Mulheres recebem a oportunidade de se formarem na faculdade em presídio de MS

Foto: Agepen
Foto: Agepen

O diploma de nível superior representa uma conquista significativa para qualquer pessoa, mas para aqueles que cumprem pena em um ambiente prisional, essa realização pode ter um sabor ainda mais doce. Neste contexto, destacamos a história inspiradora de Natiela Aparecida Souza Fernandes, reeducanda de 36 anos, que acaba de concluir a faculdade de Tecnólogo em Serviços Jurídicos Cartorários e Notariais no Estabelecimento Penal Feminino Irmã Irma Zorzi (EPFIIZ), em Campo Grande, onde está reclusa há aproximadamente sete anos.

Natiela, a primeira reeducanda a alcançar esse feito no EPFIIZ, compartilha que retomou os estudos ainda no ensino fundamental dentro do presídio, progredindo posteriormente para o ensino médio. Graças ao seu empenho e excelentes notas, ela teve a oportunidade de ingressar na faculdade de forma gratuita, proporcionada pela parceria entre a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Kroton e Fundação Pitágoras/Cogna.

“O estudo é a base de tudo, e parte de nós essa vontade de querer ser diferente. Com esse diploma, vou ter melhores oportunidades no mercado de trabalho, o que vai me ajudar a cursar a faculdade de Direito, que é o meu sonho. Agora é vida nova”, expressou Natiela durante a solenidade de formatura.

O projeto educacional, que oferece ensino superior gratuito e à distância no sistema prisional do Estado, é resultado da iniciativa conjunta entre a Agepen, CNJ, Kroton e Fundação Pitágoras/Cogna, sendo o EPFIIZ a unidade pioneira nessa empreitada.

A cerimônia de formatura, organizada pelo Setor de Educação da unidade prisional, homenageou as reeducandas que concluíram os três níveis de ensino: fundamental, médio e superior. Natiela dedicou sua conquista à filha de 16 anos, destacando a oportunidade de mostrar que, apesar dos erros cometidos, é possível mudar.

Assim como Natiela, outras mulheres reclusas têm encontrado na educação uma ferramenta de transformação e renovação da esperança. Kalinka Garbeline Prado, 42 anos, que está concluindo o ensino médio, expressou seu desejo de cursar Enfermagem, vislumbrando uma nova vida construída através do aprendizado adquirido no cárcere.

Interna Kalinca com a policial penal Ana Lúcia/Agepen

O EPFIIZ é reconhecido pela Secretaria Nacional de Políticas Penais como uma das unidades prisionais do país que mais promove atividades educacionais simultâneas. A diretora do presídio, Mari Jane Boleti Carrilho, destacou o empenho da equipe de servidores, especialmente da responsável pelo Setor de Educação, policial penal Ana Lúcia Coinete, e a dedicação dos professores envolvidos no processo educacional.

Neste ano, o EPFIIZ registrou o maior número de concluintes, com 13 no ensino fundamental, 11 no ensino médio e uma no ensino superior. A diretora ressaltou que, embora algumas reeducandas tenham progredido de regime, conquistado a liberdade ou sido transferidas, o resultado é significativo e representa um momento especial para todas.

Dados da Divisão de Assistência Educacional da Agepen revelam que, em Mato Grosso do Sul, cerca de 4,3 mil custodiados cursaram ensino formal em 2023, abrangendo fundamental, médio, superior e pós-graduação. Além disso, 9.828 pessoas em privação de liberdade tiveram acesso a cursos profissionalizantes.

O diretor-presidente da Agepen, Rodrigo Rossi Maiorchini, presente na solenidade de formatura, destacou a importância da educação como ferramenta de ressocialização, promovendo cidadania e realização de sonhos para os internos e internas do sistema prisional do Estado.

A cerimônia de formatura, que contou com a presença de diretores, chefias da agência penitenciária, professores e representantes das instituições de ensino envolvidas, reafirmou o compromisso do sistema prisional com a transformação de vidas por meio da educação.

Com informações da Agepen

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