A cada 132,5 pessoas presas no Estado, uma é morta pela polícia

Foto: Divulgação/Polícia Civil
Foto: Divulgação/Polícia Civil

[Texto: Inez Nazira e Michelly Perez, Jornal O Estado de MS]

Dados da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública) indicam que até novembro deste ano, 17.096 pessoas foram presas em flagrante ou por mandado de prisão em Mato Grosso do Sul. Além disso, neste ano, foram contabilizadas 129 mortes em decorrência de confrontos com as forças de segurança. O volume indica que a cada 132,5 pessoas presas, uma sai sem vida, em operações policiais.

Pesquisa elaborada pela Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados, juntamente com a Adepol/Brasil (Associação dos Delegados de Polícia do Brasil), aponta que a Polícia Civil do Mato Grosso do Sul é a segunda do Estado com melhores índices de resolutividade e elucidação de inquéritos do Brasil (94,9%).

Dados que, segundo o delegado-geral da Polícia Civil, Roberto Gurgel de Oliveira Filho, ressaltam a importância de analisar os dados sobre mortes em confronto em conjunto com o número de pessoas que são presas mensalmente no Estado.

“Temos uma quantidade ‘x’ de pessoas mortas esse ano, mas quantas pessoas temos presas que não foram objeto de um tipo de disparo? Precisamos fazer essa proporção, de quantas pessoas foram presas e quantas morreram. As que foram presas não ofereceram resistência, não insurgiram contra as forças policiais e contra o Estado. Essas que insurgiram vão ter a resposta conforme as posturas que tiveram”, pontuou Roberto Gurgel, em recente coletiva de imprensa.

No comparativo com anos anteriores, a cifra de mortes por intervenções de agentes do Estado de Mato Grosso do Sul aumentou em 152%, em relação ao ano passado. Em 2022, 51 pessoas perderam a vida nessa situação. Porém, até a primeira semana de dezembro, foram contabilizadas 129 pessoas.

Informações divulgadas pela Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) revelam ainda que, quando se analisam os números de população carcerária no Estado, é possível identificar que existem 20.607 homens e mulheres registrados. Somente em Campo Grande, são 14.539 pessoas cumprindo penas pelos crimes cometidos. Dessas, 30% têm entre 35 a 45 anos, outros 21% dos presos têm entre 25 a 29 anos, 20% têm entre 30 a 34 anos, e 13% são pessoas com idades entre 18 a 24 anos.

Eles cumprem penas pelos mais diversos tipos de crimes, mas os que sobressaem são os de tráfico de entorpecentes (38%), com 7.856 pessoas autuadas por cometer esse delito. Em seguida, estão crimes de roubo (17%), estão os presos por homicídio (13%), por furto (9%), por estupro (8%), pela Lei Maria da Penha (6%). A lista termina com (1%) preso pelo crime de armas de uso restrito.

“Toda ação policial exige o uso progressivo da força. Nessa ação, do dia 9, por exemplo, foi determinada a ordem de parada, a reação deles foi atirar, se eles tivessem simplesmente estacionado e se entregado, não teriam morrido. Agora, a partir do momento que existe uma ação contra as forças policiais do Estado, nós vamos revidar, não importa a quantidade de mortos que será apurada durante o ano, isso não é uma preocupação, a nossa preocupação é a vida e o patrimônio das vítimas e dos policiais. Os criminosos precisam entender isso, que se vierem para o enfrentamento, estamos preparados, uma vez que é parte do trabalho policial. Nós não desejamos e nem provocamos o enfrentamento”, discorreu o delegado-geral Roberto Gurgel.

Os últimos confrontos

O delegado-geral da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, Roberto Gurgel de Oliveira Filho, esclareceu como se deu o confronto de grande repercussão, que aconteceu no sábado (9), resultando em seis mortes, na cidade de Anastácio. A ação foi proveniente de uma investigação da Polícia Civil, por meio da Defurv (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Furtos de Veículos).

A ação da Polícia Civil, por meio da Defurv, contou com o apoio do Garras. Era uma quadrilha especializada em roubos de caminhonetes com restrição de liberdade. Acontecia que uma parte dos criminosos ficava com as vítimas, a outra, seguia até o Paraguai ou a Bolívia e entregava o veículo roubado em troca de substância ilegal. Ao todo, eram seis executores, além de um mandante que não estava no local, na cena do crime”, explicou o delegado.

Os policias abordaram os criminosos, sendo quatro em um carro e dois em uma moto, que reagiram, disparando contra os agentes. Os policiais, então, revidaram. Os homens foram encaminhados ao hospital, contudo, não resistiram e vieram a óbito. O delegado classifica o trabalho como eficiente. “Nenhum dos nossos policiais teve qualquer tipo de ferimento, mostrando o preparo de nossos agentes para qualquer tipo de enfrentamento”, declarou.

Todos os mortos tinham passagens anteriores pela polícia. “Um deles era oriundo do Estado de Goiás, era especialista nessa ação criminosa e tinha passagem por ameaça a juiz e a promotores do Estado de origem. O restante tinha passagem por ameaças, tráfico, roubo e homicídio, todos eram de MS. Os seis estão sendo investigados por três tipos de crimes: associação de criminosa; roubo majorado por emprego de arma de fogo e pela restrição de liberdade”, relatou o delegado.

Na Capital, o confronto mais recente ocorreu na noite da última quarta-feira (13), no bairro Los Angeles. Na ocasião, Fernando Augusto Vilharga, 22, conhecido como “Glock do PCC” foi morto em uma troca de tiros. Segundo a polícia, ele efetuou disparos contra os agentes da 6º Companhia da Polícia Militar, após desobedecer à ordem de parada. Ele chegou a ser encaminhado para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Universitário, mas não resistiu e morreu. Fernando tinha passagens por tráfico de drogas.

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