ano, para 1,1 milhão de consumidores, impulsionou a Energisa de Mato Grosso do Sul a obter mais um ganho milionário. Prova disso é que a distribuidora acumulou lucro líquido de R$ 327,7 milhões no primeiro semestre do ano, sendo R$ 68,8 milhões ou 26,6% a mais que o registrado no mesmo período do ano passado (R$ 259 milhões). Os dados constam no relatório de resultados, divulgado pela empresa.

Se comparar somente o segundo trimestre de 2022, o aumento foi de R$ 4,3 milhões. Em 2021 foram R$ 138,8 milhões e neste ano R$ 143 milhões, 3,1% a mais.

“A diferença entre os valores denota uma forte elevação de lucros, que já foram muito elevados, principalmente quando se compara com a parcela B (gerenciável pela distribuidora)”, analisa a presidente do Concen-MS (Conselho de Consumidores da Área de Concessão da Energisa MS), Rosimeire Costa.

No caso de custos de PMSO (Pessoal, Material, Serviços de Terceiros e Outros), a diferença foi de apenas 0,2% no acumulado do ano, saindo de R$ 188 milhões para R$ 188,3 milhões.

“Agora no balancete do 2º Trimestre de 2022 em comparação ao 2º trimestre de 2021 verifica-se que o aumento dos custos de PMSO (Pessoal, Material, Serviços de Terceiros e Outros) foi de apenas 1,8%. Só na rubrica pessoal próprio ocorreu uma redução de -16,3%”, completa.

No trimestre, as despesas com pessoal e benefício pós- -emprego atingiram R$ 37,7 milhões, decréscimo de 15,5% (R$ 6,9 milhões) em relação ao mesmo período do ano passado. No acumulado de seis meses, as despesas totalizaram R$ 72,2 milhões, decréscimo de 13,2% (R$ 11,0 milhões).

Reajuste

O reajuste da conta de energia passou a valer no dia 16 de abril. Para os consumidores de baixa tensão, como os residenciais, o impacto gerado foi de aproximadamente 17,93%. Para consumidores de alta-tensão, como é o caso de indústrias, o efeito ficou na média de 18,81%, e para o consumidor rural foi o maior impacto, com 25%.

Com o reajuste concedido, Mato Grosso do Sul passou a ter a 3ª maior tarifa de energia do país. O Concen-MS explica que o aumento significa cerca de R$ 21 para cada 100 quilowatts-hora, saindo de R$ 69,04 para R$ 81, na tarifa.

Líder em reclamações

Em 2021, a Energisa ficou em primeiro lugar no ranking de reclamações feitas à Procon estadual (Superintendência para Orientação e Defesa do Consumidor). Foram 364 ocorrências e 1.734 reclamações, aumento de 50% em comparação com 2020.

Nos primeiros seis meses de 2022, conforme dados da Procon estadual, a concessionária de energia segue liderando o ranking de reclamações. São 850 registros no órgão regulador somente este ano, sendo que a maioria se trata de cobranças indevidas/abusivas, seguidas por desligamento indevido e demora na religação, entre outros.

Falta de energia

Segundo a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), a distribuidora de energia elétrica, também, foi obrigada a pagar R$ 11,41 milhões em indenizações, ao longo de 2021, por deixar que consumidores ficassem 844.275 vezes sem luz por mais de dez horas. A tempestade de areia, que ocorreu no dia 15 de outubro de 2021, em Campo Grande pode ter contribuído para essas indenizações.

IGP-M

O IGP-M (Índice Geral de Preço do Mercado) é o responsável pelo reajuste do serviço, fator que interfere nos valores elevados e também o motivo de críticas realizadas pelo Concen-MS. “O índice é incompatível com a realidade brasileira, principalmente para os serviços essenciais, como é ocaso da energia”, ressalta a presidente do conselho.

Na época do reajuste, em abril, o índice teve aumento de 1,41%, chegando a 6,98% no ano e a 14,66% em 12 meses. O IGPM em agosto chegou a 7,63% em 2022 e desacelerou de 10,08% para 8,59% nos últimos 12 meses.

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