Observatório do Itaú apresenta PIB da Cultura e das Indústrias Criativas

Itaú
Foto: Bruno Poletti

Em São Paulo, na Avenida Paulista, o Itaú Cultural em parceria com o Observatório próprio que existe desde 2006, apresentaram oficialmente nesta semana o PIB da ECIC (Economia da Cultura e das Indústrias Criativas), no Brasil, com dados estatísticos que apontaram um pico do setor em 2020, correspondendo a 3,11% do PIB da economia brasileira, RS 232 bilhões durante o ano.

Entre os números de 2022 em destaque, o estudo apresentou 7.460.281 milhões de trabalhadores da economia criativa, 130.052 mil empresas criativas que geram U$ 61 bilhões de exportação liquida de bens criativos. No Brasil, esses dados refletem a 7% do total de trabalhadores, 3,25% do total de empresas e 2,4% de exportações líquidas.

Conforme o painel de dados do observatório, entre os setores com maior contribuição em 2020, chama a atenção no desenvolvimento de software e jogos digitais e demais tecnologias de serviços de tecnologia da informação com 50,13% de participação, seguida pela arquitetura (29,4%), e publicidade (14,57%).

O setor de serviços não foi contemplado no levantamento, por necessitar de muitos avanços tecnológicos para que se possa ter um cálculo de segurança. Esse é um passo subsequente a ser tomado no futuro, segundo Leandro Laviati, professor pesquisador da Universidade de Manchester e da UFRGS (Universidade Federal de Rio Grande do Sul), responsável por liderar a pesquisa por um ano e meio.

Para a realização do exercício, foram utilizadas as bases de dados, além do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), da Rais (Relação Anual de Informações Sociais), do PAS (Programa de Avaliação Seriada) e do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), além das prestações de contas da Lei Rouanet e de outras fontes externas para estimular a esfera digital.

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Leandro Valiati/Foto: Bruno Poletti

No prédio do Itaú Cultural, foi organizado nesta semana um fórum com mais de 20 governadores da cultura espalhados pelo Brasil, além de presidentes da Casa de Rui Barbosa e da Funart (Fundação Nacional da Arte), para juntos debaterem sobre a construção de uma agenda comum, além de acordos regionais e nacionais.

Segundo Leandro, uma ação como essa reverbera na construção de um ecossistema na sociedade para se pensar em políticas públicas baseadas em evidências. “Elas garantem estabilidade e permanência dos setores econômicos.”

“Não é, sobretudo, uma informação estatística, é uma narrativa de como visualizar a relevância econômica da ECIC. Nesse setor econômico, é absolutamente importante entendê-lo pelo que o mundo viveu durante a pandemia em termos de transformação dos modos de consumir e produzir”, explica.

Além disso, a partir dos dados, um pequeno empreendedor na área do cultura pode saber quantas empresas existem no setor que ele quer trabalhar, também quantos empregados informais e formais trabalham na mesma área que ele quer empreender. Ou seja, a partir de indicativos importantes, olhar para o mercado e colher subsídios para tomadas de decisões.

Na opinião do professor de Manchester, o setor cultural brasileiro precisa de regulação, que dá a capacidade de enxergar aonde pode ser melhor alocado o incentivo público, em uma relação entre a cultura, tecnologia e novo mundo do trabalho. “É um tema fundamental para preparar a economia brasileira como um todo, para um novo sistema de produção e consumo que já existe.”

O gráfico abaixo apresenta um comparativo das contribuições de vários setores-chave da indústria brasileira com a Ecic. A Ecic ganha destaque ao apresentar um PIB similar em termos de grandeza a setores tradicionais da economia brasileira, como é o caso dos setores de construção civil, indústria extrativa e transporte, que para o ano de 2020 alcançaram 3,6%, 3,1% e 3,6% do PIB nacional respectivamente.

 

Metodologia

Durante coletiva, o líder da pesquisa explicou que o objetivo central do estudo é produzir massa crítica e conhecimento, a partir disso avançar com uma visão mais organizada sobre a relevância da cultura para a econômica, mercado de trabalho e crescimento.

“Nesse sentido, pensamos em três dimensões. Em primeiro lugar fizemos o recorte do setor, assumindo uma dimensão teórica especifica para promover comparabilidade e eficiência. Seguindo modelos internacionais em como eles tentam estabelecer marcos de comparação, pensamos no que seria relevante e possível para o caso brasileiro.”

