Corumbá lidera ranking nacional de maior número de focos de calor e MS decreta emergência
Caminhando para a maior tragédia dos últimos anos, Pantanal apresenta perdas significativas para o Estado. Neste final de semana, o Estado recebeu reforço de mais três aeronaves do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) e quatro aeronaves de grande porte do Exército, além disso, a Força Nacional enviou 50 militares para auxiliarem no combate. Perante toda a situação de desastre, Governo de Mato Grosso do Sul decreta situação de emergência por 180 dias aos municípios afetados por incêndios florestais.
Publicado ontem (24), no Diário Oficial do Estado, o decreto entrou em vigência em função de vários fatores, entre eles o período de seca que o Estado vem enfrentando, com estiagem prolongada em grande parte do território, o que acarretou aumento exponencial dos focos de calor. Também os impactos das queimadas para agropecuária pantaneira, com prejuízos expressivos, calculados em R$ 17.247.666,86, entre os dias 10 de abril e 12 de junho de 2024, ou seja, esse valor pode ser superior. Além da perda econômica, projeta-se na questão ambiental, em relação a vegetação, solo, fauna, bens materiais e segurança da vida humana.
Neste período fica autorizado a mobilização de todos os órgãos estaduais para atuarem sob a coordenação da Defesa Civil do Estado, em ações que envolvem resposta ao desastre, reabilitação do cenário e reconstrução. Em caso de risco iminente, os agentes poderão adentrar as casas para prestar socorro, determinar a evacuação e usar propriedade particular. Ficam dispensadas as realizações de licitação nos casos de emergência ou calamidade pública, quando caracterizada a urgência para não comprometer a continuidade dos trabalhos (públicos), em relação a obras, aquisição de equipamentos e serviços.
Vale lembrar que no dia 6 de fevereiro de 2024, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, declarou Estado de Emergência Ambiental entre os meses de março e outubro de 2024 para o Estado de Mato Grosso do Sul.
União de forças
O Governo de Mato Grosso do Sul está com várias frentes de atuação para combater os incêndios florestais, as equipes estão fazendo um trabalho coordenado e integrado pelo ar (aeronaves e helicópteros) e no solo, com bombeiros, brigadistas e a cooperação dos pantaneiros, para chegar aos locais com foco de incêndio e realizar o combate. Este trabalho articulado tem o uso de tecnologia de ponta para identificar os focos e assim direcionar as equipes para combater os incêndios.
As equipes operam com três helicópteros e uma aeronave Air Tractor no Pantanal. Contudo, com o agravamento da situação, o governo estadual pediu ao governo federal reforço para auxiliar no combate aos incêndios, que enviaram mais três aeronaves do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) e outras quatro aeronaves de grande porte do Exército, além de efetivos da Força Nacional.
O avião Air Tractor, utilizado há três anos em operações de combate a incêndios em todo o Mato Grosso do Sul, tem capacidade de transportar até 3 mil litros de água para áreas de difícil acesso, encurtando assim o tempo de resposta contra o fogo.
“Também temos um tanque de 20 mil litros, que através de uma motobomba a gente completa nosso avião com 3 mil litros em cada carga. Depois partimos para fazer os alijamentos [soltar a água] nos pontos pré-determinados”, explica o capitão Jonatas Lucena, do GOA (Grupamento de Operações Aéreas).
O reforço foi encaminhado para Corumbá, cidade que concentra a logística de combate ao fogo na região pantaneira de Mato Grosso do Sul. “Foi confirmado o deslocamento de duas aeronaves Air Tractor e mais um helicóptero para apoiar o combate no Pantanal. Este pedido nosso foi apresentado na semana passada durante reunião com Ministério do Meio Ambiente, em Campo Grande”, explica o secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento, Jaime Verruck.
Foram investidos R$ 50 milhões na estrutura de combate aos incêndios florestais no Pantanal, incluindo a instalação de 13 bases avançadas dos Bombeiros em solo pantaneiro para reduzir o tempo de resposta. Além disso, a Lei do Pantanal também foi articulada, elaborada, aprovada e está em execução pelo Governo.
Focos de calor
O Brasil é o segundo país com mais focos de calor no mundo, perdendo apenas para a Venezuela. De acordo com o Programa Queimada do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), ao todo, são 33.368 registros de incêndios no território nacional, desses o estado de Mato Grosso do Sul se classifica em terceiro lugar, com 3,744, ou seja, 11,2% das áreas de incêndio do país, a maior parte se concentra em Corumbá, com 2.141 focos, sendo o maior registro em uma única cidade. Mato Grosso lidera o ranking nacional, com 8.175 e Roraima se posiciona em segundo lugar, com 4.627.
Quando analisamos o último mês, o Estado se destaca com o aumento do número de focos de incêndio, com adição de 2.481, somente em junho de 2024. Em um comparativo, no mesmo período, de janeiro até junho, houve um aumento de 420% em relação ao ano passado, quando marcava 719 focos. Seguindo a mesma relação de tempo, 2024 ultrapassa o recorde, de 2020, quando eram 2.623 focos de calor.
Por Inez Nazira
Confira as redes sociais do O Estado Online no Facebook e Instagram
Leia Mais
Nova iluminação de LED traz segurança e sustentabilidade ao Parque dos Poderes