Tendo como morada o tanque “Corredeiras da Amazônia”, no Bioparque Pantanal, o Hypancistrus sp., conhecido como cascudo-angelicus foi a atração de um feito inédito. Sendo o primeiro registro da espécie no Brasil, que potencialmente pode ser ameaçado de extinção, os peixinhos conseguiram se reproduzir novamente no aquário.
Já aconteceram duas desovas dos cascudinhos. A primeira foi em agosto de 2022 e resultou no nascimento de 22 filhotes. A outra ocorreu em outubro, onde nasceram 28 peixes. Essas reproduções ocorreram em uma caverna artificial e tiveram como cuidador o macho da espécie, de acordo com o biólogo e curador do Bioparque Pantanal, Heriberto Gimênes Junior.
“O macho que cuida da desova, ele prende a fêmea dentro da caverna, ela desova, ele a expulsa e fica cuidando por um período de até 12 dias, mais ou menos”, explicou o profissional.
Heriberto também esclareceu que o cascudo-angelicus está próximo de ser ameaçado de extinção por causa dos impactos causados pelas implantações de hidrelétricas onde a espécie vive, já que eles habitam águas mais oxigenadas, que são as regiões de corredeiras. As barragens interrompem o fluxo natural das águas, transformando o local em um ambiente de água parada, alterando inclusive a qualidade da água. Um outro fator que põe o cascudo em risco é a sobrepesca.
De acordo com o biólogo, o Bioparque Pantanal é o único complexo de água doce que detém o protocolo de reprodução da espécie no país, por isso as desovas ocorrem no aquário. “Hoje nós somos os únicos que conseguimos reproduzir esse bicho em cativeiro. Pensando em futuros repovoamentos ou trabalhos, seremos os únicos capazes de trabalhar na conservação da espécie no Brasil”, pontuou.
Além dos cascudos, outras 24 espécies já se reproduziram no Bioparque. As iniciativas fazem parte dos trabalhos do Centro de Conservação de Peixes Neotropicais do Bioparque Pantanal (CCPN), responsável pela criação de protocolos e aplicação de técnicas de reprodução com o objetivo de solucionar os problemas de conservação das espécies, geralmente enquadradas no elevado risco de extinção ou potencialmente ameaçadas.
“A pesquisa e a conservação tratam-se de pilares que sustentam o Bioparque Pantanal em razão da importância na manutenção da vida. Aqui priorizamos a reprodução de espécies ameaçadas de extinção e em potencial ameaça a fim de garantirmos uma população reserva e uma variabilidade genética para essas espécies”, explicou Maria Fernanda Balestieri, diretora-Geral do complexo.
O CCPN é pioneiro no mundo em relação a reprodução dos cascudos ornamentais, tendo 40 espécies como alvo. Um dos destaques da iniciativa é o cascudo-viola (Loricaria coximensis), um peixe pantaneiro ameaçado de extinção e que pode ser visto no tanque “Ressurgência”.
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