População da Capital acredita que com novas flexibilizações uso de máscaras se torne menor

Reprodução/Arquivo TN
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Apesar do decreto reforçar a obrigatoriedade, campo-grandenses temem o desrespeito

Logo nos primeiros parágrafos do decreto publicado pela Prefeitura de Campo Grande, ontem (17), o município afirma que o uso de máscara entre a população continua sendo obrigatório em todos os locais. Porém, para a população da Capital, as flexibilizações apontadas no texto podem dar a impressão de que a pandemia acabou e a utilização do EPI (equipamento de proteção individual) pode ser deixada cada vez mais de lado.

É o que o aposentado Wellington Nazaré, de 68 anos, acredita. “A população vai deixar de usar máscara, porque a cultura do brasileiro é muito pequena, ele faz sempre o oposto do que mandam. Aqui no Centro já tem um monte de gente sem máscara”, apontou.

O idoso contou que foi diagnosticado com COVID-19 no ano passado e chegou a ficar quatro dias internado, e por conta disso acha que ainda não é momento para flexibilizações. “É muito cedo para liberar, ainda mais que a delta está aí. Tinha de continuar com as restrições, desde que não feche o comércio. Eu acho que assim a população acha que a pandemia acabou e essa pandemia não acaba agora, é daqui dois ou três anos, e olhe lá”, disse.

Mariana Oliveira, que é dona de casa, acha que já estava na hora de flexibilizar, mas também acredita que o uso de máscara será deixado de lado, mesmo que o município determine o contrário. Ela acredita que retirar o limite de lotação dos estabelecimentos e permitir eventos tem dois lados: “Por um lado é bom porque é sinal que já amenizou bastante a situação da pandemia. Mas, por outro lado, também é ruim porque eu acho perigoso voltar tudo como estava antes [lotação de hospitais]”, comentou.

Apesar de comemorar a melhora nos indicadores da pandemia, a opinião da assistente administrativo-financeira Luciana Lira é de que as flexibilizações totais ainda não deveriam acontecer para não dar a impressão de que a vida voltou ao normal. “É inevitável, jamais em eventos lotados de pessoas o pessoal usará máscara. Essa liberação, para mim, dá a impressão de que a pandemia acabou e eu acredito que ela ainda não acabou. A gente deveria comemorar [a melhora], mas continuar cuidando, cumprindo todos os protocolos de segurança. Vida normal não vai existir tão cedo, na minha opinião.”

Para o infectologista Júlio Croda é difícil estimar se o decreto vai impactar no uso de máscara entre as pessoas, mas, segundo ele, a população já está com a sensação de que a pandemia terminou. “A população voltou a vida normal, então a gente espera que não tenha um aumento de casos e que a vacinação avance rápido”, ressaltou.

Croda afirma que ainda não é o momento para essas flexibilizações. “A gente deveria estar com cobertura vacinal de 80% para começar a pensar em mais flexibilizações. Temos de ficar bastante atentos e entender qual vai ser o impacto disso. Por enquanto o cenário é bom em todo Estado e não deixa de ser diferente em Campo Grande. Importante entender se os protocolos vão ser seguidos, se a população vai continuar utilizando máscara, mantendo distanciamento e é super importante que ainda mantenha algumas medidas preventivas”, alertou.

Decreto

O decreto publicado ontem (17), pelo prefeito Marquinhos Trad, revogou várias medidas que foram adotadas durante a pandemia. Entre elas foi liberada a lotação máxima em eventos e comércios em Campo Grande.

De acordo com o decreto, ainda é obrigatória a utilização de máscaras em todos os locais, exceto durante atividades físicas e esportivas em geral, consumo de bebidas e alimentos, para crianças menores de 4 anos e para pessoas com deficiência intelectual ou transtornos psicossociais que não consigam utilizar o EPI (equipamento de proteção individual).

O texto afirma que estabelecimentos e atividades econômicas e sociais são obrigados a manter o distanciamento seguro entre as pessoas, disponibilizar álcool 70%, de preferência gel, realizar o controle de fluxo de pessoas na entrada e no interior do estabelecimento, manter as portas e janelas abertas para melhorar a ventilação, intensificar a higienização do ambiente e manter limpos os sistemas de climatização dos aparelhos de ar-condicionado.

No decreto foram elencados oito estabelecimentos e atividades que devem obedecer aos planos de biossegurança, como atividades educacionais, shopping centers, teatros e cinemas.

Mariana Ostemberg

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