“A partir disso fizemos um processo de consulta a mais de 30 especialistas (inter)nacionais para que validássemos a metodologia e apontar possíveis melhorias, como enxergar melhores e novos processos de digitalização da cultura”, exemplifica Leandro.

De acordo com o Presidente da Fundação Itaú, Eduardo Saron, a economia cultural e as indústrias criativas não podem mais serem encaradas só pelo universo das secretarias estaduais ou municipais de cultura. “Elas devem ser percebidas como algo matricial ao conjunto das políticas públicas e dos governos.”

Itaú Cultural

Presidente da Fundação Itaú, Eduardo Saron/ Foto: Bruno Poletti

“Cultura, arte e economia de indústrias criativas são setores que todo governo deveria se localizar, por impactar, além do ponto de vista cultural, no desenvolvimento econômico da região. Por exemplo, na educação, onde o poder público precisa observar mais e melhores cursos técnicos para atender uma demanda reprimida”, avalia Saron.

Na questão da descentralização do investimento cultural entre os estado e sugestões durante o fórum de representantes da cultura regionais, o plano inicial do Itaú Cultural é incentivar a disseminação de informações no Brasil, país com tantas profundas diferenças, segundo Eduardo Saron.

“A segunda coisa é propor um forte programa de formação para geração de dados, a partir de pessoas muito bem qualificadas. Por fim, apoiar a criação de espaços de formação, para que as organizações se fortaleçam em busca de dados, para que mais pessoas passam a interagirem nesse sentido”, conclui.

Mato Grosso do Sul

A cultura e as indústrias criativas em Mato Grosso do Sul aparece como 0,82% de contribuição do PIB no Estado. Enquanto no Centro-Oeste, o setor estimula 0,8% da economia da região. “É preciso haver melhores investimentos em insumos e produtos no campo da economia para entender melhor a cultura, inclusive no universo digital”, conclui.

Foto: O Estado Online

PIB da Cultura

Tão importante quanto saber o valor total do PIB dos SCC (Setor Cultural e Criativo), é conhecer os componentes deste valor. Os pilares utilizados para o cálculo são os seguintes: ML (Massa de Lucros); MS (Massa Salarial); impostos; Lei Rouanet; e, digital.

Considerando desde os tradicionais valores das contas nacionais como salários, lucros, impostos e aluguéis, até as remunerações oriundas da digitalização do setor e da lei de incentivo à cultura brasileira (Lei Rouanet).

O maior componente do PIB da Ecic é a ML, esta representa em média 58% do valor total do PIB da Ecic e 1,57% do PIB nacional. O segundo maior componente são os impostos, representando em média 34% do PIB da Ecic e 0,91% do PIB nacional.

O terceiro, a Massa Salarial (MS), que representa em média 7,5% do PIB da Ecic e 0,20% do PIB nacional. A Massa Salarial refere-se ao montante total de dinheiro pago aos empregados da Ecic, incluindo salários, remunerações e benefícios.

A Massa de Lucros, por outro lado, refere-se ao montante total de lucro gerado pelas empresas da Ecic[3]. A relação entre MS e ML pode variar dependendo de uma série de fatores, incluindo a indústria, condições de mercado e políticas governamentais. O gráfico a seguir apresenta uma versão detalhada da composição do PIB da Ecic.

Como a ML responde por maior parte do PIB da Ecic, é normal que a probabilidade de que os Estados com maior número de empresas sejam também aqueles com maior PIB. De maneira análoga, a queda entre 2015 e 2016 está ligada à Massa de Lucros, que caiu cerca de 42 bilhões (36%) de um ano para o outro.

Os setores responsáveis por essa queda foram dois: Cinema, Rádio e TV e Editorial, que juntos somam 90% das perdas de lucros do período. A recuperação do setor a partir de 2017 se deve principalmente aos setores ligados à Tecnologia da Informação: Demais serviços de tecnologia da informação e Desenvolvimento de software e jogos digitais, que tiveram uma expansão em suas massas de lucro de 300% e 400%, respectivamente, de 2016 para 2017.

O que se observa a partir de 2015 é uma transição do setor cultural e criativo para o digital, como pode ser visto no gráfico a seguir. Acesse também: Marisa Monte faz show em Campo Grande após 25 anos

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Fonte: Observatório Itaú Cultural

Fonte: Observatório Itaú Cultural

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