Estigmas e preconceito afetam a produção de dados sobre LGBTQIAP+

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A produção de dados oficiais sobre a população LGBTQIAP+ teve um marco inédito no ano de 2022 com a divulgação da 1ª contagem populacional de homossexuais e bissexuais no PNS (Pesquisa Nacional de Saúde) realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

De acordo om ativistas e pesquisadores, mesmo com o avanço, a subnotificação ainda é alta e mostra que o caminho do reconhecimento é longo e que há temores e estigmas que levam esses grupos a muitas vezes esconderem suas identidades.

A pesquisa, divulgada em maio, contabilizou 2,9 milhões de homossexuais e bissexuais no Brasil. Mas de acordo com a analista do IBGE, Nayara Gomes, é preciso cuidado ao considerar esse número. “A gente não está afirmando que existem 2,9 milhões de homossexuais ou bissexuais no Brasil. A gente está afirmando que 2,9 milhões de homossexuais e bissexuais se sentiram confortáveis para se autoidentificar ao IBGE como tal”.

Ainda de acordo com o Instituto, o estigma e o preconceito por parte da sociedade são fatores principais que fazem com que as pessoas não se sintam seguras em divulgar e declarar a própria orientação sexual.

O professor do Instituto de Psicologia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e representante do Conselho Regional de Psicologia no Conselho Estadual dos Direitos da População LGBT, Pedro Paulo Bicalho, considera que qualquer dado produzido sobre a população LGBTI+ sempre estará sujeito à subnotificação, enquanto o contexto social incluir violências e estigmas contra a diversidade de identidades de gênero e de orientações sexuais.

O psicólogo defende que um ponto importante é estabelecer relação de confiança da pesquisa com a população LGBTQIAP+, para que ela acredite na finalidade do estudo e no aproveitamento dos dados para produzir uma vida melhor.

Censo

De acordo com o diretor de políticas públicas da Aliança Nacional LGBTQIAP+, Cláudio Nascimento, a falta de dados faz com que as demandas desse grupo não sejam comtempladas como deveriam. É muito grave que hoje exista um apagão de dados oficiais no Brasil que interfira de maneira estratégica na produção de políticas para a comunidade LGBTI+”.

Cláudio Nascimento considera que um passo importante nesse sentido teria sido a inclusão de perguntas no próximo Censo que pudessem gerar mais dados, ainda que possivelmente subnotificados. “A inclusão da população LGBTI+ no Censo vai além de saber quantos somos. É preciso qualificar a análise da inclusão ou não da população LGBTI+ em diversas políticas, como acesso à educação, saúde, nível de emprego, formação profissional, condições de moradia”, afirma.

Questões relacionadas a identidade de gênero e orientação sexual estão previstas pelo IBGE entre os tópicos da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), no primeiro trimestre de 2023; da Pesquisa Nacional de Demografia em Saúde (PNDS), prevista para o segundo trimestre de 2023; da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), que deverá ser realizada em 2024; e da próxima edição da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF).

Com informações da Agência Brasil

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