Cotolengo Sul-Mato-Grossense conta histórias de médicos voluntários no Dia do Pediatra

Foto: Divulgação
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No dia em que se comemora o Dia do Pediatra, dia 27 de julho, diversas histórias de vida podem ser ouvidas e emocionam muitos que conhecem a profissão e até mesmo os que estão na profissão. Entre as histórias de vida, uma delas é do médico pediatra que há 12 anos atua como voluntário na Cotolengo Sul-Mato-Grossense.

Formado há 47 anos, o médico – que prefere não se deixar revelar pois encara  o voluntariado como um trabalho que não precisa de nomes ou fotos – conta que se dedica à causa e hoje com 80 de idade diz que optou pelo atendimento às crianças com paralisia cerebral depois da morte do seu único filho, Renato, na época com 24 anos e que também tinha paralisia cerebral.

“Meu único filho, ele mudou totalmente a minha vida. Tudo o que sou hoje, devo à ele. Eu trabalho hoje por amor ao Renato. Vejo um pedacinho dele em casa, história e respeito às mães das crianças com um carinho enorme, como se fossem filhas ou sobrinhas sabe, alguém bem próximo. Porque eu sei da luta delas”, relata o médico.

Apesar de aposentado, ele faz questão de manter os atendimentos às segundas, quartas e sextas-feiras na entidade. Segundo ele, o filho foi, acima de tudo, um grande presente de Deus. “Quem tem um filho assim, faz de tudo por ele”, explica.

O pediatra lembra que tudo mudou em sua vida desde o início e lidar com as dificuldades da vida torna as pessoas mais humanas. “Era quase nada. Eu acredito que quando Deus dá um filho assim para o pai e a mãe, está dando na verdade uma oportunidade de aprender todos os dias e melhorar”. O médico lembra que apesar do bem que faz ao atender as famílias pela entidade, o grande beneficiado é ele. “A alegria de ser útil é imensurável”.

In Memorian – No ano passado, além da própria família, o Cotolengo Sul-Mato-Grossense e muitas outras famílias perderam outro pediatra tão querido quanto o doutor oculto. Doutor Virgílio Gonçalves Souza Júnior, 52 anos, enxergava a pediatria como um verdadeiro sacerdócio. Ele faleceu vítima de Covid-19, deixando para trás uma imensidão de saudades.

O arquiteto Gabriel Bahia de 27 anos, filho mais velho do médico e irmão de Victor Bahia, 22 anos conta que o pai era uma pessoa muito querida por todos, seus familiares, seus amigos, colegas de trabalho, pelos seus pacientes. “Uma das coisas que eu mais admirava no meu pai era a inteligência, todo mundo pedia conselhos pra ele antes de qualquer tomada de decisão importante da vida. Sabia de muitas coisas, era muito estudioso e acordava todos os dias, às quatro da manhã para estudar pediatria , para ser o melhor no que ele fazia. E esse compromisso que ele tinha consigo mesmo desde o início da carreira dele de se tornar um profissional melhor, uma pessoa melhor, acaba refletindo no legado que ele nos deixou. No que deixou para a sociedade e principalmente para as pessoas que o admiravam”.

Homenagem – Quem também prestou sua homenagem ao médico, foi sua irmã, Lívia: “Para nossa família o Virgílio sempre foi chamado de ‘Junior’, forma um tanto quanto contraditória devido ao seu “tamanho”. Gigante não só no tamanho, mas inclusive em seus feitos e assim sempre foi a grande referência para toda a família. Seguindo o seus passos e suas orientações, me tornei enfermeira, pois foi ele quem despertou em mim a vontade de seguir na área da saúde. Virgílio sempre pegou na minha mão e me conduziu a cada passo, motivando-me a realizar concursos públicos para os quais fui aprovada, inclusive por seus ensinamentos. Além de irmãos, éramos parceiros de trabalho e lutamos bravamente durante a pandemia do Covid-19 na linha de frente da maior UPA de Campo Grande. Em muitos momentos de cansaço excessivo ele sempre me reerguia com suas palavras e dava-me força para não desistir. Para mim, seu maior legado foi o foco no estudo, bem como a ajuda aos mais vulneráveis e pelo Cotolengo investiu grande parte das suas forças para que se tornasse um grande sonho concretizado. Daqui seguimos dando continuidade aos seus grandes ensinamentos pelos nossos e por quem mais necessita. Somos imensamente gratos pelos presentes que Virgílio nos deixou, que são a sua esposa, Eliane, e seus filhos Gabriel e Victor”.

Voluntariado – O trabalho voluntário é fundamental para ajudar a manter a entidade e ressalta a dedicação dos médicos como ponto alto de toda a obra, conta o diretor-presidente do Cotolengo, padre Valdeci Marcolino “Entendemos que alguns, inclusive, não queiram se revelar, apostando no voluntariado como uma missão que não precisa ser divulgada. É compreensível. Mas também gostaríamos de dizer que a passagem do doutor Virgílio por nossa casa nos emociona e deixa muitas saudades, por conta de um trabalho que era desempenhado com tanto amor e dedicação”.

*Com informações da Assessoria

 

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