MS teve menor número de nascidos vivos dos últimos 13 anos em 2020, ano da pandemia

Nascidos vivos
Foto: Arquivo Pessoal

A redução entre 2019 e o ano passado foi de 5,88% registro acima da média nacional fixada em 5%

Mato Grosso do Sul teve em 2020, ano da pandemia, o menor número de nascidos vivos dos últimos 13 anos e manteve a perspectiva do Brasil, que também encerrou o ano passado com queda no número de nascimentos. O levantamento leva em consideração dados do Sinasc (Sistema de Informações de Nascidos Vivos), do Ministério da Saúde.  

No ano passado, nasceram no Estado 41.123 bebês, ao passo que há 13 anos, no ano de 2007, foram 38.621, uma redução de 6,4%. Mas ao compararmos com 2017, ano com maior número de nascidos vivos desde o ano de 2000, o índice aumenta para 8% de queda. 

Já em relação ao ano de 2019, a redução foi de 5,88%, índice acima da média nacional que foi fixada em 5%. Naquele ano foram 43.695 nascidos vivos. 

De acordo com o médico obstetra, chefe do departamento de ginecologia e obstetrícia da Santa Casa e associado da SOGOMAT-SUL (Associação de Ginecologia e Obstetrícia do Estado de Mato Grosso do Sul), William Leite Lemos Júnior, 35 anos, é possível relacionar a queda de nascimentos à pandemia da COVID-19. 

Entretanto, ele salienta que se observa uma redução importante do número de partos em relação aos outros anos, já no fim de 2019. Conforme os dados do Sinasc, a queda é de quase 2% entre 2019 e 2018, com 44.275 nascimentos.

“Embora não tenhamos esses dados, porque, como eu disse, já vem do fim de 2019 a redução. É possível, sim, inferir que as mães fizeram essa opção de postergar a maternidade para uma situação de menos vulnerabilidades seja em relação à própria saúde física, social ou financeira também, até porque as pessoas tiveram muita limitação financeira neste tempo de pandemia”, explicou.

O obstetra ressaltou ainda que autoridades de saúde também orientaram as mulheres para que adiassem os planos da maternidade durante este período. “O próprio Ministério da Saúde pediu esse adiamento da maternidade”, garantiu. 

Os dados de 2020 analisados mês a mês demonstram que as maiores quedas ocorreram em novembro (2.569) e dezembro (3.145), nove e dez meses depois que o Ministério da Saúde confirmou o primeiro caso da doença no país, no dia 26 de fevereiro.

Os meses com mais nascimentos no ano passado foram março (3.842), abril (3.839) e maio (3.790), ou seja, as mulheres ficaram grávidas em 2019. Como é o caso da fisioterapeuta Daniela Domingos, 27. O seu filho mais novo, Thomas, de 1 ano, nasceu em maio de 2020, no dia 26. 

“Não tinha ideia do que enfrentaríamos e, como minha gravidez não foi planejada, fomos pego de surpresa duas vezes, mas com certeza a do COVID-19 assustou muito mais, até porque já estava no terceiro trimestre da gestação quando a doença chegou aqui”, disse. 

Daniela lembrou ainda de como a reta final da gestação foi diferente do seu primogênito Bento, hoje com 3 anos, e assegurou que adiaria a gravidez caso fosse planejada. 

“Primeiro que tive meu filho sozinha, meu marido não pôde acompanhar o parto, justamente por conta da COVID, e depois do nascimento as pessoas conheceram meu filho por meio das redes sociais. Então, acredito que se tivéssemos planejado, optaríamos por adiar os planos. A COVID era e continua sendo uma doença muito desconhecida”, assegurou.  

Este ano de 2021 também já demonstra que o número de nascimentos no Estado será menor, levando em consideração que de janeiro a abril, por dados disponíveis no sistema, nasceram 14.101 bebês.

Em 2020, no mesmo período, foram 14.725, uma redução de 4%. Mas esse índice dobra e passa para 8,6% de queda ao compararmos com os quatro primeiros meses de 2019, quando foram 15.440 recém-nascidos. 

No país, o número de nascimentos no ano passado foi o menor dos últimos 26 anos. A última vez que o Brasil registrou um número menor de nascimentos do que em 2020 foi em 1994, quando 2.571.571 bebês nasceram. Já no ano passado foram 2.687.651 recém-nascidos.

A pandemia da COVID-19 fez com que o número de nascidos vivos fosse maior até que o do surto de zika e microcefalia que afetou o país entre 2015 e 2016. Naquele período, a queda de nascimentos foi de 5,3%.

(Rafaela Alves)

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