Bolsas de sangue do Ceará trazem alívio para famílias e um alerta para o Estado

Divulgação/governo do Estado MS
Divulgação/governo do Estado MS

No ano passado, o Hemocentro regulador da Capital obteve redução de 5 mil bolsas doadas

Apesar da incerteza quanto à definição da data de chegada das bolsas de sangue doadas pelo Estado do Ceará para o centro local, a notícia representa uma vitória a todas as famílias que buscam e aguardam por doadores em Campo Grande, além de um alerta para todo o Estado sobre a necessidade de ampliar as doações para quem precisa.

Diagnosticado com leucemia pela primeira vez em 2018, Renato Chermont já precisou de doações de sangue e plaquetas anteriormente. Há duas semanas atrás, Renato recebeu o segundo diagnóstico relatando a reincidência da doença. A irmã, Paula Chermont, conta que foi um tratamento bastante difícil, mas que Renato encontrou um doador de medula compatível e fez o transplante de medula em dezembro/18 em Jaú-SP.

“O doador foi anônimo, daí a importância de se cadastrar no banco de doadores de medula também. Depois do transplante o Renato não precisou mais de sangue e nem plaquetas, vindo precisar somente agora, com o novo diagnóstico de leucemia, que aconteceu há duas semanas atrás”, relata Paula Chermont.

Assim como da primeira vez, Paula faz uso das redes sociais para encontrar doadores de sangue. Ela relata que depois do pedido nas redes sociais muitas pessoas se mobilizaram pra ir doar, inclusive amigos que nunca doaram e amigos de fora do país entraram em contato com parentes aqui do Estado para informar sobre a situação. Para Chermont, toda vez que alguém se mobiliza a doar é uma demonstração de amor.

“Toda vez que alguém se mobiliza pra doar, manda uma foto, fala pra gente que foi, é uma demonstração de amor muito grande, é como eu falo pra todo mundo que vem falar comigo: se não ajudar o meu irmão, vai, com certeza, ajudar outras pessoas, e isso que importa! Então dá até uma esperança nas pessoas ainda, mesmo nesses tempos tão egoístas que a gente vive”, comenta.

As 217 bolsas de sangue vindas do Ceará simbolizam uma conquista para as famílias. Para a de Chermont, receber bolsas de outro estado é um alento para quem precisa e um alerta para o Estado. “Justamente por isso, meu irmão e minha cunhada (Fabiana, esposa dele) pediram pra divulgar o pedido de doação de sangue pra ajudar não só o meu irmão, mas o Hemosul”, informa Paula.

O Hemosul vem passando por baixa nas doações desde o início da pandemia. A instituição afirmou que, somente em 2020, a redução foi de 5 mil bolsas, queda que representa as arrecadações de um mês de doações, e em razão disso não estão conseguindo manter os estoques dentro dos limites seguros. Por conhecer as dificuldades, Paula deixa uma mensagem de empatia.

“A gente precisa às vezes passar por uma situação ruim pra saber da importância e começar a valorizar mais um gesto simples como a doação de sangue. Então se você tá saudável hoje, pode não estar amanhã e precisar também”, conclui.

As redes sociais foram o local escolhido por Elisabeth Coelho, 64 anos, aposentada, a fim de pedir ajuda e doações para seu filho, Marcus Vinicius Romero, que no dia 16 deste mês recebeu a notícia de que a sua cirurgia para retirada de um tumor havia sido suspensa por falta de bolsas de sangue.

“A angústia foi muito grande, porque meu filho já estava internado no hospital dias antes da data para realizar o procedimento, que por si só já é demorado. No dia marcado para a cirurgia, ele me ligou avisando que recebeu alta pois precisava de doadores de sangue O+”, relembrou.

Sem o estoque no hemocentro da Capital, amigos e familiares encontraram nas redes sociais o local que lhes trouxe esperança para a realização do procedimento, reagendado para o dia 30 deste mês. Após conseguir as três bolsas necessárias, a família entendeu que poderia continuar as buscas para ajudar outras pessoas.

“Meus amigos me instigaram a usar as redes sociais para encontrar doadores. Hoje, entendo que podemos olhar além da necessidade do meu filho e conseguir alcançar mais pessoas para que também contribuam para aqueles que precisam da doação de sangue”, destacou.

Critérios

Para ser doador de sangue, é preciso estar descansado, bem alimentado e hidratado. Com idade entre 16 e 69 anos, ter 55 kg ou mais, não estar gripado ou apresentar sintomas de doenças respiratórias. O doador precisa portar documento oficial com foto, estar em boas condições de saúde e, caso tenha se vacinado, esperar 48h se o imunizante for CoronaVac e sete dias se foi vacinado com a Pfizer, AstraZeneca ou Janssen.

Isabela Assoni e Michelly Perez

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