Um ano depois do feminicídio de Laís de Jesus Cruz, o autor do crime Pabilo Santrin, mais conhecido como Pablo ‘Bombadão’, foi condenado a 25 anos e seis meses em regime fechado, por decisão do Júri Popular. O Júri aconteceu na última segunda-feira (24), no Fórum da Comarca de Sonora, localizado a 330 km da capital.
O julgamento teve 14h de duração. A defesa de Pablo tentou diminuir a pena ao máximo, desqualificando as atenuantes, todos ignorados na sentença, haja vista que as provas anexas ao processo, laudos médicos e periciais são irrefutáveis. Santrin foi condenado pelos crimes de homicídio qualificado, agravado por asfixia, feminicídio, crime processual e ocultação de cadáver.
Depois de confessar a autoria do crime, o réu afirmou que as versões apresentadas anteriormente seriam para ganhar tempo e conseguir transferência de Sonora para a Capital. Hoje ele está preso em um presídio de Campo Grande.
Para o promotor do caso, Thiago Barile, destacou sua satisfação com a condenação, mesmo com os atenuantes da confissão e da condição de réu primário, que fez com que a pena não ultrapasse a aplicada no Júri. “Mesmo Pablo tendo confessado, os argumentos processual usado pelo MP queria sempre demonstrar a crueldade cometida, o sofrimento da família, dos filhos e assim conseguir que todas as atenuantes fossem aprovadas e acatadas pelo Tribunal do Jurí e ao final de longas noites em claro e um Júri tenso e cansativo, conseguimos êxito e atingimos o objeto final”, destacou em entrevista ao site Idest.
O caso
O assassinato ocorrido em Sonora, no dia 02 de agosto de 2021, deixou a cidade em choque pela crueldade dos fatos. Lais foi morta por golpe mata-leão e enterrada no fundo da casa onde morava com o esposo e o filho do casal.
Pablo, após confessar a autoria de todos os crimes cometidos contra a jovem Laís em agosto de 2021, deu detalhes sobre o ocorrido naquele dia. De acordo com o réu, no dia 02 de agosto de 2021, ele teria se desentendido com a vítima às 10 horas e depois seguido até a casa da sogra, pegado o filho, ido até o mercado, deixado o filho na creche e voltado para casa.
Ele detalha que só após ter deixado o filho do casal na creche, voltou para a casa do casal onde iniciou uma nova discussão com Laís sua esposa, neste bate boca, segundo ele, a jovem teria lhe atacado e neste momento a empurrou e viu quando a mãe de seu filho bateu com a cabeça na parede, após a agressão, Pablo diz não lembrar como a estrangulou, só disse que o ato covarde que cometeu, foi de frente a frente e então saiu de casa sem rumo.
O autor confesso do crime, disse ainda que ao voltar para casa, tomou a decisão de enterrar Laís e iniciou a limpeza geral, no intuito de se livrar das provas, como manchas de sangue e objetos, tentando sustentar sua versão, de que sua esposa teria se suicidado.
Pablo sempre negou a autoria do crime. Também tentou sumir com provas, ao limpar manchas de sangue, jogar fora documentos, celulares e outros objetos de Laís. O homem também tentou se passar por ela nas redes sociais e em conversas com a sogra, mães da vítima, no intuito de retirar toda e qualquer suspeita acerca dele.
Na época, após as primeiras investigações, a mãe da vítima iniciou uma campanha em favor da justiça sobre o caso. Em vídeo, ela expressou sua ânsia por justiça e pediu a adesão da população à campanha. “Quem queira ir com a gente nos procure. Não queremos influenciar ninguém, mas sim que a justiça seja feita de forma justa e digna. Só assim vamos tentar amenizar a dor da perda da nossa menina. Agradeço a Deus por encontrar minha menina e se despedir e agora queremos que essa dor diminua um pouco, ao saber que a justiça foi feita”.
Serviço
Feminicídio é o assassinato de uma mulher por questões de gênero; ou seja, quando a vítima é mulher e quando o crime envolver (I) violência doméstica e familiar ou (II) menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
Feminicídio por violência doméstica e familiar (também chamado de “feminicídio íntimo”) é quando o crime decorre da violência doméstica, na maioria das vezes praticada em âmbito familiar, por alguém conhecido, com quem a vítima possui ou possuía uma relação afetiva, em razão da perda do controle sobre a mulher, da propriedade que o agressor julgava ter sobre a mulher; o feminicídio por menosprezo ou discriminação é aquele que resulta da misoginia – que é o ódio ou aversão a mulheres, aversão a tudo que é feminino e, muitas das vezes, é precedido por violência sexual, mutilação e desfiguração da mulher.
Disque 180
O Disque-Denúncia, criado pela Secretaria de Políticas para Mulheres (SPM), permite denunciar de forma anônima e gratuita, disponível 24 horas, em todo o país. Os casos recebidos pela central chegam ao Ministério Público.
Disque 100
Para casos de violações de direitos humanos, o Disque 100 é um dos meios mais conhecidos. Aliás, as denúncias podem ser feitas de forma anônima para casos de violações de direitos humanos.
Com informações do jornal Idest
Leia também:
Jovem de 20 anos é a 29ª vítima de feminicídio em MS este ano